Um taxista de 27 anos foi preso preventivamente pela Polícia Civil por suspeita de participação no homicídio de Luthyano dos Santos Pereira, 22 anos, morto com tiros na cabeça e no abdômen no dia 29 de agosto no Bairro Linhares, Zona Leste de Juiz de Fora. Segundo o titular da Delegacia Especializada de Homicídios, Rodrigo Rolli, o motorista teria levado o atirador até o local do crime sabendo que ele cometeria um assassinato. O jovem, 22, apontado como executor, cumpre pena por roubo na Penitenciária José Edson Cavalieri (Pjec) e, naquela data, estava de saída temporária há uma semana. O sistema de controle prisional revela, conforme a polícia, que ele retornou à cadeia às 16h10 do mesmo dia, menos de uma hora depois da ação criminosa, registrada por volta das 15h30 na Rua Maria Augusta.
O taxista foi capturado no dia 19 quando estava parado em um ponto do Manoel Honório. Imagens da própria câmera interna do táxi mostram o rapaz que teria aberto fogo contra Luthyano no banco de trás do carro com uma mulher, 23, que teria desembarcado junto com ele e atraído a vítima, além de outro comparsa, 18, sentado no carona. De acordo com Rolli, estes dois últimos não foram localizados e são considerados foragidos, porque a Justiça expediu mandado de prisão preventiva contra todos.
Os envolvidos são do Bairro Santa Rita, também na região Leste. De acordo com as investigações, o crime teria sido motivado por uma dívida de R$ 600 relacionada a drogas e contraída pela vítima quando esta conheceu o atirador em uma unidade prisional. O valor total do débito seria R$ 2 mil, mas parte da quantia já havia sido amortizada.
Ajuda do GPS
“No mesmo dia do homicídio tivemos informações sobre os dois executores que foram até a vítima (a mulher e o rapaz de 22 anos). A equipe de investigadores sabia do envolvimento de um táxi. Conseguimos chegar a três carros que faziam corridas na região naquele momento e, logo depois, ao efetivamente utilizado na prática do crime”, disse Rolli, acrescentando que o GPS foi utilizado na identificação do veículo que passou pela rua onde aconteceu o assassinato.
Ainda conforme o delegado, a investigada seria namorada do detento e integracr um grupo de tráfico, que comanda uma boca de fumo no Santa Rita, envolvido em uma série de homicídios. A mesma mulher inclusive teria escondido a arma usada no assassinato de uma comerciante, 36, morta com um tiro não direcionado a ela enquanto trabalhava dentro de sua própria pizzaria, no dia 29 de outubro de 2016, no Manoel Honório. O caso chocou a cidade pelo fato de se tratar de uma inocente.
O casal suspeito ainda teria uma página conjunta em rede social, mas a mesma teria sido deletada após o homicídio, conforme as apurações policiais.
Conversa é flagrada pela câmera do táxi
O inquérito conta com a transcrição das conversas entre os envolvidos durante a corrida. Em um dos trechos, o taxista diz: ” Se der nele aqui tem que te pegar na outra rua”. Em outro momento ele pondera: “F… é nego dar a placa do meu carro depois.” Para o delegado, “de forma clara e inequívoca o taxista demonstra ajuda na dinâmica e na execução do crime. Ao mesmo tempo, ele se preocupa em não ter a placa identificada e ser envolvido na ação.”
Segundo a polícia, a corrida foi feita com o objetivo de executar a vítima. “Os quatro autores vão responder por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e mediante emboscada), além de associação criminosa, porque se uniram para praticar o crime”, destacou Rolli.
De acordo com ele, o possível atirador, que cumpre pena na Pjec, teria envolvimento em roubos a coletivos e a táxis. “Ele já está no sistema prisional, mas cumprimos também a prisão preventiva dele”, explicou o delegado.
Ele considera “perigosos” a mulher e o jovem ainda não localizados. “São pessoas que estão foragidas e não há dúvida nenhuma na participação delas no homicídio. Pedimos à população que nos ajude por meio do 181 a monitorá-las e colocá-las atrás das grades”, finalizou o policial. O inquérito deve ser concluído em até dez dias.