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Aluna da UFJF denuncia professor da Odonto por agressão e assédio sexual

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Uma universitária de 23 anos, estudante da Faculdade de Odontologia da UFJF, denunciou um professor, 61, de agressão e assédio sexual. A jovem teria sido trancada em uma sala reservada, onde o suspeito a teria agarrado pelos braços e a forçado contra a parede, ocasião na qual ele teria dito que a universitária era uma reles acadêmica e que ela não teria lugar entre doutores. A estudante ainda foi ameaçada de reprovação no curso. A acadêmica também denunciou ter sido assediada quando era aluna do suspeito no quinto período. O caso foi registrado na tarde desta quinta-feira (23), na Faculdade de Odontologia, no campus. A Ouvidoria Especializada da Diretoria de Ações Afirmativas da UFJF vai apurar o ocorrido. A Polícia Militar foi chamada para registrar o fato na faculdade quando a vítima estava junto com os pais, denunciando a agressão à diretoria da instituição.

A jovem relatou aos militares que o fato ocorreu nesta quinta, quando encontrava-se em um ambulatório, no Hospital Universitário, assistindo à aula do professor. Conforme o relato da vítima, ele colocou seu corpo bem próximo ao dela, afirmando que ela não poderia chamá-lo pelo primeiro nome, que deveria mostrar respeito. Em seguida, ele a soltou. Após este episódio na sala reservada, conforme o relato da moça, ela e o suspeito teriam voltado para a aula, mas o docente teria começado a ofendê-la, dizendo que não iria se formar, pois não teria competência para passar em três disciplinas ministradas por ele. Depois disso, ainda conforme o documento policial, a vítima deslocou-se para a Faculdade de Odontologia, a fim de pedir ajuda e denunciar o fato à direção.

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Assédio

Em seu relato aos policiais militares, a universitária mencionou que, quando estava no quinto período, o professor a teria visto com unhas pintadas e passou a chamá-la de “Tigresa”. Inclusive, como apontou a vítima, ele a teria chamado para uma sala, onde sentou-se em uma cadeira e ficou encostando suas pernas na da jovem. A aluna ainda afirmou que o docente teria pedido que ela lhe mandasse fotos para colocar em uns slides e que, desde este fato, ela vem sofrendo “coação moral” por parte dele. Ela afirma que o professor sempre lhe segura pelo braço e procura encostar seu corpo no dela. Certa vez, teria tentado beijá-la no rosto.

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A universitária também relatou à PM que tem conhecimento de que o suspeito assedia outras alunas e já teria solicitado a uma delas para ficar de sutiã e jaleco. A jovem disse que nunca denunciou os fatos, pois o professor dizia que ela não se formaria. O suspeito não foi encontrado no ambiente acadêmico, não sendo localizado para apresentar sua versão dos fatos. O caso foi encaminhado para a Polícia Civil.

 

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Procedimento administrativo

Em nota, a UFJF informou que a Ouvidoria Especializada da Diretoria de Ações Afirmativas da instituição foi acionada, e a ouvidora Vânia Bara se dirigiu imediatamente à Faculdade de Odontologia, assim que tomou ciência do fato, ouviu e acolheu a estudante, além de ter registrado informações sobre o ocorrido. Ainda conforme a nota, a Ouvidoria se colocou à disposição da família da aluna e dará início aos procedimentos administrativos relativos ao caso.

Laiz Perrut, membro do Coletivo Maria Maria, núcleo da Marcha Mundial das Mulheres, aluna no mestrado em História da UFJF e diretora de Combate às Opressões da Associação de Pós-graduando (APG) da UFJF, considera que a questão do assédio moral e sexual é muito comum nas universidades, principalmente nos cursos de pós-graduação. “Como há uma relação de poder entre professor e aluna na sala de aula, muitas vezes esta relação pode ser complicada. Agora na UFJF, temos a Ouvidoria, e este tipo de caso tem que ser, cada vez mais, denunciado, porque isso acontece todos os dias. E as meninas não conseguem denunciar por conta de ameaças de que não vão formar, que podem ser prejudicadas em suas carreiras”, ressalta Laiz. Segundo ela, com a vinda do caso à tona, outras alunas vão se encorajar e expor seus casos, já que é uma situação que também acontece nas escolas. “É muito importante dar visibilidade para esta forma de violência contra as mulheres, que é muito silenciada” conclui.

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