Duas novas medidas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran) passarão a ser cobradas às autoescolas nos próximos meses: a obrigatoriedade de categoria D na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para instrutores, já a partir de agosto, e o uso do simulador de trânsito, em janeiro de 2016. Embora quatro autoescolas consultadas já demonstrem estar se adaptando às novas regras, ainda há resistências quando o assunto é o simulador. Sobre a formação exigida ao instrutor, os proprietários dos centros de condutores entendem que a medida garantirá benefícios aos aprendizes do volante.
Em relação à obrigatoriedade do simulador, publicada no Diário Oficial da União no dia 20 de julho, alguns centros de formação de Juiz de Fora ainda estão buscando se adequar, em espaço e equipamento, à nova regra. A proposta é instalá-lo até o final do ano, embora ainda haja proprietários que questionem a efetividade do aprendizado. “O simulador mostra procedimentos básicos que já fazemos na primeira aula de direção com o carro parado. Será uma aula perdida para quem está aprendendo a dirigir. Já as outras aulas poderiam ser mais úteis para quem acabou de tirar a carteira e assim ter a experiência para lidar com farol alto, transitar na neblina, por exemplo. Inicialmente o condutor precisa aprender a arrancar, sentir o motor do carro”, afirma o proprietário da autoescola Andorinha, Sebastião Luiz de Souza, o Tião Gato.
Com a inclusão do equipamento, os condutores deverão cumprir 25 aulas, sendo quatro no simulador, uma com conteúdo noturno. Proprietária da autoescola Jordana, Jussara do Nascimento também questiona o equipamento, mas afirma estar se adequando. “Não acredito que será melhor para o aluno. É como um videogame gigante. Estou pesquisando preços, já vi ofertarem a R$ 40 mil e acredito que vá baixar. Mas o custo é de carro que já tenho aqui e não está muito fora da nossa realidade hoje, já que o preço da aula será o mesmo”, afirma. Já o diretor da autoescola Minas Gerais, Wanderson Luiz da Costa Lima acredita que a medida será benéfica. “Eu acredito que deverá contribuir. No simulador, a gente vai conseguir várias situações, como chuva, neblina, e o aluno vai passar por certas dificuldades que, de repente, não irá se deparar nas aulas no trânsito.”
Exigência da carteira ‘D’ para instrutores
Os proprietários dos centros de condutores já classificam como vantajosa ao aluno a exigência aos instrutores de pelo menos um ano de CNH na categoria D. Embora haja uma movimentação nacional com resistência à medida, inclusive com propostas de flexibilização da exigência em tramitação no Congresso Nacional, em Juiz de Fora os diretores de autoescolas consultadas garantem o cumprimento.
O proprietário da autoescola Saep Sebastião Pires de Camargos afirma que o instrutor ficará mais qualificado, tanto para dirigir quanto para ensinar. “Eu, pessoalmente, aprovo e acho que é uma boa medida. Tinha autoescola com instrutor de categoria B, dando aula para ônibus. E essa medida não surgiu agora. Tiveram cinco anos para se adaptar e algumas pessoas se acomodaram, por isso ainda há resistência”, disse.
O prazo para a obrigatoriedade da carteira D foi estabelecido pela resolução 358, de 2010. O instrutor de trânsito deve ter no mínimo 21 anos de idade, dois anos de habilitação e um ano na categoria “D”, ter concluído o ensino médio, não ter sofrido penalidade de cassação de CNH, não ter cometido nenhuma infração gravíssima nos últimos 60 dias e realizar curso de capacitação, de direção defensiva e primeiros socorros.