Atualizada às 19h35
A queda de um adolescente de 14 anos do nono andar do edifício do PAM-Marechal, no fim da manhã desta quinta-feira (24), interrompeu momentaneamente os serviços de saúde e mobilizou o Corpo de Bombeiros, Samu e Guarda Municipal, além das polícias Militar e Civil. A movimentação despertou a curiosidade de quem passava pela galeria do prédio, entre as ruas Marechal Deodoro e Mister Moore, no Centro. Segundo informações da PM, o jovem deixou uma mochila no banheiro do nono pavimento e supostamente teria subido no vaso sanitário para ter acesso ao basculante, de onde teria pulado, caindo pelo vão central em cima do telhado do 1º andar. Equipes do PAM-Marechal prestaram os primeiros socorros, mas o rapaz não resistiu, e o óbito foi confirmado pelo Samu. A ocorrência foi registrada pela PM como autoextermínio.
Dentro da mochila do adolescente foi encontrada uma prova escolar, que teria sido prestada por ele no mesmo dia. O documento permitiu a identificação da escola municipal na Zona Norte onde o garoto estudava. A direção foi avisada sobre o ocorrido e teria contatado a família. A mãe do jovem chegou à galeria no momento em que o corpo era removido pela funerária para o IML. Desesperada e aos gritos de “meu filho”, ela precisou ser amparada por uma equipe do PAM formada por enfermeira, psicóloga e assistente social. O Samu foi acionado para socorrê-la. A cena angustiante deixou muitas pessoas emocionadas.
Uma mulher, 50, que trabalhava perto do local contou que o barulho da queda foi muito forte. “Assustei, achei que uma janela tivesse quebrado e caído, porque por aqui passa muito vento.” De acordo com a assessoria da Secretaria de Saúde, o adolescente não era usuário da unidade de saúde, mas não teria enfrentado dificuldades para entrar no local, já que o acesso é público. Ainda conforme a pasta, o serviço foi temporariamente interrompido a pedido da polícia. No entanto, os cerca de mil atendimentos previstos não foram comprometidos. Mesmo com o fechamento da galeria para a remoção do corpo, por volta do meio dia, usuários com consultas e exames marcados foram recebidos por meio de um controle nas entradas.
Prevenção
Matéria publicada pela TM há cerca de dois meses mostrou que a ameaça de se matar é, muitas vezes, um pedido de ajuda e que a maioria das pessoas fala ou dá sinais disso antes de cometer o ato (ver quadro). O alerta foi feito pelo presidente da Associação Psiquiátrica de Juiz de Fora, Guilherme Henrique Faria do Amaral, no mês de prevenção ao suicídio, chamado de Setembro Amarelo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada ano, mais de 800 mil pessoas cometem o autoextermínio em todo o mundo. Isso representa uma morte a cada 40 segundos enquanto que, a cada três segundos, uma pessoa tentar tirar a própria vida.
Dados da PM mostram que, só entre janeiro e agosto deste ano, houve 31 suicídios e 60 tentativas em Juiz de Fora. Em 2012, o Brasil contabilizou 11.821 autoextermínios, ficando na oitava posição de uma lista liderada pela Índia. Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria, em 90% dos casos, os suicídios estão associados a doenças de ordem mental que podem ser diagnosticadas e tratadas, evitando sua consumação.
Mitos e verdades sobre o suicídio
Mitos
1- O suicídio é uma decisão individual
2- Quando pensa em suicídio, a pessoa terá esse risco para o resto da vida
3- As pessoas que ameaçam se matar não farão isso, querem apenas chamar a atenção
4- Quando um indivíduo mostra sinais de melhora ou sobrevive a uma tentativa de suicídio, está fora de perigo
5- Não se deve falar sobre suicídio, porque isso aumenta o risco
6- É proibido à mídia abordar o tema suicídio
Verdades
1- Os suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção da realidade e interfere em seu livre arbítrio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece.
2- O risco de suicídio pode ser eficazmente tratado e, após isso, a pessoa não estará mais em risco.
3- A maioria dos suicidas fala ou dá sinais sobre suas ideias de morte. Boa parte dos suicidas expressou, em dias ou semanas anteriores, frequentemente aos profissionais de saúde, seu desejo de se matar.
4- Um dos períodos mais perigosos é quando se está melhorando da crise que motivou a tentativa , ou quando a pessoa ainda está no hospital, na sequência de uma tentativa. A semana que se segue à alta do hospital é um período durante o qual a pessoa está particulamente fragilizada. Como um preditor do comportamento futuro é o comportamento passado, a pessoa suicida muitas vezes continua em alto risco.
5 – Falar sobre suicídio não aumenta o risco. Ao contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.
6- A mídia tem obrigação social de tratar desse importante assunto de saúde pública e abordar esse tema de forma adequada. Isto não aumenta o risco de uma pessoa se matar; ao contrário, é fundamental dar informações à população sobre o problema, onde buscar ajuda.
Fonte: Conselho Federal de Medicina
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