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Moradores da Rosa Sffeir não pretendem deixar suas casas

OBRAS CAPA RUA ROSA SFFEIR Felipe Couri
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Moradores da Rua Rosa Sffeir, no Bairro Grajaú, afirmam que não devem sair de suas casas, mesmo após elas serem interditadas pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) na última quinta-feira (21). A Tribuna esteve na Zona Leste, nesta segunda-feira (25), e conversou com a vizinhança sobre a notícia de que a encosta entre as ruas Rosa Sffeir e Antônio Alves Teixeira corre risco de desabar. No anúncio feio pela PJF, a prefeita Margarida Salomão ressaltou que a medida de interdição é preventiva, com intuito de evitar que uma tragédia aconteça no período chuvoso.

O motivo da permanência dos moradores ouvidos pela reportagem é a falta de outro lugar para ir. A maior parte é proprietária do imóvel e o divide com outros familiares. A região já estava em alerta desde janeiro de 2022, quando um deslizamento de terra acarretou a demolição de três casas na Rosa Sffeir.

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Mário César Magalhães mora desde que nasceu, há 40 anos, na Rua Rosa Sffeir. No imóvel que agora está interditado vivem, além dele, a família do irmão e os pais. Na parte de baixo ele administra um bar, do qual tira seu sustento. “A gente já sabe que essa encosta é de risco há anos, e de repente eles tomam a decisão de mandar todo mundo embora. Por que eles não pensaram nisso antes? Tem muitas pessoas que não têm para onde ir. Eles falam para a gente abandonar nossas casas, ir para casa de parente ou abrigo compartilhado. Como se fosse simples.”

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O mesmo sentimento de desamparo acomete José Gonçalves Pinto, de 72 anos. A casa onde hoje moram os três filhos é o trabalho de uma vida inteira. Ele vai deixar para os filhos a decisão de abandonar ou não o imóvel. “É triste demais receber uma notícia dessas. A gente investiu muito nessa casa, construímos dois muros de arrimo, nunca desabou nada.”
Para Gisele de Oliveira, a movimentação de terra comunicada pela PJF ocorre devido a infiltração de água na encosta. “Mesmo sem chuva, a trinca no morro estava aumentando, tudo indica que estava tendo infiltração de algum cano de água rachado.” De acordo com ela, a família não pretende, por enquanto, deixar o imóvel. “Eles falam pra gente ir pra casa de parentes. Como, se toda família mora aqui? Para receber o auxílio-moradia, de R$ 600, você basicamente precisa comprovar que passa fome. A gente fica realmente desamparado.”

Projeto emergencial

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Questionada, a Prefeitura afirmou que está contratando, de forma emergencial, um projeto para a encosta entre a Rosa Sffeir e Antônio Alves Teixeira. “Neste momento, está sendo realizada uma investigação detalhada para definir qual é o procedimento técnico mais adequado para aquele local.”

Sobre o auxílio-moradia, a PJF disse que todas as famílias receberam acolhimento da equipe de Serviço Social da Defesa Civil. “A equipe já esteve em campo para orientar as famílias. As famílias que apresentam um perfil de acordo com critérios estabelecidos pela lei municipal 14.214/2021 são encaminhadas para o auxílio-moradia. Além disso, o serviço social da Defesa Civil direciona na rede de apoio.”

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Obras de estabilização na Rosa Sffeir

A Tribuna também perguntou sobre as obras na Rosa Sffeir. No dia 18 de agosto, a ordem de serviço para início das intervenções foi emitida. Com isso, a empresa vencedora da licitação teria dez dias para começar os trabalhos. Segundo a PJF, a obra da Rua Rosa Sffeir segue seu ritmo, dentro do esperado. “No momento está sendo realizada a instalação dos materiais de aço dos tirantes e das telas para o solo grampeado com concreto projetado.”

O valor estimado para as obras é de R$ 4.277.527,17, com recursos oriundos do programa de Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa), que apoia financeiramente ações orçamentárias para investimentos em infraestrutura. Por meio da PJF, o secretário de Obras, Lincoln Santos, explicou que as intervenções de estabilização serão realizadas em solo grampeado, além de que haverá a construção de um muro de concreto armado com tirantes (cortina atirantada) para garantir a estabilidade da encosta. “Serão 77 metros de comprimento de cortina atirantada. É uma obra para resolver definitivamente”, disse, por meio da Prefeitura.

Servidores da Cesama trabalham em obra na Rua Antônio Alves Teixeira, que foi interditada de forma parcial para veículos pesados (Foto: Felipe Couri)

16 famílias podem ser desalojadas

Na última sexta-feira (22), a PJF anunciou que a encosta que fica entre as ruas Antônio Alves Teixeira e Rosa Sffeir, no Bairro Alto Grajaú, corria risco de desabamento após apresentar movimentação de terra. Com isso, as 16 famílias que moram lá tiveram suas casas interditadas. São cerca de 44 pessoas desalojadas.

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De acordo com o Executivo, a situação foi agravada pelo descarte irregular de lixo, escavamento da encosta e trânsito de caminhões. De forma preventiva, a Rua Antônio Alves Teixeira foi interditada de forma parcial para veículos pesados.

Conforme a prefeita Margarida Salomão (PT), as famílias foram contatadas na quinta-feira (22) e deverão ser realocadas para a casa de parentes ou outro imóvel alugado. “São 44 pessoas em 16 casas entre os números 557 e 771. Estamos conversando para que elas deixem suas moradias a fim de evitar que ocorra alguma tragédia se houver uma chuva muito forte.”

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