A Catedral Metropolitana de Juiz de Fora promove homenagens ao Monsenhor Miguel Falabella de Castro, falecido em 2020, vítima da Covid-19. Seus restos mortais estão sendo transladados para a igreja onde atuou por 39 anos, em um momento marcado por celebrações de fé e despedida.
A programação inclui um tríduo de acolhida, e será finalizada no sábado (27) com o sepultamento na cripta da “Igreja Mãe”. A Arquidiocese destacou que Monsenhor representa pessoas que morreram durante a pandemia sem a possibilidade de um último adeus.
A ideia partiu do atual pároco João Paulo Teixeira Dias, que afirmou ter sentido o desejo de prestar a homenagem desde que assumiu a missão na Catedral.
“Sei que também é um desejo do coração de muitos padres e fiéis. Monsenhor Falabella dedicou quase quatro décadas à Catedral. Creio que, no céu, ele está feliz, e será um sinal vocacional para todos nós”, afirmou.
Segundo o sacerdote, a preparação para o momento tem revelado o carinho da comunidade pelo Monsenhor. Ele citou como exemplo a reação emocionada de uma funcionária do cemitério, durante o processo de exumação e de profissionais da funerária. “Todos diziam: ele merece. E acredito que, de fato, deixou em Juiz de Fora um bonito sinal de fé”, completou.
Confira a programação
O tríduo de acolhida começou nesta quarta-feira (24), com missa às 19h. Nesta quinta (25), haverá novamente celebração às 19h. Na sexta (26), ocorre o translado dos restos mortais para a Catedral, com saída às 16h e chegada prevista para às 17h, acompanhada pela Corporação Musical Sociedade Euterpe Monte Castelo. Na sequência, oração do terço e missa às 19h, além de homenagens do Coral Benedictus, do Encontro de Casais com Cristo (ECC) e da Pastoral Familiar. A Catedral ficará aberta até as 22h.
No sábado (27), dia do sepultamento, a programação terá início às 6h com o Santo Terço, seguido de missa e visitação para oração. Ao meio-dia, haverá novamente recitação dotTerço. O encerramento será às 15h, com missa presidida por Dom Gil Antônio Moreira, arcebispo metropolitano, seguida do sepultamento na cripta da Catedral.
Trajetória de fé
Nascido em 1931, Miguel Falabella foi criado em uma família ligada à fé católica. Ainda criança ingressou no internato do Seminário Santo Antônio, onde iniciou a formação religiosa que marcaria toda a sua vida.
Em 1954, recebeu a ordenação sacerdotal pelas mãos de Dom Justino José de Santana, primeiro bispo da então Diocese de Juiz de Fora. Desde então, dedicou mais de seis décadas ao serviço pastoral, exercendo funções em diferentes frentes da Igreja e consolidando-se como uma das personalidades religiosas mais respeitadas da cidade.
Ao recordar sua primeira missa, em entrevista ao jornal Tribuna da Tarde em 1992, descreveu o momento como transformador:
“Foi o momento mais importante da minha vida. Tive a sensação de estar inundado por uma força de Deus, uma coisa extraordinária. A gente toma consciência da pequenez do homem frente a Deus. O nada em função do Todo.”
Reconhecido pela proximidade com os fiéis e pela capacidade de dialogar sem evitar temas difíceis, Monsenhor Falabella foi retratado ao longo de sua trajetória como “figura de alento e conforto”, referência que permanece viva na memória da comunidade juiz-forana.
*Estagiária sob a supervisão da editora Carolina Leonel