Atualizada às 11h39
Agentes socioeducativos foram agredidos durante uma rebelião ocorrida no Centro Socioeducativo localizado no Bairro Santa Lúcia, Zona Norte de Juiz de Fora, onde ficam acautelados adolescentes infratores. Um dos acautelados acabou fugindo. De acordo com informações da Polícia Militar, a situação foi registrada pouco antes das 22h de terça-feira (23), no pavilhão de internação 1. Segundo o boletim de ocorrência, os três agentes foram recebidos com hostilidade por sete adolescentes que estavam no local. Um deles agrediu com um soco no nariz um dos funcionários, 35, e outro, armado com cabo de vassoura, bateu em sua mão. Outro agente, 38, relatou que foi agredido com empurrões e um terceiro foi atingido por chutes pelo corpo. Dois dos profissionais precisaram de atendimento na UPA Norte, um com ferimentos no nariz e o outro, no joelho.
Para conter o tumulto, a PM precisou entrar no local e realizar disparo de bala de borracha. Foi utilizada também granada de luz e som para tentar dispersar a confusão. Ainda não há informações sobre feridos. Mesmo com a presença policial, um dos acautelados, de 17 anos, conseguiu fugir pulando um dos muros. Outro adolescente, também de 17 anos, tentava fugir, mas foi flagrado por agentes. O conflito só foi contido durante a madrugada. Com este caso, já são 11 as recentes fugas da unidade em menos de dois meses.
Em janeiro, integrantes da Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal de Juiz de Fora, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Associação do Sistema Socioeducativo e Prisional de Juiz de Fora (Assprijuf) realizaram visitas em todas as unidades prisionais da cidade. No Centro Socioeducativo, eles foram impedidos de entrar pela direção. “Se fomos impedidos de entrar durante as visitas, alguma coisa errada tinha. Temos que apurar mais a fundo esta situação. Só este número alto de evasões mostra que alguma coisa grave está ocorrendo”, disse o presidente da Assprijuf, Wanderson Pires. Segundo ele, agentes que trabalham na unidade apontaram que a superlotação do local e o déficit de servidores são alguns dos fatores que causaram as fugas frequentes no Socioeducativo.
A Tribuna entrou em contato com a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e aguarda posicionamento.
Onda de fugas
No último sábado, dois adolescentes, ambos de 17 anos, renderam funcionários e conseguiram fugir do local. De acordo com informações da Polícia Militar, a fuga aconteceu quando dois agentes, de 23 e 36 anos, foram até uma das celas para entregar um artesanato a um dos garotos que fugiram. A entrega teria sido um pedido de outro interno.
No início deste mês, três adolescentes que estavam acautelados no Centro Socioeducativo fugiram. A fuga aconteceu no dia 1º de maio. De acordo com informações da Policia Militar, eles teriam pulado o muro da unidade, por volta de 16h30. O trio teria fugido sentido a Avenida JK, na mesma região. Um dos adolescentes, de 17 anos, foi capturado momentos depois da fuga. Os outros dois foram pegos no final da noite, enquanto foram vistos pulando o muro de uma escola no Bairro Nova Era. Os três jovens são da cidade de Cataguases.
Já no dia 3 de abril, cinco jovens, com idades entre 15 e 18 anos, conseguiram escapar do Centro Socioeducativo. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), os acautelados voltavam para o alojamento depois de uma atividade na quadra poliesportiva, quando correram em direção à portaria. “Eles estavam armados com pedaços de madeira e materiais perfurantes.” Os agentes socioeducativos que faziam a escolta dos jovens não conseguiram contê-los. “Os adolescentes renderam o porteiro e conseguiram ter acesso à chave do portão da unidade”, informou a secretaria em nota.
Antes dessa recente onda de fugas, a última ocorrência desse tipo divulgada à imprensa foi em setembro de 2016, quando um adolescente, 17, conseguiu escapar durante a abertura do portão para uma servidora sair. Ele participava de uma oficina na parte externa do alojamento. Por nota, a Secretaria de Segurança Pública (Sesp), informou que “as forças de segurança estão empenhadas em localizá-los. A Subsecretaria de Atendimento Socioeducativo (Suase), da Sesp, já está apurando o ocorrido para avaliação.A unidade segue sua rotina.”