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Juiz de Fora já enfrenta surto de febre amarela

febre amarela fernando priamo
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Nesta quinta-feira, a Tribuna apurou que mais quatro pacientes com suspeita de febre amarela foram internados em Juiz de Fora desde a última sexta-feira (19). Eles foram atendidos no Hospital Universitário (HU/Ebserh) da Universidade Federal de Juiz de Fora, unidade Santa Catarina. Um deles é uma mulher, 49 anos, que morreu nesta quinta-feira. Um outro homem, de 43 anos, também teria morrido com suspeita da doença no Hospital João Penido, segundo informações extra-oficiais, mas a Secretaria de Estado de Saúde (SES), gestora do hospital por meio da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), não fornece informações sobre suspeitas de febre amarela.

Com a confirmação das internações por parte do HU, sobe para dez o número de pacientes já internados na cidade com suspeita da doença neste ano. Destes, sete morreram (ver quadro). A mulher de 49 anos é a sétima vítima fatal que passou por uma unidade de saúde em Juiz de Fora. Segundo nota do HU, enviada à imprensa nesta quinta, ela estava internada na UTI da unidade, em estado grave, e precisou ser transferida para a Santa Casa de Misericórdia para ser submetida a um transplante de fígado. A Santa Casa informou, também por meio de nota, que ela chegou ao hospital com suspeita de febre amarela e “já com quadro clínico muito grave”. Foi constatada uma piora no estado de saúde da mulher, e ela morreu por volta das 6h desta quinta, antes da realização do transplante de fígado.

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Internados
Outros dois homens, com 23 e 37 anos, permaneciam internados no hospital até o fechamento desta edição. O estado de saúde do mais velho era considerado grave. Ele deu entrada no HU nessa quarta-feira (24). Já o jovem de 23 anos estava na enfermaria, em observação, e seu estado de saúde era considerado estável. Outro homem, de 46 anos, também foi atendido com suspeita de febre amarela, mas recebeu alta após melhora do quadro clínico.

A assessoria de comunicação do hospital informou que amostras de sangue dos quatro pacientes foram coletadas para análise sorológica, para posterior confirmação do diagnóstico, mas não deu informações sobre as cidades de origem dos pacientes. Juiz de Fora é o município-sede da Gerência Regional de Saúde da Secretaria de Estado (SES) e recebe pacientes de outras 36 cidades da região. A Secretaria de Saúde do município e a SES também não têm repassado informações mais detalhadas sobre as suspeitas de febre amarela para resguardar a identidade dos pacientes.

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Mais uma morte na região

Também na manhã desta quinta-feira, um morador de Barbacena, 42 anos, morreu com suspeita de febre amarela. O homem era residente do Bairro de Fátima e trabalhava na Colônia Rodrigo Silva. Ele foi internado no Hospital Regional de Barbacena no sábado (20) e foi transferido para a Santa Casa da cidade, onde morreu. A Prefeitura informou que foram colhidos fragmentos do fígado do paciente, que serão enviados para a Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte, para confirmar se o homem estava infectado com a doença. Ainda segundo publicação da Prefeitura, no atestado de óbito do barbacenense constará síndrome de disfunção orgânica múltipla e febre hemorrágica.

Barbacena, cidade localizada a 110 quilômetros de Juiz de Fora, já tinha decretado situação de emergência por conta do surto de febre amarela na região. Nesta quinta, o governador Fernando Pimentel (PT) decretou situação de emergência também nas regiões de Barbacena e Juiz de Fora, além das regionais de Belo Horizonte, Itabira e Ponte Nova, que já tinham sido classificadas como regiões de surto segundo decreto publicado no último sábado (20).

Muriaé

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Em Muriaé, cidade distante 160 quilômetros de Juiz de Fora, duas pessoas estão internadas no Hospital São Pedro com suspeita de febre amarela. Uma delas é uma idosa de 79 anos, moradora do Bairro Safira, que teria viajado para Vitória (ES) no dia 19 de dezembro. Ela retornou para Minas dez dias depois. A outra suspeita é referente a um homem de 34 anos, morador do Distrito Federal e que estava a passeio na cidade de Barão de Monte Alto, localizada a 24 quilômetros de Muriaé, desde 22 de dezembro. Ainda conforme a prefeitura, amostras dos pacientes foram colhidas para verificar se eles estão infectados com a doença. É possível se vacinar nas unidades de saúde da cidade de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.

