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UFJF cogita possibilidade de fechar anel viário

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Pelo Pórtico Sul, trânsito intenso é controlado por meio de semáforos que foram instalados em 2012
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Pelo Pórtico Sul, trânsito intenso é controlado por meio de semáforos que foram instalados em 2012

A UFJF não descarta a possibilidade de fechar o anel viário para o público externo. Atualmente, a instituição já discute a alternativa de esta medida ser tomada entre 23h e 6h. O espaço hoje é a principal via de ligação entre o Centro e a Cidade Alta. No entanto, a situação é motivada, principalmente, pelos investimentos que chegam à universidade. Conforme o pró-reitor de Infraestrutura, Paschoal Tonelli, a intenção é garantir a segurança patrimonial do centro de ensino. Além disso, o anel viário recebe volume intenso de carros e motos que utilizam a área apenas como passagem durante todo o dia, e, tal situação, conforme Tonelli, tem causado prejuízos ao ensino. Segundo ele, discussões de trânsito, com o acionamento desnecessário de buzinas, atrapalham a concentração de professores e alunos em sala de aula. O problema tem se tornado constante nos últimos anos, principalmente devido à explosão imobiliária da região, associada à expansão da própria universidade, que saltou de 15.200 para 21.800 estudantes entre 2008 e 2012.

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A execução do fechamento do campus no período noturno poderia ser feita por meio de um sistema de barreiras eletrônicas, já licitado e que deve ser instalado em breve. O equipamento será colocado em todas as vias de acesso à universidade e permitirá o fechamento dos portões a qualquer momento, inclusive para passagens de veículos pequenos, como as motocicletas. "São cilindros de aço que serão colocados nos acessos. Quando será usado, por enquanto, é uma questão estratégica, em caso de assalto, por exemplo. Será utilizado em qualquer ação em que se fizer necessário fechar o campus. Os instrumentos estarão aí para isso."

Perguntado sobre a possibilidade de utilizar os instrumentos para fechar o anel viário ao público externo, Tonelli afirma que esta é uma decisão política complicada, mas não descartada. "É uma situação muito séria. Mas, em função de acontecimentos, como os incômodos à comunidade acadêmica, e se houver a decisão do Consu (Conselho Superior), isso pode acontecer. Posso dizer que há uma vontade, em função da segurança, de que o campus seja fechado entre 23h e 6h." O entendimento é de que o campus é uma área federalizada, portanto, sem obrigatoriedade de resolver os problemas com o trânsito do município

Esta intervenção faz parte de um conjunto de obras que será realizada no anel viário da UFJF. A obra de R$ 7,9 milhões prevê a reforma das calçadas, substituição dos postes de iluminação para equipamentos em LED, construção de ciclovias e troca da pavimentação. Também haverá mudanças próximas ao Pórtico Sul, onde está prevista a instalação de um deck, às margens do lago, para tornar aquela área mais atraente. "Queremos criar um espaço atrativo também daquele lado, como já acontece perto do prédio da Reitoria."

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Outra licitação, de R$ 23,8 milhões, prevê a instalação de 800 câmeras digitais de alta definição espalhadas em toda a universidade, com novo sistema de monitoramento 24 horas. O montante deve ser utilizado também para mudanças no sistema de internet, com a possibilidade de transmissão de dados sem fio em alta velocidade.

 

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Entorno

No ano passado, a Settra já havia realizado um conjunto de intervenções no entorno do campus com objetivo de melhorar a segurança e garantir a fluidez do tráfego. Com isso, semáforos foram instalados próximo ao Pórtico Sul, e uma tentativa de fazer trabalho semelhante ocorreu no Pórtico Norte. Neste ponto, porém, os sinais causaram intensos engarrafamentos, dentro e fora do campus. Na época, o Consu da UFJF autorizou o Executivo a ampliar a pista de saída para acesso ao São Pedro, mas estipulou uma condição: em 12 meses, a Prefeitura deveria criar soluções para o tráfego da Cidade Alta. O prazo, que termina em novembro, deve ser um dos assuntos discutidos em uma reunião, já agendada entre a Pró-reitoria de Infraestrutura e o titular da Settra, Rodrigo Tortoriello.

