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Após dois diagnósticos de câncer de mama, servidora pública supera doença

destacada Ariadne Olavo
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Dez anos se passaram depois do último diagnóstico de câncer de mama, e a vida segue tranquila depois de, por duas vezes, Ariadne Vilella de Paula, hoje com 50 anos, ser diagnosticada com a doença. O ano era 2007 quando houve a descoberta do câncer na mama esquerda. Em fevereiro de 2008, exames comprovaram a neoplasia maligna. No mês seguinte, Ariadne retirou parte do seio e deu início à quimioterapia. As sessões seguiram até junho daquele ano. Depois de outras 32 sessões de radioterapia, Ariadne voltou ao trabalho e acreditava estar curada. Seis meses mais tarde, em um dos retornos ao médico para acompanhamento, veio a confirmação não desejada: o segundo diagnóstico do câncer, desta vez na mama direita.

“Levei um susto! Chorei muito! Descobri que estava cheia de microcalcificações. O médico disse que eu teria que fazer uma mastectomia. Confesso que me assustei mais desta segunda vez. O tratamento mais longo foi mais assustador. Para mim, eu estava livre do câncer”.

Neste domingo, na última reportagem da série “Existe Esperança!”, que aborda o câncer de mama, a Tribuna conta a história da servidora pública e mostra, nas próximas linhas, que há vida apesar do câncer. Uma vida leve de quem recebeu a doença e se despediu dela cheia de gratidão e serenidade. Já no próximo domingo, dia 3, tem início as reportagens sobre a conscientização para o câncer de próstata, dentro da campanha “Novembro Azul”.

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Dez anos após receber o segundo diagnóstico, a servidora pública Ariadne é apoio para outras vítimas do câncer (Foto: Olavo Prazeres)

Raspar a cabeça e ter as duas mamas substituídas por próteses teve impacto na rotina de Ariadne Villela. Mas a vontade de viver e ser presente na vida da filha, à época com 9 anos, foi a mola propulsora para que a servidora pública enfrentasse cada consulta, cada dia de tratamento e cada etapa na certeza que aquilo seria passageiro. “No primeiro momento, quando recebi o resultado positivo para a doença, parecia que a morte estava na sua cara. No segundo diagnóstico, a médica disse que eu tinha a opção de retirar as duas mamas. Saí do consultório e fui para casa pensar. Cheguei e já liguei dizendo que queria retirá-las. Assim, eu não ficava com fantasmas de aparecer o terceiro câncer. Eu sou assim, prática. O que tiver que fazer, eu faço”.

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Vaidosa, Ariadne, que sempre manteve os cabelos longos, após a confirmação do câncer, não hesitou em cortar os fios. “Eu fiz quatro ciclos de quimioterapia, a médica disse que em 15 dias após a primeira sessão meu cabelo iria cair. Sempre tive cabelos grandes, mas ela sugeriu que eu cortasse para já ir me adaptando. Fui a um salão e meu cabelo ficou desse tamanhinho”, lembra Ariadne, fazendo o gesto com os dedos e mostrando que os cabelos tinham apenas entre dois a três centímetros.

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“Já saí de lá com uma peruca que tinha luzes vermelhas. No trajeto, durante o encontro com uma amiga, ela disse que meu cabelo estava lindo. Expliquei que não era natural e que estava me tratando do câncer, mas ela não precisava se preocupar pois estava tudo bem. No dia seguinte, quando fui para a quimioterapia, a enfermeira me perguntou se já haviam me explicado que meu cabelo iria cair. Ela não fazia ideia que eu já estava de peruca. ‘Ficou lindo!’, a profissional exclamou”.

“Eu precisava viver, precisava ver minha filha crescer”

O câncer foi só um obstáculo superado. Ariadne tratou a doença apenas como mais uma. Ainda que, inicialmente, ela tivesse a sensação de a morte estar mais próxima dela do que de qualquer pessoa, ela precisava se curar. Por isso, cada segundo ao lado da filha é marca da superação.”Eu necessitava ver minha filha crescer. Isso foi o que me motivou a ir rompendo cada fase, sempre pensando nela”.

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A servidora lembra de um dos momentos mais emocionantes durante o tratamento da doença: a necessidade de contar para a filha. “Eu precisava prepará-la. Disse assim: ‘a mamãe vai tomar um remédio muito forte. O cabelinho da mamãe vai cair. Mas vou comprar uma peruca muito linda’. Nossa, o olho dela encheu de lágrima. Mas, depois disso, tudo fluiu. Sempre tratei o câncer com serenidade por causa dela. Eu precisava viver, precisava ver minha filha crescer”.

Valor a tudo que é simples, que é de casa

O câncer transforma. Superá-lo representa o recomeço de um nova vida. A desgastante rotina de exames, a licença do trabalho e as quatro cirurgias enfrentadas por Ariadne fizeram com que ela aprimorasse o cuidado com o outro e desse ainda mais valor para aquilo que é simples, que é de casa.

“Minha mãe não mora aqui. Depois do câncer, eu faço ainda mais questão de estar pertinho dela. Tratar o outro bem sempre fez parte da minha vida, mas, após a doença, passei a observar ainda mais e me colocar no lugar do outro. Tento ter uma alimentação saudável e levar a minha vida da forma mais normal possível, com mais tranquilidade”.

Os dois diagnósticos e as duas batalhas que hoje fazem parte apenas no passado de Ariadne despertaram nela a vontade de ser apoio a outras vítimas do câncer e dizer: “não tenha medo, vai dar certo!’.

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