Cinco meses após realizar estudo de tráfego no Bairro Estrela Sul, visando melhorar a segurança viária na região, a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) ainda não apresentou os resultados. Em março, quando foi feito o levantamento, a pasta havia informado que informações preliminares sobre a contagem volumétrica de veículos seriam divulgadas em abril. No entanto, procurada recentemente, a Settra afirmou que o projeto deve ser finalizado nas próximas semanas.
Enquanto isso, quem passa pelo bairro, seja de carro, moto ou a pé, deve redobrar a atenção para não se envolver em nenhum acidente, especialmente na rotatória entre a Alameda Pássaros da Polônia e a Ladeira Alexandre Leonel, que liga o Bairro São Mateus ao Cascatinha. Além dos cruzamentos em excesso, a falta de segurança para travessia de pedestres e fluxo intenso de veículos em horários de pico dificultam o deslocamento na área, algo que também se agravou nas últimas semanas, com o retorno das aulas em universidades e escolas após o período de férias.
A cerca de 200 metros da rotatória, há apenas uma faixa de pedestres, em frente ao Hipermercado Bretas. Nas ruas convergentes, não há nenhum outro ponto próximo para passagem segura. “A gente fica por nossa conta mesmo”, relata Gabriel Ribeiro Mendes, estudante de Turismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que passa pela região diariamente. “Acredito que a Prefeitura deveria rever o plano, pensar que aqui passam milhares de pedestres por dia. Até eu, que nem sou morador, passo. Tinha que repensar a lógica do trânsito, porque assim não dá.”
Em horários de pico, a situação tende a piorar. Além de atentar à grande quantidade de veículos, vindos de diferentes direções, o pedestre encontra dificuldade para visualizá-los em alguns pontos. Atravessando a Ladeira Alexandre Leonel, próximo à esquina com a Alameda Pássaros da Polônia, quase não é possível visualizar os automóveis que vêm do Cascatinha, por conta do declive da via. “Passo todo dia a pé para voltar da faculdade e é bem complicado, porque não tem sinalização e fica uma confusão”, conta Natan Borges, estudante de Economia da UFJF e morador da região.
Alta velocidade
A alta velocidade de motoristas em determinados trechos também é uma questão observada por outros condutores, que, assim como os pedestres, não estão livres dos diversos problemas do local. “Por ser uma via reta para quem está vindo do Cascatinha, as pessoas passam em alta velocidade, enquanto tem outras tentando cruzar aquela via sentido Estrela Sul. Por isso que, muitas vezes, acontecem acidentes”, diz Rafael Krempser, estudante de Fisioterapia da Universidade Salgado de Oliveira (Universo). “É uma região de muito movimento e, por não ser uma rotatória planejada, sempre tem tumulto, não tem faixa de pedestre sinalizada e, em horários de pico, fica extremamente confuso.”
Reflexos do crescimento não planejado
Os problemas encontrados pelos pedestres refletem o crescimento não planejado na região, de acordo com o engenheiro Luiz Antônio Moreira, especialista em planejamento em transporte urbano e engenharia de tráfego. “Quando se iniciou a reforma que foi feita nessa rotatória, não existia um número muito grande de pedestres. A verdade é que, com o shopping e o que foi se instalando no entorno, aumentou muito o número de pessoas nessa região, além de aumentar consideravelmente também o número de veículos”, justifica. “Então é um potencial ponto de atrito entre pedestres e veículos, e entre veículos com veículos também.”
No entanto, segundo o especialista, a falta de travessias próximo à rotatória é algo que tem uma explicação de planejamento, já que tem se evitado fazer faixas onde se encontram estes equipamentos urbanos. “Em uma rotatória urbana, a prioridade é de quem está na rota fazendo o movimento, então existe a dificuldade, nesse casos, de sinalizar para o pedestre. Algumas vezes, inclusive, o ideal é tirar o pedestre da rota e fazer a passagem de pedestre um pouco afastado. Mas, de todo o jeito, o mínimo que tem que se fazer é uma passagem de pedestre e sinalizar.”
Por ser uma região que recebe trânsito oriundo de outras áreas e de entrada da cidade, somado ao crescente número de habitações sendo construídas no Bairro Estrela Sul, o tráfego tende a se intensificar, sendo necessária uma solução imediata, de acordo com Moreira. “Eu acho que vai ter que se estudar uma restrição. Por exemplo, um sistema semafórico, restringindo algumas liberdades de trânsito que tem hoje”, explica. “O que pesa mais é o crescente número de veículos e a capacidade de via, que é limitada, e não tem como alterar essa capacidade e muito menos a da rotatória. Não tem como fazer melhoras só com alterações geométricas”, defende.
Levantamento
O estudo, realizado em março deste ano, se concentrou na rotatória de acesso ao Estrela Sul, entre a Ladeira Alexandre Leonel e a Alameda Pássaros da Polônia, bem como em outras áreas de grande movimento na região. Custeada por três empresas instaladas nas proximidades, a análise se constituiu de contagem volumétrica de veículos, a fim de traçar o perfil dos condutores da região. A partir do levantamento, simulações iriam definir as melhores soluções para o problema de trânsito na área.