Para marcar o Dia de Combate ao Preconceito às Pessoas com Nanismo, neste dia 25 de outubro, a Câmara Municipal recebeu a analista de recursos humanos Roberta Vieira Dutra. Dos 400 tipos de nanismo, ela possui o mais comum, a acondroplasia óssea. Ela discursou sobre como é importante levar informações sobre a deficiência, combatendo os olhares preconceituosos e atuando em frentes que garantam o acesso.
Também destacou a importância de sensibilizar os profissionais de saúde a buscarem informações sobre como proceder com esses pacientes, de aumentar a representatividade política, e, principalmente, promover o empoderamento, a autoestima e a formação. “Os preconceitos existem, mas não paro a minha vida. Algumas coisas não são mais aceitáveis, como as piadas, a discriminação e o bullying. Temos autonomias e somos totalmente capazes”, afirmou Roberta, que propõe a criação de uma cultura inclusiva na região com mais projetos em escolas.
Roberta explicou que a maioria dos casos de nanismo são os únicos da família. Não é transmitido geneticamente. Ela destaca que é preciso interromper a mentalidade que temos até então e criarmos novas formas de olhar para essa deficiência. “Não podemos mais aceitar que as pessoas nos filmem, ou tirem fotos como se fossemos de outro planeta. Ou façam vídeos em contextos em que estejamos desconfortáveis. Temos um movimento nacional, com 100% das pessoas com nanismo, com o objetivo de informar a sociedade. Precisamos estar nas escolas, porque as crianças tendem a aceitar mais naturalmente as diferenças. Com informação, elas se tornarão adultos conscientes.”
Roberta destacou a importância de as pessoas com nanismo falarem sobre suas experiências.
“A primeira vez que falei sobre o assunto foi libertadora. Eu achava que era a única e, vendo que há muitos nessa condição, acabei me encontrando. Falar é muito importante e faz crescer essa vontade de transformar mentalidades e comportamentos. O nanismo é um mero detalhe”.
A Tribuna Livre foi aberta pela presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD), Thaís Altomar, que destacou a importância de ir além do combate ao preconceito, que é fornecer conhecimento, para quebrar a maior barreira para a inclusão das pessoas com nanismo. Ela lembrou que o nanismo é contemplado como deficiência desde 2004 pela Lei de Acessibilidade. Sendo incluída na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência em 2014. Thaís destacou que a tendência das pessoas é evitar o desconhecido. Por isso, é importante trazer a informação. “As pessoas precisam saber que podem tornar a vida das outras mais simples. Isso vai muito além do que a política pública pode fazer. Especialmente porque não custa dinheiro, não precisa passar por aprovação.”
Entre as medidas destacadas por Thaís para tornar o dia a dia das pessoas com nanismo mais simples, estão a presença de aparelhos de tecnologia assistiva, indo além do que preconiza a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). “Falar nesses aparelhos é ter, por exemplo, degrau e escadas em banheiros, como temos em macas. A ABNT é um documento norteador para engenheiros e arquitetos. Mas consultar alguém que tenha deficiência na hora de construir é muito interessante. Como deficiência, outro dia, acompanhei um amigo arquiteto, que me perguntou a importância da barra de apoio na privada. Mostrei a ele como acontece o translado e expliquei para que servem as barras.” Para Thaís, se a pessoa com deficiência não é chamada para a conversa, as legislações saem certas, mas podem não atender completamente às suas necessidades. Com esse tipo de consulta, os dispositivos podem se tornar ainda mais inclusivos, com adaptações simples.