O VII Seminário Internacional de Educação Contemporânea (SIEC), evento realizado pela Faculdade EnsinE e a Delage Educação, será realizado em Juiz de Fora nos dias 29 e 30 de setembro. O grande lema do evento é “saber educar hoje para transformar o amanhã” e traz como pautas os principais debates do setor nos últimos tempos, como inteligência artificial, neurociência, inclusão, criatividade e o papel dos professores em sala de aula, objetivando também a promoção de pessoas. O evento conta com uma programação com diversos especialistas, com destaque para o convidado Rossandro Klinjey, que é psicólogo, professor e autor de livros que falam sobre saúde emocional, educação e desenvolvimento humano. Os interessados devem se inscrever através do site do evento e conferir a programação completa por lá.
A fundadora e CEO da Delage Treinamento em Educação, Heloísa Delage, conta que o evento surgiu da vontade dela e da professora Cristina Coronha em proporcionar aos estudantes da pós-graduação o acesso a novos saberes e práticas. Sendo assim, elas começaram, anos atrás, a convidar profissionais para proferirem palestras nas áreas de educação e saúde. Desde então, o Seminário passou por muitas transformações, trazendo nomes como Augusto Cury, Mário Sérgio Cortella, Monja Coen e Leandro Karnal. “Estamos retomando após três anos de pandemia, em um momento em que as complexidades da educação aumentaram. O principal objetivo, hoje, é fomentar discussões e reflexões dos educadores, incluindo também os responsáveis e os profissionais das áreas afins, para que a gente encontre novos referenciais para a educação hoje”, diz.
O evento é direcionado a instituições públicas e privadas e, como acredita Heloísa, a troca de vivências entre diferentes experiências e contextos pode enriquecer ainda mais o evento. Para ela, isso reflete na formação do estudante atual. “O estudante hoje tem que ser contemporâneo, empático, múltiplo, aberto às transformações que surgiram, criativo e sustentável, para saber dar novas respostas às complexidades do mundo de hoje no futuro.”
Da mesma forma, Vitor Hugo Vidal Rangel Jr, realizador do SIEC como sócio da Faculdade EnsinE, deseja que todos possam participar de modo amplo e efetivo. “Se há um pai ou uma mãe, se a pessoa é educadora, se é tutora, trabalha em ambiente que exige ações pedagógicas e estratégicas, seja um ambiente escolar ou corporativo, essa pessoa será bem-vinda ao SIEC. Desejamos apenas que estejam de peito aberto e com a missão de educar melhor as crianças e os adolescentes de hoje”, diz.
A importância de realizar esse evento em Juiz de Fora, para Victor Hugo, está justamente em ser uma cidade preparada para o turismo de negócios. “Para a Zona da Mata, Juiz de Fora é uma espécie de centro, um polo de referência em diversas áreas, e não é diferente com a nossa proposta. Quantas pessoas não saem de suas casas e cidades para estudarem aqui? O que vamos fazer é promover discussões com o desejo de mudança em diversas áreas que tangem a educação na contemporaneidade.” Heloísa completa que o público-alvo pode se beneficiar ao se atualizar quanto às tendências das práticas pedagógicas, “com um direcionamento para pensar e planejar uma nova escola para 2024”.
Desenvolvimento de habilidades socioemocionais ganha destaque
Os temas elencados para essa edição primaram pela formação de habilidades socioemocionais dos estudantes. “Os novos currículos primam pelo desenvolvimento de habilidades e competências desses estudantes, mas para que ocorra esse desenvolvimento é necessário mudar a prática cotidiana da escola, compreendendo o sujeito da educação como um ser completo, integral e individual, a partir de aprendizagens contextualizadas e significativas para os alunos”, afirma Heloísa.
Tendo em vista os ataques em escolas que aconteceram no último ano, ela afirma que as palestras podem sinalizar caminhos para prevenção de casos extremos. “Nós convidamos um médico psiquiatra para abordar, de forma preventiva, como pais, responsáveis e educadores podem atuar no rastreio de crianças e jovens que apresentam algum desvio de comportamento e orientar sobre o direcionamento correto”, conta. Também será abordada a mediação de conflitos nas escolas, por meio de conversa com uma pedagoga que prima pelo desenvolvimento das habilidades socioemocionais de estudantes e gestores.
Sobre isso, Victor Hugo destaca o papel da educação emocional como um dos grandes tópicos do evento, e a conferência de abertura que será realizada por Rossandro Klinjey, com o tema “Autoconhecimento: ressignificação humana em um cenário educativo disruptivo”. “Como podemos tratar de pedagogia pura e simples sem levar em consideração todo o cuidado necessário com o emocional dos indivíduos que estão ali para aprender? Impossível”, afirma. Para ele, é preciso estimular os estudantes para que compreendam as diferenças presentes em sala de aula e para que possam antecipar questões individuais e coletivas que culminam em atos de violência cotidianos. “Nós observamos quando a coisa passa para a agressão física, mas e a psicológica e a verbal? São pontos cruciais”, diz.
Uso da tecnologia como aliada
O uso da tecnologia e das suas novas formas também é central entre as discussões propostas pelo Seminário. “A tecnologia é presente em uma sala de aula, principalmente porque quem está sentado de frente para o professor exige essa atualização: os estudantes”, afirma Victor Hugo. Para Heloísa, no entanto, trata-se de saber quando usar e preparar os estudantes para conseguirem lançar mão dos recursos disponíveis na internet de maneira apropriada. “A tecnologia é um instrumento pedagógico fundamental quando bem direcionada e dentro da faixa etária que os neurocientistas sinalizam como devida. (….) O acesso às infinitas informações que os estudantes trarão para pesquisas é inegável, porém, cabe aos professores formar o senso crítico para que o estudante possa utilizar essa ferramenta da melhor forma possível.”
Eles afirmam, ainda, que recursos como a inteligência artificial (IA) ainda podem ser grandes promessas para o meio. Como relembra Victor Hugo, foi dito pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, que no próximo ano e meio a IA se tornará imprescindível no aprendizado de Matemática e Redação. Para ele, no entanto, fica claro que esse recurso nunca vai substituir um tutor que é capaz de interpretar o não dito. “É impossível ignorar que os paradigmas são quebrados a cada instante, e que a Educação tende a absorver qualquer uma dessas quebras. Pensando nisso, é melhor que pais e professores se atualizem o quanto antes com relação às abordagens, para que não haja um descompasso tão grande entre expectativa e realidade. É claro que há barreiras para seu uso”, afirma.