Seis meses depois de um abraço simbólico em frente ao prédio de seis andares interditado há seis anos por risco de desabamento, na Rua Custódio de Rezende Bastos, moradores do Bairro Jardim dos Alfineiros, Zona Norte de Juiz de Fora, voltam a cobrar das autoridades a demolição urgente da estrutura. Desde que a Defesa Civil condenou a edificação, em 31 de janeiro de 2016, os residentes no bairro convivem com o medo diário de que a construção, cada vez mais deteriorada, venha a ruir, causando uma tragédia, já que há moradias vizinhas ocupadas.
Desta vez, o temor da população é decorrente da ação de moradores em situação de rua, que moram no local ou frequentam o espaço. “Eles começaram a quebrar e derrubar paredes do prédio para retirar as estruturas de ferro e guarnições de janelas e portas, aumentando ainda mais os riscos de desabamento”, conta o presidente da Associação de Moradores do Bairro Jardim dos Alfineiros, André Luiz dos Santos. “Estamos enfrentando novamente um grande problema em relação ao prédio condenado.”
Mesmo com as vistorias realizadas periodicamente pela Defesa Civil no endereço, André pondera que os residentes no entorno não se sentem seguros. “Nesta administração municipal, a Defesa Civil, de fato, tem vistoriado e acompanhado. Na última vez que conversei com um engenheiro, há uns meses, ele disse que os riscos estão cada vez maiores, porque a estrutura está ficando cada vez mais deteriorada por causa do tempo e, também, pelo fato de terem sido furtadas quase todas as escoras. Hoje em dia quase não tem escora de ferro lá.”
O presidente da associação avalia que quem sofre mais são os moradores próximos à construção. “As casas estão interditadas pela Defesa Civil, mas as pessoas continuam morando, convivendo com aquele sofrimento de saber que estão ali correndo riscos de, a qualquer momento, a estrutura desabar e acontecer algo com as famílias.”
Diante disso, a entidade solicita que a administração municipal tome uma atitude. Em 2019, decisão judicial determinou que a construção fosse demolida pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), devido ao risco de colapso. Em 2020, na ocasião dos cinco anos de condenação do edifício, a PJF informou que não havia orçamento para colocar o imóvel no chão, em 2021, e ponderou que a Defesa Civil faria vistorias mensais para monitorar a situação, a fim de evitar danos para a população. Já em fevereiro deste ano, quando houve o abraço simbólico, a PJF disse que, na última decisão judicial sobre o caso, em agosto de 2020, foi determinado que a construtora responsável pelo prédio é quem deve realizar a demolição do imóvel, o que não foi cumprido até o momento.
Questionada novamente sobre a situação, desta vez a PJF garantiu que vai peticionar nos autos do processo judicial informando a gravidade da situação e solicitando o imediato cumprimento da decisão pela construtora responsável. “A decisão judicial segue a mesma. O local é uma área particular e, conforme decidido pelo juízo, o Município não é responsável pela demolição do imóvel.” A Prefeitura acrescentou que o prédio condenado e a casa ao lado seguem interditados. “A Defesa Civil realiza vistoria de monitoramento quinzenalmente, sendo que a última foi realizada no dia 4 de agosto.”
‘Sentimos que há um descaso e um abandono’
André Luiz reitera que quem está sendo prejudicado são os residentes do bairro, principalmente ao redor. “Primeiro, os moradores de rua faziam barulho altas horas para tirar as escoras de ferro. Agora, batem em parede para tirar estruturas. Além do sofrimento e da preocupação do prédio cair, são perturbados por essas pessoas. O que queremos é uma solução para acabar de vez com esse problema. Até quando? Será que estão esperando o edifício desabar para acontecer coisa mais grave? Sentimos que há um descaso e um abandono por ser um bairro mais periférico. Na hora em que o pior acontecer não adianta fazer nada”, finalizou o presidente da Associação dos Moradores.
Legenda: Desde que edificação foi condenada, em 2016, moradores do bairro convivem com o medo de que a construção, cada vez mais deteriorada, venha a ruir, causando uma tragédia
crédito: Divulgação Associação dos Moradores