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Ônibus da GIL estão fora de circulação em Juiz de Fora

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Vans circulavam pelas ruas de JF durante a tarde (Foto: Fernando Priamo)
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Os ônibus da GIL não circulam nesta quinta-feira (26) em Juiz de Fora. A informação do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro) é de que os funcionários compareceram ao trabalho, mas os veículos não saíram da garagem por decisão da empresa. A Tribuna tentou contato com a GIL, mas não foi atendida. A assessoria da Astransp informou que não irá se posicionar sobre o assunto. Na parte da tarde, a Tribuna flagrou vans circulando pela Avenida Getúlio Vargas.

Cerca de 80 trabalhadores aguardam em frente à sede, localizada no Bairro Vitorino Braga, Região Sudeste, uma resposta da direção, que se reuniu durante a tarde. De acordo com o vice-presidente do Sinttro, Claudinei Janeiro, depois do término da reunião, o sindicato foi informado por advogados representantes da empresa que não foi possível chegar a uma decisão, uma vez que alguns dos sócios se ausentaram.  “Uma nova reunião entre os sócios da GIL foi marcada para daqui a sete dias”, informou o sindicalista.

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O imbróglio entre as partes já dura meses, mas ganhou desdobramentos mais complexos na tarde de quarta-feira (25), quando houve a especulação de que a empresa decretaria falência. A informação não foi comunicada oficialmente à categoria, à Astransp ou à Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), mas a realidade vivida nos últimos meses tem criado um cenário de apreensão. “É um histórico de atraso de salários, benefícios e direitos trabalhistas. Estão todos preocupados sobre o que vai acontecer”, informou o vice-presidente.

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Segundo ele, a empresa mantém 598 postos de trabalho, sendo 568 de motoristas e cobradores, alguns com mais de 30 anos de profissão. “A empresa vive uma situação crítica. Nos últimos meses, passamos a realizar campanha de doações de alimentos, pois havia funcionário passando fome”, afirma. “O pessoal chegava para trabalhar, mas não tinha carro para sair, pois há veículos que foram tomados pelo banco.”

Claudinei critica a atuação do Poder Público no caso. “Esperávamos mais apoio da Settra e da Prefeitura neste momento difícil para os trabalhadores.”

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Prefeitura reporta situação ao TRT

De acordo com a assessoria de imprensa da Settra, a GIL vem descumprindo a determinação dada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de manter a frota mínima de 50% em circulação na cidade. “Desta forma, já informamos ao Tribunal sobre o descumprimento, e as vans seguem autorizadas a atender as linhas feitas pela empresa.”

A Tribuna entrou em contato com o Sindicato dos Transportadores Escolares de Juiz de Fora e Região (Sintejur/JF ) para saber sobre o atendimento aos bairros. De acordo com o presidente da entidade, Murilo Giotti, a cobertura desta quinta permanece a mesma desde 1º de novembro, após o setor receber nova autorização da Prefeitura para fazer as rotas da Gil. “São 33 linhas, cobertas por 34 escolares.” Ainda segundo ele, são 11 percursos no Linhares, quatro no Alto Grajaú, quatro no Bairro de Lourdes, três na Vila Alpina e dois no São Benedito. Já os bairros Vitorino Braga, Bom Jardim, Parque Burnier, Retiro e Jardim Esperança recebem uma linha cada.

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Comissão de Urbanismo defende absorção de linhas e mão de obra por outra empresa

Em entrevista à Tribuna, o presidente da Comissão de Urbanismo, Transporte, Trânsito, Meio Ambiente e Acessibilidade da Câmara Municipal de Juiz de Fora, vereador José Márcio Guedes (Garotinho, PV), critica a alternativa adotada pela Prefeitura de autorizar as vans do transporte escolar a suprir as demandas do transporte coletivo urbano. Conforme Garotinho, os membros da comissão legislativa aguardam o desenrolar do imbróglio para intervir junto à Settra. A tendência é que uma reunião com o secretário de Transporte e Trânsito, Eduardo Facio, seja pleiteada, embora não esteja descartada uma convocação de Facio à Câmara para esclarecimentos.

O presidente da Comissão pontua que a autorização concedida às vans escolares para atender os usuários das linhas exploradas pela GIL é insuficiente. “Não é um serviço de transporte regulamentado, não tem um quadro de horários, não é exigido e fiscalizado pela PJF o horário em que as vans circulam, e o sistema de cobrança é no dinheiro. Hoje, grande parcela da classe trabalhadora recebe o vale-transporte em cartão magnético. Esta parcela não consegue pagar na van a sua passagem.” Para Garotinho, o Executivo tem meios legais “para colocar outra empresa atuando nessas linhas, seja do mesmo consórcio ou até de outro”.

Garotinho ainda relembra que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pela Câmara entre 2018 e 2019 para apurar possíveis irregularidades no cumprimento dos contratos de transporte coletivo urbano já apontara a situação fiscal delicada em que se encontrava a GIL. “O relatório da CPI já apontava a dívida da GIL com o Município e a incapacidade financeira da empresa. À época, a GIL não tinha a Certidão Negativa de Débito (CND). Mais ainda: o relatório da CPI sugeriu uma nova licitação. A empresa não tem condições de continuar trabalhando. Ela não tem hoje sustentabilidade financeira para se manter. Os cerca de 600 funcionários da empresa estão sem FGTS depositado, não estão recebendo os seus salários e a população atendida pela empresa está descoberta.”

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De acordo com o vereador, o colegiado deve cobrar a PJF para que não somente as linhas da GIL sejam absorvidas por outra empresa, mas, também, os funcionários vinculados à viação. “A Comissão de Urbanismo entende que a PJF já poderia ter agido de forma conciliadora junto aos consórcios e às empresas, buscando com as outras empresas que ao menos uma delas absorvesse as linhas e a mão de obra. Temos que ter a garantia de oferta do serviço, a garantia de emprego para os trabalhadores, e, como quem é o detentor é a PJF, o Executivo tem o condão de ser o juiz, o conciliador dessas questões.”

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