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Notificações de dengue e chikungunya em JF já chegam a 325

coletiva aedes by gil velloso
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O número de notificações de casos suspeitos de dengue e chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, já é o segundo maior em nove anos em Juiz de Fora. De acordo com a Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), até a última sexta-feira (22), foram registradas 325 notificações: 179 de dengue e 144 de chikungunya. Deste total, já foram confirmados 56 casos de dengue e 82 de chikungunya.

O total de notificações registradas nas primeiras oito semanas do ano já supera os registrados no mesmo período de 2010 (173) e de 2013 (224), considerados anos epidêmicos para as arboviroses – doenças cujo o Aedes aegypti é o vetor. No entanto, o número está abaixo do verificado em 2016, ano mais crítico da dengue em Juiz de Fora, quando foram registradas dez mil notificações durante as oito primeiras semanas.

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Apesar de terem sido registrados casos prováveis das arboviroses em 88 bairros de Juiz de Fora, as notificações estão mais concentradas em duas localidades. Por isso, durante o encontro foi anunciada uma força-tarefa para o combate às doenças no Bairro Borboleta, na Cidade Alta, onde foram registradas 23 notificações de dengue, localidade com maior incidência da doença na cidade. No Bairro Granjas Bethânia, na região Nordeste, as ações vêm sendo intensificadas desde o dia 14 de janeiro, época em que começou o aumento no número de casos prováveis de chikungunya.

Os dados foram divulgados pela PJF em coletiva de imprensa na tarde desta segunda-feira (25). Na ocasião, o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas (PSDB), o secretário de saúde, Paulo César Oliveira, e membros da Sala de Operações da Dengue apresentaram o atual panorama das arboviroses na cidade e as medidas que estão sendo tomadas pelo Poder Público no combate ao Aedes. Além disso, o papel da população para o sucesso das ações também foi enfatizado pelas autoridades de saúde.

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Juiz de Fora é a cidade do estado com maior casos prováveis de chikungunya em números absolutos. Proporcionalmente, no entanto, a incidência da doença ainda é considerada baixa pelo Estado, assim como no caso da dengue. A cidade também teria um caso provável de zika.

Granjas Bethânia concentra 78% dos casos de chikungunya

De acordo com o levantamento apresentado pela gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica da pasta, Cecília Kosmann, 78,5% das notificações de chikungunya – 113 das 144 – foram registradas no Granjas Bethânia. Para tentar conter a proliferação do mosquito no bairro e na região próxima, cerca de 30 agentes de endemias foram deslocados para o local, onde foi realizado um bloqueio. Além disso, segundo a Prefeitura, mais de 200 criadouros foram eliminados, 183 foram tratados com larvicida e 70 caixas d’água abertas foram vedadas e tratadas.

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Para o prefeito Antônio Almas, a alta incidência de registro da doença no local se deve, principalmente, à falta de responsabilidade de toda a população de Juiz de Fora. Em sua fala, o chefe do Executivo destacou que a saúde está intimamente ligada à prevenção e que, na prática, ainda faltam atitudes preventivas aos moradores. “Todos nós, cidadãos, temos que nos envolver diretamente nisso. É preciso uma mudança de comportamento. Os moradores precisam se preocupar com o entorno porque ele deve ser também um agente de transformação no seu bairro”, disse.

Dengue
Em relação à dengue, o Bairro Borboleta está no topo do ranking das notificações, com 23 dos 173 registros totais. Durante esta semana, uma força-tarefa estará em ação no local para que sejam feitos mapeamentos, limpeza e capina das ruas, recolhimento de entulho e possíveis autuações com residentes. Em seguida estão os bairros Benfica (14), Granjas Bethânia (7), Santa Cruz (6), Santo Antônio e São Judas, com cinco notificações cada.

