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Chuva forte e alagamento causam transtornos no Santa Luzia

alagamento Santa Luzia Reproducao redes sociais

Foto: Reprodução/Redes sociais

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A forte chuva que caiu em Juiz de Fora na tarde desta terça-feira (24) causou inúmeros transtornos em diferentes pontos da cidade. O mais afetado foi o Bairro Santa Luzia, na Zona Sul. Nele, pessoas ficaram ilhadas por conta da cheia do córrego, que mais uma vez transbordou invadindo casas e comércios. A última enchente na região ocorreu há pouco mais de um mês, no início de dezembro.

Conforme o Corpo de Bombeiros, a corporação foi solicitada para diversos atendimentos. Por volta das 16h, quando a chuva estava mais forte, os bombeiros tiveram que resgatar duas pessoas que ficaram ilhadas dentro do carro na Avenida Ibitiguaia, altura do número 972. Além disso, o motorista de um ônibus que faz a linha 106, com pelo menos seis passageiros no interior, também solicitou atendimento após ficar ilhado. Às 17h30, cerca de duas horas depois, o Corpo de Bombeiros informou que o nível das águas havia abaixado e que os veículos afetados encontravam-se estáveis.

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Os militares também foram acionados para atendimento em uma casa, com cerca de seis pessoas presas, entre elas uma idosa de 80 anos. Segundo os bombeiros, os familiares estariam isolados por conta da cheia do córrego. Moradores também solicitaram ajuda dos bombeiros para resgatar animais domésticos que ficaram presos do lado de fora de casa enquanto o nível do rio subia.
Foram enviadas três viaturas para o bairro, além do barco dos Bombeiros, com cerca de 12 militares. A Defesa Civil também foi acionada para as ocorrências. A rua foi interditada para limpeza do Demlurb e, até o fechamento desta edição, por volta das 19h30, permanecia fechada.

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Veja fotos:

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Foto: Associação de Moradores do Bairro Santa Luzia

Moradores relatam susto com nível da água

A Tribuna esteve no bairro na tarde desta terça e conversou com moradores e comerciantes. Há 15 anos trabalhando em uma loja de materiais de construção localizada na Rua Ibitiguaia, Guilherme Araújo contou à reportagem que nunca viu um alagamento no nível que ocorreu na tarde desta terça. “Hoje foi a pior chuva de todas. Em dezembro encheu, mas foi raso, agora bateu 20 centímetros dentro da loja”, disse. Os funcionários do estabelecimento, que fica a cerca de um metro da via, conseguiram resgatar alguns itens, mas outros, como argamassa e portas, foram afetados pelas águas, que tomaram a loja.

Morador do Bairro Santa Luzia, Israel dos Reis estava no interior do estabelecimento enquanto aguardava a enchente abaixar para retornar à sua residência. “Estava de carona com meu colega, que me deixou aqui. Não deu tempo de ir embora para casa”, conta. “Corri para a parte mais alta para não ter que atravessar a rua, está perigoso. Toda vez que chove, aqui alaga.”

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Diante dos estragos causados pelo alagamento, Gleice Nonato compareceu à loja de materiais de construção para comprar uma galocha para ajudar na limpeza da farmácia onde trabalha. Ela estava a caminho do trabalho quando a enchente ocorreu. “A farmácia está toda alagada, houve muita perda de medicamento”, diz. “Comprei a galocha para poder ajudar, porque a farmácia está lama pura.”

Sócio-proprietário de uma agropecuária em Santa Luzia, Marcos Antônio Ferreira estima uma perda de R$ 30 mil no estabelecimento. Segundo relato dele à Tribuna, a inundação atingiu diversos itens na loja, especialmente ração. “Estava no alto, mas ninguém estava esperando, porque, a cada dia que passa, a enchente está só levantando”, conta. Ele também é dono de um hortifruti, onde conseguiu evitar maiores estragos.

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Volume de chuva

De acordo com dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), até as 16h30 desta tarde, os pluviômetros localizados nos bairros Santa Efigênia e Ipiranga, na Zona Sul, registraram 60,8mm e 45,5mm de precipitação, respectivamente.

O Bairro Santa Luzia registrou uma enchente similar recentemente, em dezembro do ano passado. Na ocasião, um forte temporal fez o Córrego Santa Luzia transbordar. Carros foram levados pela enxurrada, e o comércio local foi atingido, causando prejuízos a lojistas, que tiveram seus estabelecimentos tomados pela água e pela lama.

Projeto de lei de enfrentamento a enchentes foi enviado à Câmara

No último dia (9), a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) encaminhou um projeto de lei à Câmara Municipal solicitando autorização para que o Município possa contratar um novo financiamento para o custeio de grandes obras de infraestrutura na cidade. Os recursos seriam voltados para o enfrentamento de problemas históricos de enchentes e alagamentos nos bairros Industrial, Santa Luzia, Mariano Procópio, Democrata, Linhares e na Rua Cesário Alvim.

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Na coluna Painel, publicada nesta segunda-feira (23), a Tribuna adiantou que, no momento, o projeto de lei está parado na Comissão de Legislação, Justiça e Redação e deve voltar a caminhar após o recesso parlamentar, que se encerra em 1º de fevereiro.

Em nota, a PJF reforçou que as obras de macrodrenagem “ainda dependem de aprovação da Câmara Municipal para serem iniciadas”. Questionada sobre medidas paliativas para minimizar as ocorrências de inundação que têm sido registradas no município, a Administração municipal informou que, ao longo do ano, realiza trabalho voltado para prevenção.

“Em 2022, foram realizadas ações preventivas como o desassoreamento do Rio Paraibuna, a limpeza dos córregos, a limpeza de quase 2.500 bocas de lobo e a poda ou
corte preventivo de quase três mil árvores, além de terem sido realizadas mais de 700 vistorias preventivas da Defesa Civil”, diz, no texto.

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Ainda segundo a PJF, a ordem de prioridade para limpeza de bocas de lobo e córregos é definida por meio de análise técnica da Defesa Civil. Ainda na nota, a Prefeitura aponta que trabalha de maneira integrada para atender às demandas emergenciais causadas pelas chuvas.

‘Fica mais óbvio que a cidade vai ter que fazer um enorme investimento’

Em vídeo publicado em suas redes sociais, a prefeita Margarida Salomão (PT) informou que, entre 16h e 17h, choveu 60 milímetros na região do Bairro Santa Luzia. “Nós, mais uma vez, estamos enfrentando tantas consequências dessa desordem climática, como também o fato de que nós não estamos preparados para enfrentá-la. Não estamos”, disse. “Fica mais óbvio que a cidade vai ter que fazer um enorme investimento para que nós não tenhamos a repetição dessas cenas.”

Como destacado pela chefe do Executivo, a Defesa Civil está no local para dar assistência às pessoas que tiveram suas casas invadidas pela água. Além disso, outras equipes da Prefeitura, como do Demlurb e Empav, atuam no local para fazer a limpeza. “Mais uma vez, São Pedro cria essa situação para nós pensarmos. Juiz de Fora não pode mais esperar, está na hora de fazermos um investimento resolutivo, uma obra que resolva de vez esses problemas.”

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