Dois homens, de 30 e 34 anos, foram presos em flagrante por tráfico de drogas durante operação desencadeada pela Polícia Militar para localizar o autor de um vídeo que circulava nas redes sociais até o último fim de semana, fazendo ameaças com armas de fogo ao candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL). Um suspeito aparece nas imagens portando possivelmente uma pistola e diz frases como: “Bolsonaro, vou falar com você. No Calçadão te deram facada, mas tá vendo isso aqui?”, pergunta, citando o ataque sofrido pelo presidenciável em um ato de campanha no último dia 6 em Juiz de Fora, quando ele foi esfaqueado no abdômen por Adelio Bispo, preso em flagrante.
No início da madrugada de domingo (23), equipes da 4ª Companhia Independente de Policiamento Especializado e do setor de inteligência da 4ª Região da PM seguiram até os bairros São Benedito e Vila Alpina, na Zona Leste, à procura do homem que aparece na frente da câmera.
O suspeito, 30, foi encontrado em um bar na esquina da Avenida Agilberto Costa com a Rua Cambuquira. Ele foi abordado e submetido a busca pessoal, sendo flagrado com uma bucha de maconha no bolso. Conforme a PM, ao ser questionado sobre o vídeo, ele relatou que as imagens haviam sido gravadas em uma boca de fumo e que as armas exibidas na tela pertenciam a um jovem, 23, morador da Rua Eurico Viana.
Os militares seguiram para o endereço e interceptaram outro homem, 34, quando ele saía do ponto de venda de entorpecentes. Ele foi revistado e pego com cinco pedras de crack escondidas dentro da meia.
Os policiais contaram com apoio de cães farejadores e vistoriaram a boca de fumo, onde também foram apreendidos 86 buchas e oito tabletes de maconha, 45 papelotes de cocaína, 25 pedras de crack prontas para a comercialização e mais uma porção bruta da mesma substância, além de três balanças de precisão e R$ 30.
Já o rapaz apontado como proprietário das armas usadas no vídeo não foi localizado. Os dois presos foram levados para o plantão da 1ª Delegacia Regional, em Santa Terezinha. Segundo a assessoria da Polícia Civil, eles tiveram o flagrante confirmado pelo crime de tráfico de drogas e foram conduzidos ao Ceresp. O caso será encaminhado para investigação na Delegacia Especializada Antidrogas.
PM afirma averiguar vídeo com pedido de desculpas
No mesmo fim de semana no qual a PM realizou a manobra para prender o homem que aparecia armado fazendo ameaça ao candidato, um outro vídeo passou a circular nas redes sociais mostrando o mesmo suspeito pedindo desculpas pela gravação anterior, possivelmente após sua prisão, e dizendo que irá votar em Bolsonaro. Ele lamenta o fato à polícia, mais especificamente à PM, e afirma: “Todo mundo erra, vacilei mesmo. Estou pedindo desculpa. Isso aí não vai acontecer mais.” Em seguida, o suspeito aparece sendo obrigado por uma voz masculina a reparar o fato de maneira mais convincente e assegura: “Quero pedir desculpas à polícia de Juiz de Fora. Sou vacilão, sou comédia.” Ainda visivelmente coagido, ele diz que a polícia “sobe o morro a hora que quer”.
A assessoria de comunicação da 4ª Região da PM foi questionada pela Tribuna sobre a autoria do segundo produto audiovisual e informou, por meio de nota, que “recebeu o vídeo e também está averiguando em que situações ele foi gravado”. A PM esclareceu ter sido sua atuação focada na apreensão das armas exibidas no vídeo e direcionada para a identificação e prisão do autor presente nas imagens veiculadas nas redes sociais. “As diligências continuam no sentido de apreender as armas de fogo e prender seu proprietário. Importante destacar que a PMMG/4ª RPM sempre adotará tal postura quando houver exibição de armas de fogo em redes sociais, de forma a garantir a manutenção da ordem pública e aumento da sensação de segurança.”
Ainda na nota, a corporação reafirmou destinar “seus esforços no combate à criminalidade violenta, com foco, principalmente, na prevenção aos homicídios e na apreensão de armas de fogo”. Números divulgados pela PM apontam redução de cerca de 40% nos homicídios consumados, com queda de 88 para 53 registros, na comparação entre os anos de 2017 e 2018, levando-se em conta os períodos de janeiro a 22 de setembro. Pelo levantamento da Tribuna, que contabiliza também as mortes violentas ocorridas nos hospitais posteriormente ao crimes, mas em decorrência deles, os óbitos causados por ações criminosas caíram de 102 para 70, ou pouco mais de 30%.
A PM enfatizou ter apreendido 223 armas de fogo este ano e garantiu que os trabalhos de repressão qualificada contra o tráfico de drogas também foram reforçados.