Região
Segundo boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), também nesta segunda, foram registrados 30.352 casos prováveis de dengue em Minas Gerais. Sobre as cidades da região, o documento revelou que diversos municípios estão com incidência alta ou muito alta para dengue. Em Rio Pomba, cidade distante 74 quilômetros de Juiz de Fora, a incidência da doença é muito alta, com cerca de 226 casos em um total de 18.601 habitantes. Em Guarani, localizada 70 quilômetros de Juiz de Fora, a situação também está crítica. Com alta incidência, a cidade já tem registrados 45 casos em 9.407 habitantes.

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Descarte irregular de lixo é fator de risco

Fator de risco que pode aumentar o número de notificações das doenças por ser ambiente de proliferação do mosquito, o acúmulo e o descarte incorreto de lixo foram os principais pontos citados pela gestão municipal. Números da Prefeitura apontam que, entre 2018 e o início de 2019, cerca de 21 mil toneladas de lixo descartados de forma irregular foram recolhidos pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb). Deste total, cerca de 11 mil toneladas foram encontradas em 54 bota-foras irregulares. Também foram realizadas ações com acumuladores, recolhendo cerca de 350 toneladas de entulhos, no ano passado.

Além disso, são recolhidas, da varrição de ruas, cerca de quatro toneladas diárias de lixo, segundo a gerente do departamento de Vigilância Epidemiológica. “É preciso que cada cidadão se preocupe com o descarte do lixo. O descarte irregular é um problema não só para o Demlurb, mas também para a vigilância em saúde, já que o acúmulo de lixo, pneus e outros resíduos podem acumular água e ser o ambiente perfeito para o mosquito”, afirmou Cecília Kosmann.

O prefeito também fez ponderações sobre a grande quantidade de lixo que é descartada de forma incorreta pelas ruas da cidade e que tem relação direta com a proliferação do Aedes aegypti. “As pessoas descartam lixo, embalagens de foram incorreta pela ruas, jogam pelas janelas de seus carros. É uma questão comportamental, não de bairros afastados ou periféricos”.

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Ações de prevenção e controle vetorial

Segundo a Prefeitura, as ações de controle vetorial são realizadas de janeiro a janeiro, entretanto, são intensificadas em períodos chuvosos e quentes, como o atual. Além do trabalho de recolhimento de lixos e entulhos feito pelo Demlurb, a Sala de Operações realiza uma série de trabalhos de fiscalização, prevenção e orientação. O Plano Municipal de Combate à Dengue prevê o trabalho de campo realizado pelos agentes de endemias, que fazem as vistorias de imóveis residenciais e comerciais da zona urbana do município. Além da fiscalização, os agentes realizam o bloqueio de locais com alta incidência de focos, aplicação de inseticida (fumacê) e orientação da população.

Nesse sentido, o subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, salientou sobre a importância dos moradores receberem os agentes de campo em suas residências para a vistoria. “Ainda há recusa por parte da população em receber os agentes. Mesmo os agentes do Exército, algumas vezes, não são recebidos. E cerca de 90% dos focos são encontrados dentro das casas, então, é importante que a população esteja atenta, receba os agentes e acompanhe a vistoria para a orientação.”

Também têm sido realizadas ações preventivas. Blitze educativas, palestras e panfletagens são algumas das atividades realizadas pela equipe de educação da saúde.

Reforço do Exército

O Exército também atua como reforço no combate ao mosquito. No período de 1° de dezembro de 2018 a 31 de março de de 2019, cerca de 240 militares vão atuar na eliminação dos vetores. De acordo com a Prefeitura, os soldados devem atuar em toda a cidade, sendo a ordem dos bairros definida pelo Programa Municipal de Combate à Dengue, iniciando por áreas com maior incidência do vetor. Já foram vistoriados, até o momento, 54 bairros das zonas Norte, Nordeste e central.

O trabalho realizado pelo Exército é similar ao executado pelos agentes de endemias. É realizada a vistoria das casas e de estabelecimentos comerciais, para a eliminação de possíveis focos. Os militares também aplicam larvicida, quando necessário, e orientam a população em relação à eliminação de criadouros e cuidados relativos às arboviroses.

 

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