Um homem de 29 anos foi preso e levado para o Ceresp após sua companheira, também de 29 anos, ter caído do segundo andar do imóvel onde mora, na Avenida Rui Barbosa, no Bairro Santa Terezinha, Zona Nordeste de Juiz de Fora. O caso aconteceu no início da noite de quarta-feira. Como havia relatos de uma briga entre o casal minutos antes da queda, o homem, também de 29 anos, foi detido pela Polícia Militar e encaminhado à 1ª Delegacia Regional, onde teve o flagrante confirmado por lesão corporal grave. As informações foram divulgadas ontem pela assessoria da Polícia Civil.
A mulher foi socorrida pelo Samu e levada consciente para o Hospital de Pronto Socorro (HPS). De acordo com a assessoria de Secretaria de Saúde, ela sofreu fratura em uma das pernas e está internada na enfermaria lúcida e orientada.
Segundo informações do boletim de ocorrência registrado pela PM, a vítima relatou que havia entrado em atrito verbal com seu companheiro e, após os ânimos se exaltarem, os dois partiram para vias de fato. Ela acrescentou que foi agredida com diversos socos e empurrada pelo homem, desequilibrando-se e caindo da janela de sua residência, que fica no segundo andar de um sobrado. Antes de cair em via pública, ela ainda teria batido com o corpo em uma sacada.
Conforme a PM, a violência doméstica foi presenciada pela avó da mulher, 72, que desmaiou diante da cena. A idosa disse aos militares que tentou intervir, mas não conseguiu evitar as agressões e viu sua neta se desequilibrando e caindo pela janela. Ela acrescentou que tentou segurá-la, mas não obteve êxito em impedir a queda. A idosa sofre de pressão alta e foi socorrida por vizinhos, sendo medicada e permanecendo sob os cuidados de familiares.
Já o companheiro da vítima negou as agressões e alegou que a mulher teria tentado suicídio em outras ocasiões. Ele disse que a discussão teria sido motivada por uma obra que estão fazendo, e que a vítima teria pulado a janela após ser impedida por ele de agredir a própria avó. O homem recebeu voz de prisão em flagrante. O caso segue em investigação na Polícia Civil.
Assistência às vítimas
O episódio de violência doméstica chamou atenção da coordenadora da Casa da Mulher, Maria Luiza Moraes. De acordo com ela, é lamentável que casos assim ainda aconteçam na sociedade, principalmente em tempos de empoderamento feminino e campanhas sobre a não violência contra a mulher. Em entrevista à Tribuna, ela esclareceu que o fato não chegou à Casa e lembrou que qualquer pessoa da família ou conhecido poderia ter denunciado, caso tenha percebido que a relação era abusiva e apresentava sinais de descontrole.
A pouca idade da vítima também é um sinal de alerta para a coordenadora, pois, segundo ela, mulheres mais velhas tendem a ser submissas à violência por parte do companheiro por questões culturais, dependência financeira e medo de julgamento da sociedade e não para alguém jovem, que está inserido no contexto de informação difusa.
“Devido à gravidade, essa não deve ser a primeira vez que o casal chegou as vias de fato. Nós temos uma patrulha formada por uma policial mulher e um policial homem que, após denúncias, por parte da vítima ou de algum conhecido, vai até o endereço e verifica os fatos narrados. Caso a situação de violência doméstica seja constatada, os próprios policiais fazem o encaminhamento.” A coordenadora acrescenta que o denunciante pode solicitar anonimato.
Em casos como esse, Maria Luiza orienta que, após a recuperação da vítima, ela deve procurar a Casa da Mulher, que oferece orientação com psicólogos, equipe de serviço social, além do trabalho dos policiais militares e civis. “A Casa é específica para atender vítimas de violência doméstica e estamos de portas abertas. As mulheres precisam ter coragem e denunciar para que fatos assim deixem de ser realidade em nosso cotidiano e sejam desnaturalizados”, pontuou.
A ocorrência, registrada na noite de quarta-feira, deverá ser investigada inicialmente pelo delegado Márcio Savino Lopes, que responde interinamente pela 7ª Delegacia, como informou a assessoria da Polícia Civil.