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Moradores relatam perturbação de sossego e hostilidade no Alto dos Passos

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Moradores do Alto dos Passos, na Zona Sul de Juiz de Fora, voltam a denunciar situações de perturbação do sossego e aglomeração nas ruas do bairro. Segundo eles, casos de carros com som alto, veículos obstruindo a entrada e saída de carros das garagens, consumo de bebidas nas vias públicas e desrespeito às regras sanitárias, com pessoas reunidas sem uso de máscara, voltaram a acontecer. Há cerca de 40 dias, uma reportagem da Tribuna, que ouviu os residentes, mostrou os mesmos problemas, que se repetem em ruas como Dom Viçoso, Severiano Sarmento e Machado Sobrinho. No caso deste fim de semana, uma moradora, de 68 anos, fez um boletim de ocorrência, narrando que, na noite do último sábado (21), houve uma grande aglomeração de pessoas e carro de som, com perturbação que permaneceu até por volta das 3h de domingo. De acordo com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), a fiscalização foi notificada e esteve no local. O Executivo municipal também informou que 123 vistorias foram realizadas entre sexta e domingo (22) em outros pontos da cidade.

Para os residentes é inaceitável estar dentro de suas casas e não poderem ter momentos de descanso, de relaxamento e de poder dormir, sendo obrigados a viver o que está acontecendo na rua. Eles ainda apontam que outro problema que toda essa situação resulta é o lixo que fica nas ruas no dia seguinte. A presidente da Sociedade Pró-Melhoramentos (SPM) do Alto dos Passos, Rita de Cássia Guimarães Pipa é categórica em afirmar: “É uma gama de problemas que necessita de uma solução efetiva e não ser resolvida de forma paliativa, que é o que vem acontecendo nesses últimos anos.”

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Segundo boletim de ocorrência, houve uma grande aglomeração de pessoas e carro de som, com perturbação que permaneceu até por volta das 3h de domingo

Ela recebeu queixas de moradores, afirmando que têm medo até de registrar ocorrências ou ligar para a fiscalização. Um deles relatou que não está podendo chegar na janela da própria casa, pois tem o receio de que os vidros sejam quebrados depois. Esse mesmo morador ainda contou que, no momento que havia algazarra na rua, ele estava dentro de casa passando mal e que no andar de cima ao que ele mora havia uma senhora que tinha acabado de receber alta e sair do hospital para ficar em casa e necessitava de sossego para seu restabelecimento. O homem qualifica a situação como se estivesse sendo “torturado” dentro da própria residência.

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“Todo final de semana vem acontecendo essa aglomeração, mas, neste último sábado, o volume de pessoas foi mais intenso. Dizem que foi uma combinação pelas redes sociais, mas não acredito muito nisso, porque essa situação já vem acontecendo. Eu venho sempre, ao longo desse tempo, avisando a fiscalização e a PM sobre os casos, porque é um problema que vai além da perturbação do sossego e da ordem pública, porque também envolve a questão da aglomeração e a proliferação da Covid. Venho conversando com os donos dos bares a fim se saber como podemos ajudar para conter isso, mas a resposta é sempre a mesma: na maioria das vezes, achando que se deve voltar à normalidade econômica, mas isso só depois que a pandemia estiver contida”, afirma presidente da associação.

Ela também ressalta que, na sua opinião, como essa situação é recorrente, é preciso haver uma ação em conjunto envolvendo a Polícia Militar, agentes de trânsito, Guarda Municipal e Vara da Criança e do Adolescente. “É necessário que cada um aja no seu limite, porque, é preciso deixar claro que ninguém é contra a existência dos bares, mas é preciso que se tenha respeito, porque ninguém aguenta mais essa perturbação do sossego”, avalia.

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Rita de Cássia lembra que a questão da música ao vivo, que atrai mais pessoas para o redor dos estabelecimentos, é mais uma situação que merece a ação da fiscalização. “A Prefeitura precisa fiscalizar quanto à questão da acústica nesses estabelecimentos, porque a perturbação é grande, e os moradores ficam indignados e são hostilizados por esse público que fica na rua. Para fazer um boletim de ocorrência é preciso ir para a rua a fim de receber os policiais, mas os moradores têm medo, porque é forma de se colocar no meio da multidão, e não sabemos com quem estamos lidando, o que nos dá receio de algum tipo de agressão”, afirma. “É preciso deixar claro que a responsabilidade não é de um único estabelecimento, o que a gente quer é que eles funcionem dentro das regras, sem perturbação, porque eles deixam o ambiente bonito, agradável e é um lazer para a população.”

Emissão de quatro autos de infração

A Prefeitura de Juiz de Fora informou que, neste final de semana, a ação fiscalização resultou na emissão de quatro autos de infração emitidos para os estabelecimentos que descumpriram as orientações de biossegurança, estabelecidas pelo município, com o objetivo de conter a disseminação da Covid-19. Nos documentos lavrados, constam a informação de descumprimento de horários, falta do uso de máscaras, aglomeração, entre outros. No informe da PJF não consta se esses autos de infração foram emitidos no Alto dos Passos, assim como também não apresenta quais locais as infrações foram confirmadas.

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Segundo a PJF, as ações contaram com a participação dos fiscais de posturas da Secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e Atividades Urbanas (Sesmaur), dos Guardas Municipais, da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc), dos Agentes de Transporte e Trânsito da Secretaria de Mobilidade Urbana (SMU) e da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).

A Tribuna entrou em contato com a Polícia Militar que informou que irá realizar um levantamento de dados, para que possa encaminhar um posicionamento ao jornal nesta terça-feira (24). A reportagem fez contato com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel/Zona da Mata), mas não obteve resposta.

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