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Podcast Corpo a Corpo vai em busca dos mistérios da Mata do Krambeck

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O portão que separa a Mata da Avenida Brasil carrega o nome do patriarca da família, Henrique Krambeck (Foto: Nayara Zanetti)

A Mata do Krambeck, maior remanescente da Mata Atlântica em Juiz de Fora, por muito tempo ficou trancada por trás de um grande portão de ferro, com frente para a Avenida Brasil, próximo ao terminal rodoviário da cidade. A estrutura, já antiga, desperta a curiosidade de quem passa por perto e não sabe ao certo o que ela guarda. É partindo dessa pergunta que o terceiro episódio do podcast original da Tribuna de Minas, “Corpo a Corpo”, se desenvolve. No último mês, a reportagem buscou desvendar os mistérios da Mata do Krambeck e leva o ouvinte nessa jornada. O episódio está disponível a partir deste domingo (23), no Spotify da Tribuna de Minas.

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Propriedade da família Krambeck. Foto tirada durante a visita do governador Romeu Zema, em maio (Foto: Fernando Priamo)

Um castelo, uma casa mal-assombrada, um lindo jardim são alguns dos palpites sobre o que existe por detrás do portão. De fato, o que se sabe é que a imensidão verde que margeia o Rio Paraibuna é a maior área preservada de Juiz de Fora e, por muito tempo, ficou inacessível ao público. A Mata do Krambeck possui aproximadamente 374 hectares e, historicamente, é formada por três sítios: Retiro Velho, Retiro Novo e Sítio Malícia, que veio a se tornar o Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A mata recebe esse nome em homenagem ao alemão Detlef Krambeck, que em 1872 se radicou em Juiz de Fora e, mais tarde, adquiriu os três sítios para atender suas necessidades comerciais.

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Durante todo o período em que os sítios pertenceram à família Krambeck, o grande portão na Avenida Brasil sempre ficou fechado. Uma área tão grande, onde poucos puderam entrar, se tornou terreno fértil para imaginação. No podcast, as repórteres conversam com o professor da Faculdade de Letras da UFJF e autor de livros de terror Anderson Pires da Silva, que explica que o imaginário acerca das matas sempre esteve presente no folclore brasileiro, como cenário para os “causos” e histórias que os mais antigos contavam. “No caso da Mata do Krambeck, o fato de as pessoas nunca terem entrado funciona como mais um elemento que aguça a curiosidade. A gente passa por aquele portão e se pergunta, ‘o que tem ali?’. Então ela soma esse conceito do desconhecido da mata fechada com a ideia do inacessível.”

Onça-pintada ou pajé?

Espécie em extinção, uma onça-pintada tumultuou a cidade em 2019 (Foto: Arquivo TM)

De histórias de fantasma à volta de um pajé na forma de onça, os mitos que rondam a mata tiveram papel de destaque no episódio e funcionam como uma forma de manter viva a cultura e história da região. Inclusive aqueles mitos que não são tão mitos assim, como a aparição de uma onça-pintada no Jardim Botânico da UFJF em 2019. Quem ficou responsável por contar essas histórias foram aqueles que no seu dia a dia lidam com o desconhecido da floresta: os moradores da região e os monitores do Jardim Botânico. No podcast, você conhece a história do fantasma da Veruska, uma mulher vestida de branco, que ronda o lago do Jardim Botânico e, diz a lenda, teria se suicidado no local muito tempo atrás. Além disso, entra, literalmente, no porão da casa-sede, que durante anos foi o refúgio de veraneio da família Krambeck.

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Para além das lendas e mitos, o episódio trata da importância da conservação da mata que abriga uma grande diversidade de espécies da fauna e flora. O atual vice-diretor do Jardim Botânico, Breno Motta, aborda a importância da região, que sobreviveu ao desmatamento proporcionado pelo ciclo do café que assolou toda a Zona da Mata na década de 1840. “Essa área onde hoje é a Mata do Krambeck funciona como um lugar que é abrigo para fauna. A gente tem várias espécies de aves, anfíbios, mamíferos, o que é maravilhoso. Já teve a passagem de uma onça-pintada, recentemente a gente registrou uma jaguatirica, onça-parda, lobo-guará. A mata funciona como um abrigo que, se não ocorresse aqui na cidade, os animais não teriam como sobreviver em uma área tão próxima do centro urbano. A Mata do Krambeck serve como um oásis para os animais e também para a população.”

Criação do Parque Estadual Mata do Krambeck

Mas o que, por muito tempo ficou fechado ao público, finalmente será aberto. Em 2022, foi anunciada a criação do Parque Estadual da Mata do Krambeck em toda região que pertence aos sítios Retiro Novo e Retiro Velho. O despacho governamental foi assinado pelo governador Romeu Zema (Novo) em cerimônia realizada em maio deste ano. Como explica a analista ambiental do Instituto Estadual de Florestas (IEF), atual gerente da Mata do Krambeck, Renata Meireles, o que muda com a criação do parque, além da abertura para visitação, é a gestão do espaço.

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“A Área de Preservação Ambiental (APA), que é a APA Mata do Krambeck, é uma Unidade de Conservação Estadual protegida por lei, por meio do Sistema Nacional de Unidade de Conservação. Nós temos aqui hoje uma unidade de conservação de uso sustentável. Assim que nós publicarmos o decreto, ela vai ser uma unidade de conservação de uso integral, vai ser de uso e domínio públicos. Nós do IEF vamos ter de fato a gestão desta unidade. Hoje, enquanto área de proteção ambiental, o IEF já tem essa gestão, mas, mesmo assim, por ser uma unidade em uma área privada, nós temos que ter autorização para entrar, embora nós tenhamos as autorizações para pesquisa científica.”

Você escuta a verdadeira história da Mata e também as versões que o povo conta no terceiro episódio de “Corpo a Corpo”. Para ouvir é só acessar o Spotify da Tribuna de Minas, onde também estão disponíveis os dois primeiros episódios: “O busão tá lotado” e “Quem faz a Festa Alemã”.

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