Maria Aparecida da Silva, de 74 anos, morreu atacada por um pitbull na tarde desta terça-feira (25) no Bairro Mundo Novo, na Zona Sul de Juiz de Fora. O cachorro era do irmão da vítima, que morava no mesmo terreno. Segundo o Corpo de Bombeiros, o cão mordeu a mulher no pescoço e na clavícula. Vizinhos tentaram ajudá-la, mas não teriam conseguido evitar o ataque. O Samu chegou a ser acionado, mas quando chegou ao local, a idosa já tinha morrido.
O dono do cachorro, de 67 anos, foi preso e conduzido para a delegacia de plantão. O animal foi recolhido pelos Bombeiros e será encaminhado para o Canil Municipal. Já o corpo da idosa foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Juiz de Fora. Estiveram no local a Polícia Militar (PM), a perícia da Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros.
À PM, vizinhos relataram que o cachorro ficava preso por uma corrente nos fundos do terreno, onde moravam a vítima e dois irmãos. Uma vizinha, que não quis ter o nome identificado, afirmou ter prestado socorro a Maria Aparecida. De acordo com ela, o cão sofria maus tratos e ficava preso, e, por isso, teria comportamento violento. “Primeiro, ele atacou as pernas, e, como ela era idosa, se desequilibrou e caiu. Nisso, o cachorro mordeu o pescoço dela e não soltou mais.” Ela afirmou que, junto com a filha, tentou separar o animal do corpo da idosa, mas sem sucesso.
Claudete da Silva, que é irmã da vítima, conversou com a Tribuna. Ela disse que já havia registrado um boletim de ocorrência contra o próprio irmão, dono do cachorro, e que a Polícia Militar do Meio Ambiente esteve no local duas vezes, mediante denúncias dos vizinhos. “O cachorro era muito violento. Ele latia a noite toda. Tinha vezes que ele fugia, se soltava da corrente, a gente morria de medo.”
Segundo ela, o animal morava junto à família há cerca de um ano. Conforme Claudete, a irmã morava sozinha e dividia o quintal com o irmão. “Ontem mesmo o cachorro entrou na cozinha dela, brincou com ela e não fez nada. Mas de vez em quando tinha um comportamento mais agressivo”, disse.
Raça pode apresentar comportamento violento em caso de maus tratos
A Tribuna ouviu consultou o médico veterinário e professor da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Leonardo Lara e Lanna, sobre o comportamento dos pitbulls. De acordo com ele, apesar de não ser uma raça naturalmente agressiva, como qualquer outro cão de grande porte, os pitbulls têm uma mordida que é potencialmente perigosa. “Por isso eles precisam ser bem treinados e condicionados a conviverem com outras pessoas e cães para que não haja acidentes dessa natureza. Ou seja, a raça não é o problema, mas a forma de criação”.
O adestrador de cachorros, Allan Ragazzi, corrobora com a fala do veterinário. Segundo o adestrador, existem gatilhos que podem fazer o animal apresentar comportamento violento, entre eles os maus tratos e a falta de uma alimentação adequada, por exemplo. Além disso, ele ressalta a importância de, desde o início da vida, o pitbull ser treinado. “Praticando ao máximo a interação social e o gasto de energia, com reforços aplicados corretamente e reprimindo os atos agressivos, um cão dessa raça pode se tornar super obediente”.
Por conta dessas necessidades, Allan afirma que não é qualquer pessoa que tem perfil para adotar um cachorro dessa raça, pois é preciso ter muita energia e tempo disponível. “Não pode ser um indivíduo sedentário ou que trabalhe o dia todo e não consegue dar atenção ao cão. Além disso, essa raça não é indicada para idosos”, explicou.