SES afirma que profissionais de saúde estão capacitados

A Secretaria de Estado de Saúde reconheceu que a situação de algumas regiões do estado já é de surto de febre amarela, definido a partir da ocorrência expressiva de casos da doença de forma localizada. A pasta afirmou, nesta quinta, por meio de nota enviada para responder questionamentos da Tribuna, que os profissionais de saúde do estado estão orientados quanto aos sintomas da febre amarela para a realização de diagnósticos precoces e oferta de tratamento adequado.

Questionada sobre possíveis dificuldades no diagnóstico da doença por parte dos profissionais de saúde, a secretaria informou que disponibilizou um fluxograma de atendimento para funcionários, além de web aulas e um guia de manejo clínico para contribuir com a melhoria da conduta assistencial. Ainda segundo a pasta, “equipes da SES estão atuando junto aos municípios para a avaliação sobre a capacidade assistencial e diagnóstica local, bem como de transporte para atendimento dos casos. Ações de apoio técnico quanto à imunização da população, aos fluxos de atendimento dos casos, internação, manejo clínico estão sendo desenvolvidas para a capacitação e sensibilização dos profissionais dos serviços de saúde”.

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Estão sendo notificados como suspeitos todos os casos em que o paciente relata febre de início súbito, com duração de até sete dias, acompanhada de dois ou mais dos seguintes sinais e sintomas: cefaleia, dor na coluna ou dor muscular em outras partes do corpo, mal-estar, calafrios, náuseas, tonteiras, dor abdominal, icterícia, manifestações hemorrágicas e/ou elevação de enzimas no fígado, sendo residentes ou tendo frequentado municípios da área de risco e que não sejam vacinados. Por conta da maior sensibilidade, há aumento no número de casos suspeitos.

Boletim epidemiológico

A Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório de referência para onde são enviados as amostras para realização de exames, divulgou recentemente que demora cerca de dez dias para fornecer os diagnósticos. Em casos de surto, no entanto, o prazo é reduzido para dois dias. Apesar disso, o boletim epidemiológico que confirma ou descarta se os pacientes de Minas foram acometidos por febre amarela vai continuar sendo divulgado apenas semanalmente. Questionada, a assessoria de comunicação da secretaria afirmou que a orientação, por enquanto, continua sendo esta e atribuiu o aumento do número de casos suspeitos à maior sensibilidade na notificação.

Brasil vai dobrar oferta de vacina

Segundo dados da SES, 3,5 milhões de mineiros ainda não se vacinaram, apesar do aumento da cobertura vacinal de 57% para 82% em 2017. Em Juiz de Fora, não há relatos frequentes de falta de vacina, mas em estados como São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro, a dose oferecida é a fracionada, por conta da alta procura. Mas, segundo informações da Agência Estado, a oferta de vacina contra febre amarela deverá dobrar no Brasil a partir de junho, informou nesta quinta, o ministro da Saúde, Ricardo Barros. A previsão é de que, dentro de cinco meses, estejam no mercado as doses produzidas pela parceira de Biomanguinhos e a empresa Libbs, em São Paulo.

Os imunizantes estão em produção numa fábrica da empresa localizada na cidade de Embu das Artes, mas somente poderão ser liberados após certificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Uma visita está marcada para março. Com isso, a produção mensal de vacina de febre amarela passará de 4 milhões para 8 milhões mensais. A entrada em funcionamento, no entanto está atrasada. Ano passado, a previsão era a de que os imunizantes estivessem disponíveis para uso em dezembro.

Questionado se o fracionamento de vacina contra febre amarela – que começa hoje em campanhas realizadas nos Estados de São Paulo e Rio e, dentro de alguns dias, na Bahia – havia chegado para ficar, Barros respondeu. “Não acho nada”. E em seguida emendou: “Depende do que ocorrer. Se um macaco morrer numa região onde vivem dois milhões de habitantes, vamos vacinar dois milhões de habitantes. Se morrer numa região com três milhões, vacinaremos três milhões de pessoas. Se não surgir, não vacino ninguém. Não está sob nosso controle.”

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