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Casal de JF relata a experiência de vencer a infecção pelo coronavírus

coronavirus by pixabay 1
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Depois de passarem pelo coronavírus e enfrentarem juntos todos os sintomas e as fases mais difíceis desse processo, os advogados Marcelo Martinez e Renata Ribeiro Martinez tiveram alta e estão em casa, onde devem se manter isolados até o próximo sábado (28), conforme recomendação médica. O casal relatou à Tribuna como foi passar pela experiência.

O ponto de partida, segundo Renata, foi uma viagem que o marido fez a trabalho para São Paulo, entre os dias 5 e 6 deste mês. Ele participou de audiência e voltou para Juiz de Fora. O casal acredita que a doença foi contraída durante essa viagem. Marcelo passou o fim de semana – dias 7 e 8 – sem sintomas. Cerca de três dias depois, sua esposa começou a manifestar alguns sinais, como tosse e espirros. Ele veio a sentir dores no corpo, de cabeça, cansaço e mal-estar entre os dias 11 e 12, quando o estado de pandemia foi anunciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

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“Na sexta-feira (13), ele continuou esquisito e ainda estava febril. No dia seguinte, a febre ficou mais alta. Como eu também estava com alguns sintomas, na segunda (16), falei para trabalharmos de casa, porque era o movimento que todos estavam fazendo. Ele foi ao escritório pegar os computadores e sentiu uma falta de ar terrível”.

O casal buscou atendimento na emergência. “Lá estava todo mundo com muito medo. Alguns usavam máscaras. Fomos atendidos por uma médica, que me pediu um raio-X e outros exames. Para o Marcelo, que estava com falta de ar, pediu uma tomografia e um exame de sangue. Quando voltaram com o resultado (do exame de imagem), havia uma indicação de que ele estava com pneumonia. Fizeram uma junta médica e nos disseram que ele podia estar com a Covid-19.”

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Nesse dia, o casal foi mandado de volta para casa. Na terça-feira (17), o advogado piorou muito e foi hospitalizado. Na quinta-feira (19), saiu o resultado do exame confirmando a infecção com o coronavírus.

“Ele ficou internado. Não precisou de respiradouro, nem de ficar no CTI. Só usou o oxigênio. Mas a mancha no pulmão foi piorando e ele teve muita ansiedade.”

De acordo com o médico infectologista Guilherme Cortes Fernandes, que tratou do advogado no hospital, a atitude do casal de manter o isolamento e buscar a orientação médica ocorreu no momento certo. “Quando eles suspeitaram dos sintomas respiratórios, buscaram o atendimento e começaram a ser monitorados à distância, clinicamente. Quando houve a piora do quadro, com dispneia, ele foi encaminhado ao hospital.”

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Ainda de acordo com o médico, essas medidas ajudaram na decisão sobre qual era o momento certo para que Renato recebesse a atenção necessária.

“Esse monitoramento é fundamental, assim como respeitar o isolamento domiciliar. É importante prevenir a exposição desnecessárias das pessoas em unidades de urgência, evitando a transmissão da doença para quem aguarda atendimento.”

O médico reiterou que o fato da saúde de Marcelo estar em dia foi um fator preponderante para a sua recuperação. “Ele não tem nenhuma doença crônica, nenhuma doença pulmonar e mantém hábitos de vida saudáveis. Isso as estatísticas têm mostrado. Pessoas idosas e com comorbidades têm maiores chances de ter o quadro evoluindo de maneira negativa.”

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Superar o pânico

Renata descreve ter passado por esse momento com sentimento de pavor, uma vez que a evolução do quadro é imprevisível. “Ficamos muito assustados, ele achava que ia morrer, teve muitas crises de ansiedade, a pressão subia. Tínhamos muitas perguntas, mas como é tudo muito novo, não tínhamos todas as respostas. Todos estão ainda aprendendo sobre como lidar. Os médicos estão estudando muito”, salienta Renata.

Marcelo corrobora. Para ele, o que pesou mais foi lidar com o desconhecido. “Não sabíamos o que poderia acontecer. O desgaste psicológico é a pior parte. No hospital, quando tinha uma crise de falta de ar, eu entrava em pânico. Não sabia se voltaria, se iria parar no CTI. Tudo muito incerto. As crises eram horrorosas. Senti uma insegurança muito forte. Você tentar respirar e o ar não vir é horrível.”

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‘Não é uma gripe à toa’

De acordo com Marcelo Martinez, o susto com o avançar dos sintomas é muito grande. Isso ampliava a sensação de insegurança. “As pessoas precisam obedecer às orientações das autoridades em saúde e evitar de pegar o vírus, porque não é nada bom. Os sintomas demoram muito a passar. É preciso acreditar que é algo muito ruim, não é uma gripe à toa.”

Para ele, o que contribuiu muito para a sua melhora, a ponto de receber a alta na última terça-feira (24), foi o reforço no tratamento psicológico.

“Tive auxílio de pessoas que me transmitiram tranquilidade. Minha esposa, meu amigo médico, que não tratou do meu caso, mas me ligava e me tranquilizava. Recebi orações pelo celular. E, conforme meu psicológico foi melhorando, depois da fase mais grave, a melhora foi mais rápida.”

O preparo físico de Marcelo também o ajudou na recuperação. O advogado pratica exercícios aeróbicos regulares, não fuma e não tem nenhuma doença associada. Completando 45 anos nessa quarta-feira (25), Marcelo se diz grato por passar a data em casa, ainda que permaneça isolado dos filhos, dos amigos e das demais pessoas.

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“Estamos de alta, em casa, felizes da vida. Não fiz o teste, mas, em razão dos sintomas, acredito que também tenha tido o coronavírus. O que traz um medo muito grande que é o da subnotificação. Eu tinha a indicação médica para o teste, mas como não apresentei dificuldade respiratória, não fiz o teste”, pontuou Renata Ribeiro Martinez.

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