Uma mulher, de 48 anos, foi brutalmente assassinada com múltiplas facadas, no fim da tarde de domingo (26), no Bairro Grajaú, Zona Sudeste de Juiz de Fora. Após golpear a companheira dentro do apartamento onde moravam, o suspeito, 36, cravou a faca contra o próprio peito. Com o pulmão perfurado, ele foi socorrido e encaminhado ao HPS, onde permaneceu internado sob escolta policial. A vítima, identificada como Patrícia Romano, teve o óbito confirmado pelo Samu.
O feminicídio, praticado às vésperas do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, aconteceu na Rua Elói Praxedes. Segundo informações do boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar, vizinhos ouviram gritos com pedidos de socorro. Quando viaturas chegaram ao endereço, o Samu já estava no local.
Uma mulher contou aos militares ter visto o suspeito saindo e retornando ao apartamento logo em seguida, com uma faca cravada no peito, na altura do coração, apresentando sangramento. Os policiais seguiram até a unidade residencial e tentaram contato com o morador, mas não obtiveram resposta. Diante da gravidade do fato, a porta foi arrombada, e Patrícia foi encontrada caída ao solo, ensanguentada. Ela foi atendida pelo Samu, mas já estaria sem sinais vitais.
Já o suspeito foi localizado no quarto, sentado sobre a cama, com a faca ainda fixada no tórax. Ele foi socorrido pela equipe e, ao ser questionado sobre o crime, teria confirmado que havia esfaqueado a mulher, acrescentando ter se autolesionado porque queria morrer. Ele recebeu voz de prisão em flagrante pelo homicídio e ficou sob cuidados médicos no HPS, onde foi submetido a cirurgia. A assessoria da Secretaria de Saúde informou na tarde desta segunda-feira (27) que o paciente tem quadro estável e respira sem a ajuda de aparelhos.
Um perito da Polícia Civil realizou os levantamentos na cena do crime e constatou várias perfurações à faca no corpo da vítima, encaminhado para necropsia no Posto Médico Legal. Ainda conforme a PM, uma vizinha ficou responsável por cuidar do cão que morava na mesma residência. Após a cirurgia no suspeito, a polícia apreendeu a faca usada na ação criminosa e a lâmina de outra arma branca usada na autolesão.
Homem já havia ateado fogo em casa
Há quase um ano, Patrícia já havia sido agredida violentamente pelo companheiro, que chegou a atear fogo em casa na mesma ocasião. De acordo com o registro policial feito na noite de 20 de março do ano passado, a vítima foi encontrada dentro de um estabelecimento comercial, situado ao lado de sua residência. Ela relatou à PM que seu namorado havia lhe agredido com socos na cabeça. Em seguida, a mulher caiu ao solo, sofrendo um corte na parte posterior do crânio.
A vítima acrescentou que o suspeito estaria no interior da residência ateando fogo. Os militares avistaram grande quantidade de fumaça saindo do imóvel, na Rua Geraldo Marini, e solicitaram apoio do Corpo de Bombeiros e do Samu.
O homem foi visto no quintal da casa, em cima de um muro, segurando duas facas nas mãos e gritando que iria tirar a própria vida. Os policiais tentaram acalmá-lo e convencê-lo a soltar as facas e a descer, mas ele não teria acatado as ordens. Muito nervoso, enquanto gritava e xingava, ele teria começado a cortar seus pulsos e, em seguida, atirado uma das facas em direção aos policiais, passando a esfaquear seu próprio pescoço, até cair da altura devido à perda de sangue.
Na sequência, ele retornou para cima da estrutura a fim de evitar ser detido pela PM, mas caiu do telhado de imóvel vizinho e foi socorrido pelas equipes dos bombeiros e do Samu. A vítima também foi levada para o hospital, com lesão na cabeça e edema no crânio. Após intenso trabalho, os bombeiros conseguiram controlar as chamas, as quais colocaram em risco casas próximas.
Feminicídios e tentativas aumentam 6,5% em Minas
Mesmo diante de tantas campanhas sobre a violência contra a mulher, os feminicídios aumentaram 6,5% em Minas, na comparação entre os dois últimos anos, conforme dados abertos da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Houve 336 casos, entre consumados e tentados, em 2021, e 358 em 2022 (dados de dezembro são parciais). As tentativas de feminicídio tiveram maior incidência, com 181 e 195 ocorrências, respectivamente, crescendo 7,7%, enquanto os crimes que resultaram em mortes tiveram 155 e 163 registros, nesta mesma sequência, indicando acréscimo de 5,1%.
Juiz de Fora acompanhou a tendência de crescimento do estado: houve três feminicídios e cinco tentativas no ano passado, enquanto em 2021 duas mulheres haviam sido mortas e outras três haviam sofrido atentados por violência doméstica ou discriminação de gênero.