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Câmera flagra agressão em frente ao Centro Pop

Agressao Centro Pop Reproducao
agressão no centro pop
Dona de padaria mostra marcas de sangue do marido (Foto: Felipe Couri)
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O Centro Pop, situado na Avenida Sete de Setembro, no Bairro Costa Carvalho, Zona Leste de Juiz de Fora, foi ligado por denunciantes a duas ocorrências violentas nesta terça-feira (26). Na mais grave delas, o proprietário de uma padaria que funciona na mesma rua, 64 anos, foi jogado no chão e agredido com socos e chutes por possíveis usuários do equipamento voltado à população em situação de rua. A ação criminosa aconteceu no início da tarde e foi gravada por câmeras de segurança do entorno. O sistema de vigilância também flagrou, mais cedo, um homem com pedaço de pau indo em direção a outra pessoa, que lhe atirou pedras e acabou acertando o carro de um pedreiro, que estava estacionado na via pública, próximo ao local.

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Os casos revoltaram os moradores e comerciantes da região, que afirmam enfrentar intimidações e conviver diariamente com medo desde que a casa situada no número 1.431 da Avenida Sete passou a abrigar programas, projetos e serviços socioassistenciais. Ainda com a roupa suja do sangue do próprio marido, a esposa dele disse que a situação chegou ao limite. Há cerca de 15 anos à frente da padaria, a mulher, 54, cobra das autoridades uma solução urgente. “Desde que o Centro Pop veio para cá, mudou tudo. Não temos mais sossego, não temos mais liberdade. Eles entram aqui (na padaria), agridem as meninas, comem e saem sem pagar. E a polícia fala que não pode fazer nada.”

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Desta vez, a PM compareceu ao endereço para registrar a ocorrência de vias de fato/agressão. Segundo a dona da padaria, a confusão teve início após uma suposta usuária do Centro Pop comparecer ao estabelecimento. “Ela tinha R$ 2 para comprar pão, o valor deu a mais, mas eu deixei passar. Ela queria café, aí eu disse que no Centro Pop tem.” Não satisfeita, a mulher teria abordado um estudante no horário de saída da escola e pedido para que ele comprasse um achocolatado. Ao ser reprimida sobre a proibição de pedir dentro da padaria, ela teria saído revoltada, xingando e chutando uma lixeira. “Meu marido estava aqui e correu atrás, para ir reclamar com eles, porque a situação está cada dia pior. Chegando lá (em frente ao Centro Pop), ele foi agredido pelas costas. Ficou com o nariz sangrando e o rosto cortado.”

Furto de automóveis e uso de drogas

Furtos também estariam sendo frequentes, segundo os moradores e comerciantes. “Um dia comeram R$ 40 (em produtos) e não pagaram. Em outro, entraram correndo e pegaram um celular. Não sei o que pode me acontecer amanhã, mas algo tem que ser feito”, declarou a esposa do comerciante agredido. O gerente de vendas de uma agropecuária, 39, disse que veículos estacionados na via também estão sendo arrombados e furtados. “O carro do meu patrão já foi furtado três vezes. Fazem a limpa e vão embora, com o dia claro. Às vezes entram alterados na loja e ficam pedindo as coisas. Tem duas escolas perto, e os pais estão dando a volta para não passar por ali. De manhã, quem vai trabalhar também não quer passar.”

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A maioria dos residentes está há mais de 30 anos no bairro. “É um absurdo isso que estamos passando. As pessoas idosas não podem nem mais ficar na porta de suas casas, porque é droga o dia inteiro. A Prefeitura precisa tirar esse pessoal daqui. Já fizemos reunião na Câmara, abaixo-assinado, e nada adiantou. Agora um empresário foi agredido e saiu de lá ensanguentado”, esbravejou uma mulher, 60, ligada a duas escolas na região.

“Moro aqui há 38 anos e nunca vi isso. A situação está insustentável”, fez coro um aposentado, 65, que revelou ser afrontado frequentemente. Outra aposentada, 68, falou ter medo de sair de casa. “Tentaram arrombar minha porta e ficam usando drogas em frente (à residência). Nos ameaçam, tenho medo de chegar na janela.” Um empresário, 27, também afirmou ser coagido e intimidado diariamente. “Já levamos o caso à Prefeitura, não tem condições. Usam droga do lado da creche e não respeitam ninguém. São sempre muito agressivos e reativos. Nos sentimos amedrontados.”

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‘Agressão partiu do proprietário da padaria’, diz PJF

Em nota, a PJF informou que, segundo relatos dos funcionários do espaço, a agressão teria partido do proprietário da padaria, que teria invadido o equipamento da assistência social, ofendendo os assistidos e funcionários, o que teria gerado revolta entre os usuários do Centro Pop. “O comerciante se recusou a fazer o boletim de ocorrência, e a iniciativa de acionar o policiamento foi dos técnicos de plantão.” Sobre a outra ocorrência, da pedrada, a Prefeitura pontuou que o fato aconteceu fora do equipamento.

Centro Pop está no local desde 2021

Conforme a PJF, o Centro Pop tem por finalidade o atendimento especializado à população em situação de rua e funciona no atual endereço desde janeiro de 2021, das 7h às 17h, atendendo cerca de cem pessoas por dia. “São oferecidos serviços de acolhida e escuta qualificada através de uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos. O Centro Pop também oferece orientação para acesso à documentação pessoal; cuidados de higiene, vestuário e alimentação; encaminhamento para serviços destinados ao atendimento da população em situação de rua, entre outras ações.” O Executivo municipal não se manifestou sobre a mudança de endereço reivindicada pelos moradores e comerciantes.

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