A vacinação em profissionais da saúde com mais de 40 anos, no drive-thru da UFJF, teve atraso nesta quarta-feira (24) pela manhã. O problema teria ocorrido porque alguns trabalhadores que não estão ligados ao público-alvo desta etapa teriam procurado o local para receber o imunizante contra a Covid-19. De acordo com a UFJF, com a dúvida em relação à vacinação, a coordenação do serviço optou por aguardar um posicionamento oficial da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) antes de dar andamento à campanha de imunização. Com a espera, a aplicação das doses, que era pra ter iniciado às 9h, começou depois das 10h, gerando filas. Até o meio-dia, o movimento no local ainda era grande.
O coordenador do curso de Enfermagem da UFJF, Thiago Nascimento, disse à Tribuna que a PJF havia tomado conhecimento de que alguns trabalhadores de saúde, que não possuíam vínculos com estabelecimentos assistenciais, estariam se mobilizando para comparecer ao drive-thru. “A partir desta informação, foi preciso retardar o início do drive-thru, para que a gente alinhasse em relação a documentação exigida para comprovar o vínculo profissional.”
Ainda conforme Thiago, que também coordena o drive-thru na UFJF, estes profissionais não foram vacinados, considerando que, neste momento, a Prefeitura está dando prioridade aos profissionais da área de saúde que têm 40 anos completos ou mais e que possuem o trabalho vinculado a estabelecimentos assistenciais e de vigilância em saúde.
Além da questão dos profissionais de saúde, outros trabalhadores, que não estariam ligados a área, mas que teriam vínculo com estabelecimento de saúde, também teriam procurado o drive-thru da UFJF. “Nós recebemos pessoas ligadas a estabelecimentos de saúde, mas com outras formações profissionais, como vigilantes e secretários, mas que, neste momento, não é prioridade ao município fazer a vacinação desse grupo”, explica Thiago.
Relatos dão conta, ainda, de que um advogado teria causado uma confusão ao tentar se vacinar, mas após conversar com os profissionais que aplicam as doses, teria se retirado.
Dúvidas quanto ao público-alvo
À tarde, a Tribuna foi procurada por profissionais de saúde que reclamaram da campanha de divulgação da Prefeitura, que teria induzido os mesmos a se deslocaram ao Campus da UFJF para obter imunização. Só lá, afirmam, descobriram que não poderiam se imunizar. O veterinário Rodrigo Guerra de Melo, que possui um consultório de atendimento é um deles. Ele explica que aguardou por mais de quatro horas na fila de vacinação e, apenas no momento de aplicação, foi informado que não poderia ser imunizado, mesmo após ter passado pela triagem.
“A Prefeitura colocou em uma publicação que a exigência seria apenas carteira profissional e uma declaração de que exercia atividade profissional atualmente. Não tinha nenhuma solicitação de documento comprovando vínculo com instituição de saúde”, conta. “Mas deu essa confusão porque, de última hora, a Prefeitura mandou uma ordem exigindo uma outra documentação de vínculo.”
Conforme Rodrigo, ele e outros profissionais seguiram o que havia sido informado anteriormente, o que gerou dúvidas ao serem impedidos de se vacinar. “Não estávamos tentando vacinar sem ter vínculo. A situação é que foi feita uma publicação durante a semana que não exigia vínculo”, afirma. “Nós, como profissionais, estávamos incluídos. Se não fosse nossa hora de vacinar e estivesse na publicação, não teria me preocupado. O que me deixou indignado foi ter saído de casa, ficado lá entre 7h e 11h30, e não vacinar por falta de informação da Prefeitura.”
Como constatado pela reportagem, uma publicação no site da PJF desta segunda-feira (23) dizia que “no momento da vacinação, todos os profissionais de saúde deverão apresentar documento (original e cópia) da carteira de registro do Conselho de Classe e também um documento que comprove a vinculação ativa do profissional ou apresentação de declaração que comprove o exercício da atividade”.
Outra publicação, divulgada às 11h47 desta quarta (24), quando a vacinação já estava em andamento, trazia a mesma informação, mas com o complemento de que o documento do exercício da atividade deve ser “em estabelecimento de saúde assistencial”.
Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora confirmou o atraso na vacinação na UFJF devido a mobilização de profissionais que não prestam serviços assistenciais em saúde ou em vigilância em saúde para se vacinar. “Devido à situação, a equipe de vacinação da UFJF optou por iniciar somente após a chegada do Subsecretário de Vigilância em Saúde, Gustavo Felinto, que ressaltou as informações de quais eram os públicos que deveriam ser vacinados neste momento.”
PJF confirma motivação do atraso
Em nota, a PJF confirmou o atraso na vacinação na UFJF devido à mobilização de profissionais que não prestam serviços assistenciais em saúde ou em vigilância em saúde para se vacinar. “A equipe de vacinação da UFJF optou por iniciar somente após a chegada do Subsecretário de Vigilância em Saúde, Gustavo Felinto, que ressaltou as informações de quais eram os públicos que deveriam ser vacinados neste momento.”
Interpelada pela Tribuna sobre qual seria o público-alvo, a Administração informou que a vacinação contempla, no momento, os profissionais que atuam em espaços e estabelecimentos de assistência e vigilância à saúde, sejam eles hospitais, clínicas, ambulatórios, laboratórios e outros locais.
A PJF explica que, seguindo portaria do Ministério da Saúde, o grupo para vacinação compreende os profissionais da saúde como biólogos, biomédicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, médicos, médicos veterinários, nutricionistas, odontólogos, psicólogos, assistentes sociais, educadores físicos e técnicos em radiologia.
No caso, apenas serão vacinados os profissionais que atuam em estabelecimentos de saúde que prestam assistência e vigilância, com vínculo ativo, ou seja, profissionais da área assistencial de saúde, estabelecimentos vinculados ao SUS ou a rede privada de saúde. “Ressaltamos que todos os trabalhadores da saúde serão imunizados, os grupos são grandes, por isso é preciso fazer a vacinação de forma gradativa.”
A Administração ainda esclareceu que, um ofício da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, de 12 de março de 2021, define que “os trabalhadores dos demais estabelecimentos de serviços de interesse à saúde (exemplos: academias de ginástica, clubes, salão de beleza, clínica de estética, óticas, estúdios de tatuagem e estabelecimentos de saúde animal) não serão contemplados nos grupos prioritários elencados inicialmente para a vacinação”.
A PJF informou que houve, também, atraso na vacinação em algumas Unidades Básicas de Saúde (UBS), entretanto, neste caso, a demora ocorreu “devido a um problema no carro da Subsecretaria de Vigilância em Saúde ( SSVS) que abastece as unidades durante a manhã”.
O drive-thru continua nesta quinta-feira (25), entre 9h e 16h, no Campus da UFJF.