O Governo de Minas Gerais decretou, nesta terça-feira (23), situação de emergência em saúde pública por conta dos casos de dengue registrados no estado. Segundo a pasta, a ação vai abranger mais de 331 municípios localizados nas macrorregiões de saúde Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul. O objetivo é facilitar a mobilização de recursos para o enfrentamento do Aedes aegypti e para a estruturação de serviços de atendimento às pessoas infectadas. Embora Juiz de Fora e outras cidades da Zona da Mata tenham altos números de casos de dengue e chikungunya, o decreto não contempla a região.
A assessoria de comunicação da Superintendência Regional de Saúde de Juiz de Fora explicou, por e-mail, que as regiões contempladas são aquelas que, no somatório de seus casos positivos, têm maior proporção de incidência da doença. Não é o caso da macrorregião Sudeste – em que a Zona da Mata está inserida -, que apesar de ter alguns municípios com altas taxas de incidência, apresenta um número inferior de casos frente às outras macrorregiões.
Com o decreto, os municípios contemplados poderão receber recursos financeiros para reforçar os gastos com despesas com pessoal, como contratação de agentes de controle de endemias e capacitações para profissionais na assistência hospitalar; e com custeio e manutenção de atividades, como confecção e reprodução de material gráfico informativo, aquisição de material de apoio para ações de mobilização e mutirões de limpeza de áreas prioritárias.
Em razão do delicado quadro financeiro do Estado, o governo adotou como estratégia a destinação de recursos para os municípios com alta incidência de dengue para evitar a ocorrência de óbitos. Por isso, além do decreto, a SES ainda destinou cerca de R$ 4,1 milhões a prefeituras mineiras onde há muitos casos da doença, após aprovação da Resolução SES/MG nº 6.697. Neste primeiro momento, 93 municípios receberão os recursos.
Até 30 de junho deste ano, por meio de outra resolução, cidades classificadas com alta incidência, de acordo com o boletim epidemiológico da SES, receberão incentivo financeiro complementar a cada 15 dias.
Histórico
Nesta segunda (22), de acordo com boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES), 140.754 casos prováveis da doença haviam sido notificados em todo o estado. Minas Gerais já viveu três grandes epidemias de dengue: em 2010, 2013 e 2016. O número de casos em 2019 já ultrapassou o registrado em anos não epidêmicos, seguindo a tendência de anos epidêmicos, mas com menor intensidade que as duas últimas epidemias, conforme divulgou a pasta. Já foram confirmados 14 óbitos por dengue e outros 57 estão em investigação.
Número de arboviroses em JF passa de mil
Conforme dados da Secretaria de Saúde (PJF), até esta segunda, 870 casos de dengue e 141 de chikungunya já tinham sido confirmados em Juiz de Fora – totalizando 1.011 registros de arboviroses. A pasta salienta, entretanto, que o aumento observado durante a última semana – entre 15 e 22 de abril – não é, necessariamente, referente a este período. Isto porque existem muitas notificações em investigação, ou seja, à espera do resultado laboratorial, que, em sua maioria, é feito em Belo Horizonte. Desta forma, os dados são atualizados à medida em que os resultados laboratoriais chegam à Vigilância Epidemiológica.
A Prefeitura, desde o início do ano, tem intensificado as ações de combate ao Aedes, por meio da Sala de Operações. Nesta terça, os agentes de endemias retornaram a um ferro-velho interditado no Bairro Santo Antônio, região Sudeste. O objetivo é monitorar o local, acompanhar a retirada das sucatas e aplicar inseticida para eliminar possíveis focos do mosquito.
A aplicação de larvicida (Vectobac) na região central também vai ser intensificada. Devido às chuvas que atingiram a cidade na última semana, agentes de combate a endemias vão fazer uma segunda aplicação do larvicida nas marquises da região central durante esta semana.
Em relação ao uso do carro fumacê (aplicação especial de inseticida a Ultra Baixo Volume com equipamentos acoplados a veículos), a pasta explicou que o veículo pertence à SES e somente é liberado aos municípios quando é declarado estado de epidemia – situação que ainda não é enfrentada por Juiz de Fora.
Região
De acordo com o boletim do estado, Juiz de Fora é a segunda cidade da região com mais casos prováveis de dengue, atrás apenas de São João Nepomuceno, cidade distante 65 quilômetros de Juiz de Fora. No local, 1173 notificações foram registradas, e a situação da cidade, que registra incidência muito alta, é crítica.
Ainda na Zona da Mata, Rio Pomba, Guarani, Tabuleiro, Chácara e Rio Novo também apresentam incidência muito alta para dengue – mais de 500 casos prováveis por cem mil habitantes.
Visconde do Rio Branco, Lima Duarte, Rodeiro e Descoberto registram incidência alta para a doença, quando há de 300 a 499 casos prováveis a cada cem mil habitantes.