Juiz de Fora recebe até a próxima quinta-feira (25) os trabalhos do Instituto Hahaha. Os “doutores palhaços” passam pelos leitos infantis do Hospital Santa Casa de Misericórdia e pelas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) Luiza de Marillac e Santa Helena, levando arte e música para crianças, adolescentes e pessoas idosas. O projeto, que existe há 12 anos, tem o objetivo de levar alegria e esperança para os hospitais, instituições de educação e espaços de acolhimento.
Dois integrantes do projeto, que se apresentam como médicos especialistas em “besteirologia”, vão levar alegria e esperança para a ala pediátrica da Santa Casa de Misericórdia nesse período, e tmbém para idosos residentes nas ILPI Luiza de Marillac e na ILPI Santa Helena. Além disso, os artistas também vão ocupar duas lojas no Centro da cidade com intervenções artísticas para o público presente: nesta quarta (24), às 9h30 na Avenida Barão do Rio Branco 3217, Alto dos Passos e na Rua Halfeld 788, na mesma data, às 10h30.
Esta é a primeira vez que o projeto vem a Juiz de Fora. A iniciativa faz parte do projeto Expresso Hahaha que traz a Residência Temporária de médicos palhaços e é realizada pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, com o patrocínio da Drogaria Araujo, apoiadora do Instituto Hahaha desde 2012. Conforme a divulgação do projeto, durante as intervenções, serão utilizadas a arte da palhaçaria e a técnica do improviso, sem roteiro. “A matéria-prima para a ação artística se estabelece no momento do encontro e na permissão entre o artista e o público, tornando possível a criação de uma dramaturgia em tempo real.”
‘Arte em todo lugar’
Gyuliana Duarte, artista, fundadora e gestora do Instituto Hahaha, comenta que levar a palhaçaria para dentro dos hospitais e instituições de acolhimento é afirmar que a arte pode estar em todo lugar. “É lindo ver a potência da arte em transformar o ambiente e proporcionar mais alegria para pessoas que estão vivendo momentos de vulnerabilidade. Além disso, muitas vezes, o Hahaha leva arte e cultura para um público privado deste acesso, que pela primeira vez tem o contato direto através do palhaço ou da palhaça, por meio das intervenções artísticas do projeto.”
De acordo com o projeto, desde a fundação, em 2012, o Instituto Hahaha já fez a sua arte chegar a mais de um milhão de pessoas, entre crianças e adolescentes, idosos, profissionais de saúde, corpo técnico, acompanhantes, pais e familiares dos pacientes. Uma história de “doze anos e muitos causos”, conta Gyuliana Duarte.
“Cada encontro é único, mas alguns marcam muito, como quando fomos atender a duas irmãs siamesas na UTI pediátrica da Santa Casa de Belo Horizonte, que estavam se preparando para uma cirurgia de separação. Logo no primeiro contato, esbarramos com um grande desafio: uma queria brincar com os palhaços e a outra chorava de medo. E aí foi o jogo de cintura da dupla de palhaços, que teve uma capacidade imensa de ficar somente no campo de visão da que queria o palhaço, sem fazer com que a outra, que não gostava dos palhaços, notasse a nossa presença”, relata.
Entretanto, Gyuliana explica que como elas ficaram internadas por meses, a relação foi se estreitando e abrindo caminhos para estabelecerem e transformarem, com muito cuidado, a relação com a irmã que não gostava dos palhaços. “Nosso contato durou até quando elas se separaram, pós-cirurgia. Aí foi a prova de que a nossa relação era mesmo muito potente com as duas, pois elas já ficavam em pé, cada uma no seu berço, nos esperando chegar, agitadas para brincar e ver os palhaços batendo a cara na parede. Haja gargalhadas!”, relembra.
Improviso
Eliseu Custódio, artista, fundador e gestor do Instituto, explica que a equipe utiliza-se da arte do palhaço e da técnica de ação do jogo do improviso, que contextualiza situações da realidade, demandas sociais e emoções do momento.
“O profissional palhaço ressignifica as situações de vulnerabilidades, as demandas reais como privações de direitos, doenças, tristezas, rompimento de vínculos, abandono, risco de vida, deficiências, limitações e outras condições. E o jogo do improviso não tem script e nem roteiro: ele é infinito de possibilidades, porque a matéria-prima para a ação artística é a condição humana que se estabelece no momento do ‘encontro’ e na permissão entre artista e público para que a arte aconteça”, afirma Eliseu, que sublinha: “rir é o melhor remédio”.
*estagiário sob a supervisão da editora Carolina Leonel.