Duas tentativas de golpe contra familiares de pacientes internados no Hospital Monte Sinai foram registrados pela Polícia Militar na quarta-feira (22). Apesar de os estelionatários não terem conseguido emplacar os assédios, os casos reacendem a preocupação em torno da modalidade criminosa, que já teve como alvo outros hospitais de Juiz de Fora. Matéria veiculada pelo Fantástico da Rede Globo, no último domingo, mostrou que, em várias partes do país, golpistas aproveitam a fragilidade do momento que as famílias estão vivendo. Eles se passam por médicos ou funcionários a fim de obter depósitos em dinheiro para quitar falsos exames ou procedimentos, os quais, na argumentação deles, não seriam cobertos pelos planos de saúde.
Até parentes do ex-governador do Rio Anthony Garotinho foram alvo do crime conhecido como “golpe da UTI”, quando ele foi internado ao passar mal após ser preso, em novembro do ano passado. Ainda conforme a reportagem, algumas ligações partem de dentro das unidades prisionais. A forma como os criminosos conseguem acesso a dados sigilosos de pacientes ainda não foi desvendada, mas há suspeita de que eles se passariam por integrantes do corpo clínico para obter informações via telefone antes de atacarem as vítimas.
Em um dos casos de Juiz de Fora, uma mulher de 62 anos recebeu telefonema de um homem que se identificou como diretor da equipe médica do Monte Sinai, onde o marido dela estava internado. Ele alegou que precisava de um depósito no valor de R$ 3.850 para pagamento de exames. Desconfiada, a vítima seguiu até o hospital, onde foi informada que o homem citado não era funcionário e que o paciente não possuía despesas pendentes. A mulher foi orientada a registrar boletim de ocorrência.
Da mesma forma, outra mulher, 28, relatou à PM ter recebido uma ligação dizendo que sua mãe, 66, internada no CTI do mesmo hospital desde o dia 30 de janeiro, precisava fazer exame de tomografia 3D, não coberto pelo plano, a ser realizado por empresa terceirizada, no valor de R$ 3.950. O golpista também se identificou como diretor, e a conta informada para depósito pertenceria à médica diretora da citada clínica. A vítima entrou em contato com o hospital e o plano de saúde e confirmou se tratar de um estelionato.
Familiares alertados
Segundo a assessoria de comunicação do Monte Sinai, o hospital já tem tomado diversas medidas para alertar os familiares sobre essas tentativas de golpe. Há três anos, quando foram registrados os primeiros casos, o hospital adotou o procedimento de, em cada admissão de paciente, entregar o documento ao acompanhante informando as formas de cobrança, para evitar golpes e assédios. A assessoria acrescentou que todas as medidas preventivas em termos de segurança foram tomadas, inclusive jurídicas, para que as informações dos pacientes não sejam rastreadas. Nos quartos também há um regulamento onde é informado, durante a internação, que só a tesouraria pode fazer fechamento de conta. “Não é feito nenhum contato telefônico com paciente ou familiar para cobrança”, enfatizou a assessoria.
Ainda conforme o hospital, além do sigilo natural que cerca o prontuário, medidas extras de segurança de informática estão sendo tomadas para evitar que qualquer tipo de informação seja repassada. “As tentativas de golpe vão se aperfeiçoando, mas estamos apurando para verificar se serão necessárias novas medidas de proteção. Estamos atentos a todas as instâncias.” Segundo a assessoria, no caso de estranhamento a qualquer pedido em nome do hospital, a pessoa pode procurar o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) do Monte Sinai.
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