Em busca de se internacionalizar, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) tem recebido intercambistas de todo o mundo por meio do projeto Buddy. Em setembro deste ano, seis alunos da Busan University of Foreign Studies (BUFS), da Coreia do Sul, vieram realizar um intercâmbio na UFJF, com duração de um ou dois semestres, em busca aprimorar a Língua Portuguesa e aprender mais sobre a cultura do Brasil. Eles não são vinculados a um curso específico, sendo livres para escolher disciplinas em qualquer faculdade ou instituto da UFJF.
Para além do intercâmbio na universidade, por meio das aulas realizadas pelos intercambistas, o projeto, realizado em parceria com a Diretoria de Relações Internacionais (DRI), também designa participantes brasileiros, denominados de “buddies”, para acolher e auxiliar os estudantes internacionais na UFJF. Os alunos brasileiros são os “primeiros amigos” dos estudantes estrangeiros, e atuam ajudando os parceiros a se comunicarem e a lidarem com questões burocráticas, proporcionando a troca de culturas de maneira mais intensa.
Esse intercâmbio entre culturas traz desafios. Entre eles, os buddies brasileiros apontam dificuldades para os estrangeiros se adequarem aos costumes brasileiros e a Língua Portuguesa. É o que diz Isabel Gutruf, que tem 23 anos, estuda Direito e é buddy de Seongmin Park, que possui o nome de Breno no Brasil, para facilitar o contato. Ela conta que seu interesse no projeto veio do fato de ter morado fora do Brasil, sabendo como é difícil estar em outro país com a cultura totalmente diferente e ter que se comunicar em uma língua que não conhece muito bem.
No caso de quem faz intercâmbio no Brasil, Isabel conta que uma das dificuldades é a questão das gírias, já que os brasileiros utilizam muitas e se comunicam majoritariamente de modo informal. “Ensinar essas gírias e formas de comunicação próprias do Português é muito difícil, ainda mais quando se considera que a lógica da língua coreana é completamente diferente. Só pelo fato de se basear em um alfabeto completamente diferente, já dá pra imaginar a dificuldade”, afirma a estudante de direito.
Brasileiros também aprendem
Na contramão, os estudantes brasileiros também acabam aprendendo. Tendo participado outras duas vezes do projeto, Andreza Basso, de 32 anos, que cursa Administração, diz que é um grande prazer aprender sobre a cultura coreana, poder trocar experiências e conhecimentos sobre culinária, com a sua buddy Geumju Lee, que possui o nome brasileiro de Amanda. Andreza diz que explicou como funcionava o processo eleitoral brasieleiro para a intercambista e perguntou sobre como são as eleições da Coreia do Sul.
Além disso, elas tentam se comunicar de forma mais devagar e fazer traduções o mínimo possível. Quando é necessário, elas utilizam ferramentas on-line para traduzir algumas palavras quando não entendidas, para que a estudante coreana aprenda bem o Português e possa falar a língua como se fosse nativa.
Mariana Quaresma, estudante do curso de Turismo, tem 19 anos e é buddy da Jeon-eun Kim, denominada Rita no Brasil. Ela diz que o intercâmbio de culturas está sendo muito interessante e rico, sendo a comunicação também um dos maiores desafios. “Esses dias, a Rita me disse que estava com muita vontade de comer raiz de lótus, e eu nem sabia da existência dessa comida. Aparentemente eles consomem bastante na Coreia, estamos tentando encontrar para ela aqui.” Segundo ela, Rita está gostando bastante do Brasil, sendo a Universidade a sua parte preferida, mas ela também quer conhecer melhor Juiz de Fora.
UFJF mais conhecida em outros países
Clarissa Campos Figueirôa, servidora do núcleo de Acordos e Incoming (recepção) da UFJF, diz que receber intercambistas possui diversas vantagens, tanto para instituição como para os alunos da Universidade. “É uma excelente oportunidade para que os nossos alunos tenham contato com outras línguas, outras culturas e formas de ensino”, afirma.
Clarissa também salienta que a recepção desses alunos é uma forma de tornar o ambiente universitário cada vez mais internacional e também de reforçar o nome da UFJF em outros países. “Não basta que sejamos conhecidos e reconhecidos localmente, é preciso que também tenhamos projeção internacional, e isso contribui não só para a colocação da UFJF em rankings universitários, como também para a reputação dos nossos egressos no mercado de trabalho.”
Ela ainda diz que no próximo edital de intercâmbio (Pii-Grad), a UFJF planeja mandar alunos para a Coreia do Sul. Em Juiz de Fora, para o ano que vem, são esperados alunos de países como Japão, Dinamarca, Holanda, entre outros.