Retomar as ações de enfrentamento à violência propostas pelo 1º Fórum Segurança Pública de Juiz de Fora foi o objetivo da reunião, realizada na tarde desta terça-feira (24), na Secretaria de Governo da Prefeitura. No encontro, ficou definida que haverá uma sessão ampliada com todos os setores envolvidos no dia 26 de março, na qual é esperada a presença do secretário de estado de Defesa Social, Bernardo Santana de Vasconcellos, que receberá as demandas locais de combate à insegurança. Também foi anunciado para a primeira quinzena de abril a realização do II Seminário de Enfrentamento da Violência promovido pela Comissão de Segurança da Câmara Municipal em parceria com Polícia Civil, UFJF, Prefeitura e OAB.
O secretário de Governo, José Sóter de Figueirôa, explicou que, após o fórum, ocorrido em setembro do ano passado, as ações ficaram estagnadas em função do período eleitoral e da incerteza dos nomes que ocupariam os cargos e que, naquela época, uma declaração com propostas para melhorar a segurança da cidade foi entregue ao então candidato ao posto de governador mineiro, Fernando Pimentel (PT).
Agora, segundo Figueirôa, está na hora de começar a colocar em prática os planos traçados. “Juiz de Fora precisa de ações a curto, médio e longo prazos. Não podemos ficar de braços cruzados”, afirmou o secretário, lembrando que a ideia era transformar o fórum em um espaço permanente de debates e, por isso, ficou acordado ontem que serão realizadas reuniões a cada dois meses. “O objetivo é fazer um acompanhamento das iniciativas propostas a fim de colocá-las em prática”, asseverou Figueirôa. Entre as propostas definidas no ano passado, estavam a implantação do programa “Fica vivo”, cujo objetivo é controlar e prevenir a ocorrência de homicídios dolosos em áreas com altos índices de criminalidade violenta; a instalação do Centro Integrado de Atendimento ao Adolescente Autor de Ato Infracional (CIA), que trata de forma especializada e concentrada as ocorrências envolvendo o jovem; além de metas para combater a venda e o consumo de drogas na cidade.
Figueirôa ressaltou que o enfrentamento à violência só terá êxito se as ações forem integradas, contando com a participação de todos os órgãos envolvidos. A delegada Regional, Sheila Oliveira, concordou com o secretário e disse que Juiz de Fora tem o privilégio de contar com uma sede da Polícia Federal. “Temos que trabalhar juntos, pois a cidade fica numa área de fronteira, perto do Rio de Janeiro, e, com as intalações das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), temos que redobrar nossa atenção. Assim, o ideal é contar com o apoio da Polícia Federal, principalmente no serviço de inteligência”, avaliou a policial. Ainda segunda ela, é preciso um enfrentamento maçico contra as mortes violentas e que, por isso, foi criada, no ano passado, a Delegacia Especializada em Homicídios. “Desde sua criação, já foram mais de 50 prisões e inquéritos concluídos. Hoje (ontem) o titular da especializada me disse que já tem mais 28 inquéritos prontos para encaminhar à Justiça. Assim, nesse ano, vamos colher os frutos que plantamos em 2014”, afirmou Sheila, lembrando que também foram criadas as especializadas em Roubo e Antidrogas. “Foram mais de duas toneladas de drogas apreendidas. É um ponto importante dentro da segurança, porque tudo começa pela droga”, destacou a delegada.
Funcionamento de postos policiais é cobrado
A Polícia Militar, também presente no encontro, ratificou o discurso a respeito da necessidade do trabalho integrado para o enfrentamento à violência. O subcomandante do 2º Batalhão da PM, major Sávio Pires, ressaltou que a segurança pública não é só caso de polícia e que precisa ser tratada com uma abordagem interdisciplinar. O vereador Vagner Oliveira (PR), membro da Comissão de Segurança, apontou a necessidade de funcionamento de postos policiais nas comunidades, principalmente nas entradas do município, como nos bairros Teixeiras e Grama. “Juiz de Fora tem suas portas muito abertas. Precisamos que esses postos estejam à disposição da população e tê-los como referência. Podíamos formar parcerias para reformá-los a fim de que voltem a funcionar, pois iriam fazer a diferença”, pontuou o vereador.
Como justificava para o não funcionamento dos postos, o major Sávio, informou que os postos fixos não fazem mais parte da política da PM, que lança mão de bases móveis em áreas de maior incidência de crimes. “Estamos mandando uma base móvel para Filgueiras, para melhorar a sensação de segurança daquela comunidade”, ressaltou o militar, fazendo referência ao crime registrado, na última sexta-feira, envolvendo adolescentes como suspeitos de assassinarem brutalmente dois homens perto de uma caixa d´água. Uma das vítimas apresentava, pelo menos, 26 perfurações à faca, enquanto a outra sofreu oito golpes.
O chefe da seção de Planejamento e Operação da 4ª Região da PM, major Robson Garrido, ressaltou que, em dezembro do ano passado, graças ao esforço do comando da PM local, a corporação ganhou o reforço de cem policiais que foram distribuídos entre os 2º e 27º Batalhões e a 4ª Companhia de Missões Especiais. “Ainda não é o ideal, mas já faz parte das melhorias para a segurança na cidade.”