A Polícia Federal de Minas Gerais não recebeu, até a tarde desta quarta-feira (24), determinação judicial para investigar o caso do tiroteio que resultou na morte do policial civil juiz-forano Rodrigo Francisco, 39 anos, no estacionamento terceirizado do Centro Médico Monte Sinai, na última sexta (19). A informação foi confirmada pela assessoria do órgão. Na terça, a Ouvidoria da Polícia Civil de São Paulo havia solicitado a intervenção da PF na apuração das circunstâncias que resultaram no assassinato.
Já o Ministério Público de Minas publicou na terça-feira (24), em seu Diário Oficial, uma determinação do procurador-geral de Justiça, Darcy de Souza Filho, designando cinco servidores para atuarem diretamente na ocorrência. Além dos promotores da Comarca de Juiz de Fora Juvenal Martins Folly e Cleverson Raymundo Sbarzi Guedes, está empenhada a coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), procuradora Cássia Virgínia Serra Teixeira Gontijo. Também integrantes do Gaeco, os promotores Rodrigo Gonçalves Fonte Boa e Luiz Felipe de Miranda Cheib vão acompanhar, em conjunto, “o procedimento investigatório acerca de tiroteio entre policiais civis de Minas Gerais e São Paulo, que resultou na morte de um dos agentes”.
A assessoria da Polícia Civil de Minas adiantou que os detalhes das investigações do inquérito instaurado pelo delegado Armando Avolio Neto só serão divulgados ao fim dos trabalhos. No entanto, não há data prevista para a conclusão. A PC de São Paulo também informou não haver novidades relacionadas ao caso.
De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), os quatro policiais civis paulistas autuados em flagrante por lavagem de dinheiro permaneciam presos, nesta quarta, no Complexo Penitenciário Nelson Hungria, em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte. Os delegados paulistas Bruno Martins Magalhães Alves, 30, e Rodrigo Castro Salgado da Costa, 31, assim como os investigadores de SP Caio Augusto Freitas Ferreira de Lira, 36, e Jorge Alexandre Barbosa de Miranda, 50, tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça após audiência de custódia, domingo, no Tribunal do Júri de Juiz de Fora.
Já o suposto estelionatário Antônio Vilela, 66, e possível dono das malas apreendidas com R$ 14 milhões (a maioria em notas falsas), dentro de um carro no estacionamento, durante a negociação clandestina, continua preso no Ceresp. Vilela é comerciante de Coronel Fabriciano (MG), no Vale do Aço, e também acabou ferido, com um tiro no pé, mas teve alta médica no domingo. Ele foi autuado em flagrante por tentativa de estelionato.
Jerônimo da Silva Leal Júnior, dono da empresa de segurança paulista que teria contratado nove policiais civis em serviço de escolta do executivo do ramo da engenharia e construção Flávio de Souza Guimarães, permanece internado em estado grave na UTI do Monte Sinai, sedado, porém estável. Ele foi baleado no abdômen durante o tiroteio e está sob escolta. Jerônimo responde por homicídio qualificado, porque teria disparado contra Rodrigo Francisco.
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A suspeita é de que o dinheiro falso seria trocado por dólares. Entretanto Flávio, que foi proibido pela Justiça de deixar o país após embarcar em uma aeronave e desaparecer por três dias, negou ter levado a moeda americana ou qualquer outra quantia em espécie para a cidade mineira. Em depoimento à Corregedoria da PC de São Paulo, na segunda-feira (22), ele afirmou ter viajado para “negociar empréstimos para sua empresa”. O investigado afirmou desconhecer que era escoltado por policiais, alegando ter contratado os serviços da empresa de segurança de Jerônimo.
Outros cinco policiais de SP identificados no esquema estão soltos, porque não estariam realizando a escolta no momento da negociação, mas foram autuados por prevaricação. Três policiais civis de Minas que sobreviveram à troca de tiros respondem pelo mesmo delito. Eles alegam terem ido até o local para atender a uma denúncia de pessoas armadas. Todos eles também estão tendo suas condutas apuradas nas respectivas corregedorias.
Ainda teriam envolvimento no caso o executivo Roberto Uyvare Júnior, que seria “dono de empresas situadas em França, Espanha e Brasil”, e o advogado Mário Garcia Júnior. Eles teriam viajado junto com Flávio. Outro homem, que estaria na operação clandestina, mas do lado de Antônio Vilela, ainda não está identificado. Ele seria intermediário e captador de clientes, no ramo imobiliário de imóveis rurais.