Tão acostumados aos acordes, ouvidos e entoados durante as rodas de capoeira, cerca de 40 meninos e meninas integrantes do “Programa Gente em Primeiro Lugar” tiveram a oportunidade de aprender a confeccionar o instrumento de corda mais importante e conhecido da prática. A “3ª Oficina de Confecção de Berimbaus” aconteceu na manhã de sábado no Centro Cultural Dnar Rocha, no Mariano Procópio, e motivou a garotada.
Nem o frio espantou o grupo, composto por jovens com idades entre 12 e 16 anos, que, após ouvir atentamente as orientações dos mestres, se puseram a lixar, montar e testar os instrumentos. O estudante Ronan de Assis, 17 anos, não escondeu a empolgação. Ele joga capoeira há sete anos e afirma que deve muito de sua educação ao programa. Para Ronan, além da oportunidade de confeccionar o instrumento, a oficina é importante por resgatar a história do berimbau e da própria capoeira. O jovem afirma que as rodas o fizeram ficar longe das drogas e da violência, comuns na comunidade em que mora. A jovem Scarlet Balbino da Silva, 17, também gostou da experiência. Ela faz capoeira há quatro anos e afirma que a prática mudou seu temperamento, acalmando-a e ajudando-a a interagir socialmente.
Os alunos são oriundos de vários bairros da cidade e orientados pelos articuladores Bruno Oliveira (Apelido), Marília Gonzaga, Halfred Resende (Kiko), Francisléia Resende (Leléia) e Sidnei Gaspar (Tirano). Paralelamente à oficina, foi realizada, ontem, aula de toques de berimbau com o coordenador de capoeira do programa, Gláucio Anacleto (Cuité). Segundo Cuité, o objetivo da oficina é complementar o aprendizado da capoeira, dando oportunidade ao aluno de vivenciar o processo de escolha e preparação dos materiais utilizados na confecção do instrumento, visando a estimular a formação integral e o desenvolvimento da garotada.
O Programa Gente em Primeiro Lugar é mantido pela Prefeitura, através da Funalfa, e gerenciado pela Associação Cultural Arte e Vida (Acav). Durante todo o ano, oferece a crianças, adolescentes e jovens de diversos bairros e comunidades o acesso a atividades de cultura, mantendo oficinas de dança, teatro, artes visuais, capoeira e música. Atualmente, atende mais de três mil alunos, em 65 espaços diferentes de 52 bairros. Só a capoeira concentra mais de 700 participantes.