
Na tarde da última segunda-feira (24), Juiz de Fora foi atingida por ventos que chegaram a aproximadamente 100 km/h. Antes da chuva, no entanto, muitos moradores da cidade perceberam um fenômeno que gerou uma coloração diferente no céu. O aspecto “alaranjado” nas nuvens ocorre devido ao alto número de partículas dispersas na atmosfera, afirma o meteorologista do Inmet, Lizandro Gemiacki.
“Quando a radiação que vem do sol atravessa a atmosfera, ela se espalha. Quando não há muitas partículas dispersas na atmosfera, isso acontece mais pela cor azul – mais comum para o céu. Quando existe muito material particulado (como fumaça, poeira e gotículas de água) e a radiação solar atravessa uma camada maior de atmosfera, principalmente no nascer e no pôr do sol, acontece o espalhamento dessa cor mais vermelha, alaranjada, que pôde ser vista nitidamente um pouco antes da tempestade de segunda em Juiz de Fora”, esclarece.
Ventania
Em entrevista à Rádio Transamérica nesta terça-feira (25), a professora e pesquisadora de climatologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Cássia de Castro, explicou que os fortes ventos que atingiram Juiz de Fora na segunda estão relacionados a alterações nas características do tempo.
Segundo a especialista, os últimos dias têm sido marcados por altas temperaturas e baixa incidência de chuvas. Essas condições favorecem a formação de grandes nuvens em curto espaço de tempo, gerando diferenças de pressão atmosférica. “Quando há a formação de uma zona de baixa pressão, os ventos fortes são direcionados para essa região”, detalhou a climatologista.
A ocorrência desse tipo de ventania tem se tornado mais frequente durante o verão em Juiz de Fora, enquanto em outras localidades esse fenômeno é mais comum na primavera. Para medir a intensidade dos ventos, a especialista citou a Escala de Beaufort, que varia de 1 a 12. Rajadas de 100 km/h são classificadas no nível 10, caracterizado como “ventania forte”, podendo causar danos como quedas de árvores, destelhamentos e interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Por fim, a climatologista destacou que esse tipo de fenômeno é localizado, o que explica por que algumas regiões da cidade registraram ventania acompanhada de chuva, enquanto outras sentiram apenas os fortes ventos, e algumas áreas não foram afetadas.