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Juiz de Fora registra 224 desaparecimentos em 2025 até setembro

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Até 22 de setembro de 2025, Juiz de Fora registrou 224 desaparecimentos, maior número para o período desde 2019, quando a Polícia Civil passou a contabilizar os dados em painel público. Em segundo lugar aparece 2023, com 205 ocorrências, enquanto 2021 teve o menor registro, com 169. Desde o início do monitoramento, o município soma 1.852 casos, média de 0,75 desaparecimento por dia.

Um desses registros é o de Marlene da Silva Santos, de 71 anos, moradora do Bairro Costa Carvalho, na Zona Leste. A idosa está desaparecida desde 5 de agosto. Segundo o filho, Marlon Cesar da Silva Costa, ela foi vista pela última vez em casa, antes de ele sair. Ao retornar, por volta da meia-noite, já não a encontrou. No dia seguinte, registrou boletim de ocorrência. Desde então, familiares e amigos realizam buscas.

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Família busca por Marlene da Silva Santos, desaparecida em Juiz de Fora desde o início de agosto (Foto: Arquivo pessoal)

Em números estaduais, desde que o monitoramento começou, por volta de 20 pessoas desaparecem por dia em Minas Gerais – em 2025, sobe para 25. Juiz de Fora é a quinta colocada no quesito “pessoas desaparecidas ou localizadas” dentre os municípios mineiros desde 2019, atrás apenas de Belo Horizonte, Contagem, Uberlândia e Vespasiano. Em 2025, o pior mês na cidade foi abril, com 37 pessoas inseridas no quadro.

Perfil dos desaparecidos

O painel da Polícia Civil mostra que, em 2025, 61,16% dos desaparecidos em Juiz de Fora são homens. O nível de escolaridade mais comum é o de ensino fundamental incompleto (57 casos), seguido por alfabetizados (48). Quanto à faixa etária, adolescentes de 12 a 17 anos concentram o maior número de ocorrências, com 63 registros. Em seguida, aparecem adultos de 31 a 40 anos (49) e de 41 a 50 anos (33).

Nos casos envolvendo crianças e adolescentes, a Polícia Civil utiliza o sistema Alerta Amber, uma iniciativa em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o grupo Meta.

“Quando registramos ocorrências de desaparecimento de crianças e adolescentes, em que há risco de lesão corporal ou morte, comunicamos ao MJSP, que, em seguida, notifica a Meta. Após análise da empresa, as redes sociais Instagram e Facebook emitem alertas aos usuários com a foto e informações sobre a pessoa desaparecida em um raio de abrangência de 160 quilômetros de distância do local da ocorrência”, explica o delegado regional da Polícia Civil, Bruno Wink dos Santos.

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Sofrimento mental é o principal fator entre pessoas desaparecidas

Os registros da Polícia Civil indicam que os principais fatores relacionados ao desaparecimento em Juiz de Fora em 2025 continuam sendo sofrimento mental (27), uso de drogas (24) e conflito intrafamiliar (24). Também aparecem como hipóteses: inexistente (12), outros (10), ausência desaparecimento (9), ausência voluntária (8), alcoolismo (5), motivo ignorado (4), dívidas (4) e crime (1).

Na análise, a corporação considera informações comportamentais da pessoa desaparecida e detalhes do ocorrido. Esses fatores não são excludentes e podem se sobrepor em cada caso. Neste ano, 57,14% dos registros se enquadram em “primeira ausência”. Entre os desaparecidos, 49,55% fazem uso de bebida alcoólica e 41,52% utilizam substâncias tóxicas.

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Os dados também mostram que 37,05% apresentam histórico de depressão e 35,27% fazem uso de medicamentos controlados. O conflito intrafamiliar corresponde a 25,45% das ocorrências, o equivalente a uma em cada quatro pessoas. Dívidas financeiras estão presentes em 10,71% dos casos, enquanto 3,13% envolvem interdição judicial.

Polícia Civil orienta sobre procedimentos

Em entrevista à Tribuna, o delegado Bruno Wink dos Santos orienta que o familiar da pessoa desaparecida deve procurar a unidade policial mais próxima do local onde o ausente foi visto pela última vez. Segundo ele, não é necessário aguardar 24 ou 48 horas. “Uma pessoa é considerada desaparecida quando não se tem notícia de seu paradeiro, não é encontrada nos lugares que costuma frequentar. É claro que o familiar ou amigo deve considerar os costumes do ausente antes de acionar a polícia. A pessoa precisa levar o máximo de informações que tiver sobre o desaparecido.”

Dentre as informações mais importantes no momento do registro, o delegado destaca as informações sobre o local, data e hora da última vez em que a pessoa foi vista; número correto de identidade e de celular; fornecimento de dados de características físicas; possível motivação do desaparecimento (como desentendimento familiar, dependência química, aventura amorosa, problemas psicológicos ou psiquiátricos, dentre outros); e anexar foto recente do desaparecido.

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O papel da Polícia Civil nesse caso, como explica Bruno Wink, é iniciar o trabalho investigativo, recebendo o noticiante do desaparecimento. “O policial realiza uma escuta ativa, coleta as informações e inicia uma investigação preliminar, ocasião em que o responsável pelo registro poderá fazer buscas em bancos de dados internos e sistemas integrados. Em seguida o registro de ocorrência (Reds). Conforme necessidade, também é providenciada a elaboração do cartaz oficial de desaparecimento”, reforça.

“A partir desse registro, são adotados procedimentos investigativos que envolvem análise de informações disponíveis, verificação em diferentes bases de dados e, quando necessário, realização de diligências em campo. O trabalho é conduzido com a prioridade de localizar a pessoa desaparecida e garantir sua integridade. A divulgação detalhada das metodologias empregadas pode comprometer a eficácia das investigações: casos de desaparecimento podem estar relacionados a situações diversas, desde ausências voluntárias até ocorrências graves, como sequestros ou cárcere privado.”

Por fim, o delegado acrescenta que, em Minas, nos casos de diligências iniciais frustradas, a autoridade policial deve informar aos familiares da pessoa desaparecida sobre a coleta voluntária de material biológico, para fins de inserção dos perfis genéticos nos Bancos de Dados da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos. A Polícia Civil possui o site (desaparecidos.policiacivil.mg.gov.br) de pessoas desaparecidas e o atendimento é feito pelo telefone 0800 2828 197, responsável por receber denúncias sobre desaparecimentos. Há, ainda, a Delegacia Virtual.

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*Estagiária sob a supervisão da editora Carolina Leonel

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