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Morre aos 65 anos Gilmara Delmonte, a Miloca do “Doutores do amor”

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Gilmara Delmonte, a Miloca, liderando caminhada dos Doutores do Amor em 2018 (Foto: Fernando Priamo/Arquivo TM)
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Quando era Gilmara, sentia falta de ser Miloca. Agora, Juiz de Fora sentirá falta de ambas. A artista, instrumentadora cirúrgica e professora Gilmara Delmonte morreu, no último domingo (22), aos 65 anos. Natural de Pirapetinga (MG), Gilmara fez-se notável popularmente como a irreverente boneca Miloca, do projeto social Doutores do Amor. O grupo visitava recreativamente pacientes em leitos de clínicas, hospitais e asilos para levar amor, amparo e carinho. Gilmara deixa os filhos Romara e Romeu Delmonte. A causa da morte, bem como horário de velório e sepultamento, não foram informados.

A mãe, conta Romeu Delmonte, deixa a lição de vida de levar amor e alegria para todo mundo. “Ela veio para esta vida para contagiar as pessoas com o máximo de amor, carinho e alegria. Ela fazia isso com os frentistas do posto de gasolina pelo qual passava, com os mais próximos, como parentes e conhecidos, e também nos hospitais, com os mais necessitados. Preocupava-se sempre com o outro.” Com as restrições sanitárias da pandemia de Covid-19, os abraços deixaram de ser físicos para ser de alma, acrescenta Romeu.

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Como já detalhou à Tribuna, Gilmara conheceu o voluntariado ainda na infância na cidade natal, onde o pai era prefeito. Sempre o acompanhava em várias atividades. Quando se mudou para Juiz de Fora para estudar, aos 15 anos, as visitas a asilos eram um subterfúgio para compensar a distância da família. Gilmara virou Miloca “há mais ou menos 20, 30 anos”, diz Romeu. “Enquanto instrumentadora cirúrgica, entre um turno e outro visitava os pacientes que já conhecia no hospital.” O trabalho tornou-se uma organização não-governamental ao lado de voluntários no Doutores do Amor.

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Uma vida vivida para os outros

Adriana Couto, a Doutora Drica, trabalhava junto à Miloca no Doutores do Amor desde 2015. “Foi uma honra ter convivido com a Miloca nos últimos anos”, emociona-se. A princípio, quando pediu para fazer parte do grupo, não havia vagas. “Depois de um ano, Miloca entrou em contato e perguntou se eu ainda estava interessada. A nossa relação desde então foi se estreitando. Eu tenho muitas, muitas lembranças com a Miloca.” A vida dela, ressalta, era sempre em função de ajudar o próximo. “Se precisasse, ela tirava a roupa do próprio corpo para vestir outra pessoa. Várias vezes em restaurantes ela dava o que pedia para moradores em situação de rua.”

Doutora Drica, por fim, foi uma das pessoas mais próximas de Miloca nos últimos anos. Nasceu no voluntariado uma grande amizade. “Gostava de Miloca como se fosse a minha mãe e também percebia que ela gostava de mim como se fosse sua filha”, diz Adriana. “Éramos muito próximas, muito amigas, de todas as horas.” Ela despertava nas pessoas próximas o que tinham de melhor, acrescenta Doutora Drica. “Sou outra pessoa hoje graças à Miloca, graças ao trabalho dela. Aprendi a ver a vida, os momentos, com outros olhos.”

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Cada dia um presente
Por dois anos, Lisa Consuelo foi uma das voluntárias do Doutores do Amor. “Aprendi demais com a Miloca. Ela foi uma pessoa que mudou a minha vida. Ela me fez ter uma perspectiva, uma percepção das coisas de outra forma, com generosidade, gratidão, amor ao próximo”, afirma. Uma das últimas mensagens públicas de Miloca foi em uma de suas redes sociais após doação ao Instituto Oncológico. “Cada pessoa que amamos é um achado. Cada momentos juntos é um tesouro. Cada dia de vida que temos é um presente.”

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