 

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Defesa de um binário em ruas do São Pedro

Para tentar resolver as retenções diárias no anel viário da UFJF, uma das alternativas defendidas pela universidade seria a criação de um binário no Bairro São Pedro. Embora a ideia não altere o volume de veículos no anel, ela é considerada importante para diminuir as retenções no campus. O projeto partiria do Pórtico Norte, onde a Avenida Presidente Costa e Silva, que se prolonga em direção à Rua José Lourenço Kelmer, funcionaria em mão única de circulação em direção ao Centro. O caminho inverso seria feito pela Avenida Pedro Henrique Krambeck, ao lado de onde foram iniciadas as obras da rodovia BR-440. "Defendemos que um binário seria uma grande solução para resolvermos o problema na Cidade Alta. Esta questão é antiga, e a própria administração pública, há 25 anos, sinalizou esta possibilidade durante os dias de provas do vestibular", disse Tonelli.

De acordo com o titular da Settra, esta é uma das diversas saídas possíveis para melhorar o tráfego de veículos da região. No entanto, antes de adiantar qual seria o melhor projeto, ele informa que há a necessidade de discuti-lo com a comunidade e a universidade. "Queremos buscar uma solução conjunta. É um problema da cidade. A UFJF, embora seja um território federal, está integrada ao município como um todo. Grande parte do crescimento daquela área se deve à existência do campus. Precisamos caminhar juntos. A universidade é um centro de conhecimento. Dali podemos encontrar as melhores soluções."

Na opinião do engenheiro especialista em trânsito e professor da UFJF José Alberto Castanõn, o anel deveria ser interditado ao tráfego de passagem. "O campus é federal. Não é do município. Não há instituição federal aberta ao tráfego, como é a nossa. Existem algumas que sofrem com este problema, mas já buscam soluções. No Rio de Janeiro, tiraram o tráfego pesado de dentro da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), por exemplo, é fechada, apesar de ter acesso dos dois lados. É muito confortável passar para a universidade esta responsabilidade, colocando em risco a população que vai ao local para se divertir ou estudar."

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‘Necessidade de série de intervenções’

Enquanto projetos não saem do papel, moradores da Cidade Alta e pessoas que necessitam chegar a esta região convivem com os engarrafamentos nas vias de acesso à área. No lado do Pórtico Sul, as retenções são evidentes em horários de pico, como no início da manhã e no fim da tarde. No dia 6 de março, às 8h10, a Tribuna fez um flagrante aéreo de uma fila de veículos de aproximadamente 700 metros entre a Curva do Lacet e a entrada da universidade. No dia 20, a reportagem voltou ao local e, de carro, necessitou de cinco minutos para vencer o mesmo trecho, por volta das 16h30. Para chegar ao outro lado da UFJF, foram necessários outros dez minutos. Em dias de tráfego normal, o percurso é feito em três minutos.

"A população da Cidade Alta vai adorar se fecharem o anel viário. Apenas desta forma a Prefeitura vai fazer algo para resolver o problema. Para chegar à minha casa, a melhor opção era o anel viário. De vez em quando, dou volta pelo Aeroporto, que acaba sendo mais rápido", disse o cirurgião dentista Henrique Nogueira Reis, 52 anos, morador do São Pedro. Opinião semelhante tem o comerciante Matheus Coimbra, 32. "Moro no São Mateus e tenho uma loja no São Pedro. É um absurdo dependermos de uma área que não pertence ao município para chegar ao destino. A cidade cresceu, e passou da hora de criarmos soluções viárias."

Uma das alternativas possíveis, e já de conhecimento da Settra, é do engenheiro especialista em trânsito e professor da UFJF José Alberto Castanõn. Em 2011, ele apresentou à secretaria a concepção de um projeto para desafogar o tráfego do anel viário, adaptando vias que passariam por fora do campus. "Esta alternativa já existe, só precisa colocá-la em funcionamento. Ao invés de entrar pelo Pórtico Sul, os carros seguiriam em direção ao estádio. Com uma pequena abertura, em uma via, seria possível ligar os veículos à Avenida Presidente Costa e Silva, próximo à UPA de São Pedro." Ele afirma que, para que a ideia se torne efetiva, é necessário o binário na Avenida Presidente Costa e Silva, que se prolonga para a José Lourenço Kelmer, e a Avenida Pedro Henrique Krambeck, como é defendido pela instituição. "Não é uma solução mágica que vai resolver a questão do campus. É necessária uma série de intervenções."

Além disso, conforme o especialista, o anel viário deve se tornar pouco atrativo para condutores de veículos. "É preciso uma ação corajosa para criar impedimentos no trânsito, aumentando o tempo de viagem de quem vai passar por dentro, mas dando conforto para quem utiliza o campus para chegar a uma ou outra faculdade."

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