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Livro infantil conta história do Aedes para prevenir contra a dengue

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Biólogos Fábio Prezoto e Helba Helena Santos Prezoto escreveram o livro “Que mosquito é este? Aedes aegypti”. (Foto: Marcelo Ribeiro)
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“Era uma vez… um mosquito que, quando pica, a nossa vida complica.” É assim o início do livro infantil “Que mosquito é este? Aedes aegypti”, que conta uma história nada fictícia sobre o ciclo de vida do Aedes. Com o objetivo de conscientizar crianças sobre a importância de se proteger das doenças transmitidas por ele, a obra fala sobre seu comportamento e origem, destacando métodos de prevenção contra o mosquito. Ilustrado e escrito em rimas, o livro é mais um instrumento no combate ao Aedes, tema que originou a série “Fim da Picada”, da Tribuna de Minas. Nos próximos dias, o jornal trará reportagens sobre ações e métodos de prevenção contra o inseto, conhecido por transmitir doenças, como dengue, zika e chikungunya.
O combate ao vetor pode ser considerado “assunto de adulto” para a maioria das pessoas. Mas para os biólogos Fábio Prezoto e Helba Helena Santos Prezoto, professores universitários e especialistas em comportamento animal e autores do livro, o fato de as crianças cobrarem determinadas ações dos pais faz com que os responsáveis estejam mais atentos às ações de prevenção necessárias para evitar a proliferação do Aedes aegypti. Eles perceberam esse potencial nos pequenos quando, a convite de professoras de um dos filhos, deram uma palestra sobre o assunto.

“A ideia de fazer o livro surgiu com esse convite. Na ocasião, discutimos qual seria o tom dessa palestra, pois estamos acostumados a escrever artigos científicos, mas adotar o linguajar adequado para explicar essas informações para crianças de 6, 7 anos, foi um desafio. Trabalhamos, então, no sentido de deixar a comunicação mais divertida. Amaciamos as terminologias biológicas para que elas compreendessem e tivemos uma preocupação muito grande com a ilustração”, conta o professor. “Eu montei algumas imagens, e o Fábio resolveu fazer a palestra toda em rima. Ficamos apreensivos, mas as crianças prestaram atenção, ficaram curiosas e fizeram ótimas perguntas”, completa Helba.

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A obra traz o Aedes aegypti como o personagem principal, explicando como aconteceu sua chegada ao Brasil e como ele se desenvolve e reproduz. “Percebemos que havia uma lacuna de informação no que diz respeito à ecologia. O livro traz uma linguagem apropriada para crianças e, diferente dos outros livros que estão à disposição, tem abordagens sobre a biologia, o comportamento e os hábitos deste mosquito, além de curiosidades sobre o estilo de vida dele, a picada e sua origem. Fizemos com o objetivo de gerar a prevenção, e acreditamos que o livro preencheu um espaço que estava vazio”, explica Fábio.

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Assim, os professores perceberam a importância das crianças para a conscientização de toda a população. “Acreditamos que a melhor forma de prevenir é fazer um trabalho de conscientização das crianças. Vemos que é muito mais fácil elas incorporarem esse hábito em suas rotinas, como verificar se há criadouros, porque eles são vigilantes muito dedicados e ficam extremamente afiados para fazer esse tipo de busca, ainda mais que os adultos. Nós ficamos muito dedicados em épocas em que há muitos casos de dengue, mas deixamos de lado depois. Mas as crianças cobram dos pais, e isso é excelente.”

Para a professora Helba, falar sobre os hábitos do mosquito também contribui no sentido de responder perguntas simples, que ajudam as crianças a compreender os motivos para os quais determinadas ações são necessárias. “As pessoas focam muito na prevenção, mas não explicam o porquê de o mosquito gostar de água limpa, por exemplo, que está ligado ao fato de a fêmea depositar os ovos e a larva viver na água. Por isso é importante deixar a caixa d’água bem tampada. Outras perguntas são respondidas: por que só a fêmea precisa de sangue? Porque ela gera os ovos. Sabendo dessas explicações, as pessoas veem mais sentido nas ações. À medida que a criança começa a entender os motivos pelos quais ela deve se prevenir, o processo de aprendizagem ocorre de forma mais efetiva.”

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Aedes não é vilão. Cada um tem sua responsabilidade

Apesar de conscientizar sobre a necessidade de se prevenir, ao contrário do que se pode imaginar, o livro não mostra o Aedes como um vilão. “Trabalho com ecologia e percebo que uma parte da população perdeu um pouco o cuidado e o respeito com a natureza. Vivemos um momento em que enxergamos alguns animais como pragas e não os queremos dentro da nossa casa. Mas é importante mostrar que eles são seres vivos. Não foi o Aedes que, de alguma forma, criou essas doenças. Infelizmente, a fêmea precisa de sangue para gerar os ovos. Devemos nos prevenir para que eles não se aproximem tanto, mas é preciso ter respeito com os animais”, pontua a professora.

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Para ela, é preciso que as pessoas parem de culpar sempre os outros e compreendam que todos têm papel no combate ao mosquito. “A população não é conscientizada, mas informada. O fato de ter uma informação não quer dizer que as pessoas estão realmente conscientizadas sobre o tamanho do problema. Pelo processo de aprendizagem que as crianças vivem, há uma chance real de efetivamente fazer a conscientização, porque, quando elas veem água parada, elas já focam naquilo, comentam. Já os adultos têm uma tendência muito grande de colocar a culpa nos órgãos públicos, mas cada um tem sua responsabilidade. Sempre se coloca a culpa no vizinho, na Prefeitura, na pessoa que joga lixo na rua, mas é preciso refletir se eu, dentro da minha casa, estou tendo os cuidados mínimos necessários para evitar a proliferação do Aedes.”

O livro pode ser adquirido diretamente com os autores pelo telefone (32) 98823-7421.

 

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