Marcos Araújo e Vívia Lima, repórteres
Um consórcio criminoso, responsável pela entrada de drogas e celulares no Ceresp em troca de vantagens financeiras, foi desmantelado, nesta quinta-feira (24), na Operação Pente-fino orquestrada pelo Ministério Público com apoio da Polícia Militar e de agentes do sistema prisional. O esquema tinha o envolvimento de agentes penitenciários, prisioneiros e intermediários. A ação contou com a participação de duas promotoras de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Promotoria de Justiça de Combate do Crime Organizado de Juiz de Fora, de 70 policiais militares e 120 agentes penitenciários, resultando na prisão de dois agentes penitenciários que atuavam no Ceresp, um ex-agente, um intermediário e cinco presos.
Drogas e celulares foram apreendidos no interior da unidade, onde as buscas foram realizadas em 27 celas. Durante a ação foram recolhidos 14 aparelhos com baterias, 14 chips, 13 carregadores, dois chuços artesanais, três agulhas, 80 porções de maconha, um tablete da mesma substância e uma porção de cocaína. A Pente-fino também foi realizada em outros locais cujos endereços não divulgados e nem quantos alvos foram averiguados. Segundo informações das promotoras, foram dez meses de investigação com objetivo de pegar o “consórcio”.
Durante coletiva à imprensa, o diretor regional do Ceresp, Alexandre Cunha, disse que a manobra contou com apoio da Secretaria de Estado Administração Prisional (Seap), na medida em que foi descoberta a participação de dois agentes penitenciários.
Sigilo
Devido ao sigilo das investigações, Cunha não informou se há a participação de mais funcionários. Todavia, os dois servidores presos já têm participação comprovada e, em princípio, operavam somente no Ceresp. Todos os capturados serão investigados por crime de favorecimento real, que é a entrada de celular na cadeia, tráfico de drogas e formação de quadrilha.
A promotora Paula Ayres Lima explicou que a Pente-fino foi realizada a pedido do Ministério Público e teve medidas deferidas pela 3ª Vara Criminal de Juiz de Fora, contando com apoio da PM e de agentes do sistema prisional. “A investigação do Ministério Público trata de organização criminosa que atua no Ceresp relacionada ao tráfico de drogas e à entrada de celulares na cadeia. O material recolhido será analisado. A prisão dos suspeitos foi decretada por um prazo de dez dias, que deve ser o tempo para a conclusão da investigação, para que possamos ofertar denúncia”, afirmou a promotora, acrescentando que os presos ainda estão sendo ouvidos e que os documentos apreendidos ainda serão analisados. “Não temos condições de dizer qual será o resultado dessa investigação “, ressaltou. Ela afirmou que a forma como as drogas e celulares entravam no Ceresp ainda será apurada.
A Tribuna entrou em contato com o Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de Minas Gerais, (Sindasp), no entanto, a entidade afirmou que não irá se posicionar sobre a prisão dos agentes.