O crescimento exponencial do coronavírus em todo o país traz uma preocupação relacionada a uma possível sobrecarga dos hospitais. O último boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), divulgado na noite de sábado (21), apontou que Juiz de Fora registra, até o momento, 63 casos suspeitos de coronavírus, com quatro casos confirmados. No Brasil, são mais de 1.500 confirmações da doença, além de 25 óbitos, segundo última atualização do Ministério da Saúde, neste domingo (22). Com a hipótese de crescimento na busca por atendimento em Juiz de Fora, o Trade Hotel tem se preparado para prestar suporte aos hospitais da cidade. A ideia é adaptar os quartos em leitos hospitalares para atendimento a pacientes com suspeita da doença.
Conforme o gerente geral do Trade Hotel, José Carlos Branco, o estabelecimento tem buscado formas de auxiliar no possível aumento na demanda pelos hospitais e, assim que estiverem preparados, iniciarem a oferta do serviço. “Acredito que não só o Trade, como os demais hotéis, neste momento, não devem ser esquecidos, porque temos quartos e a adaptação para poder ajudar nesse período é muito simples. Nós só precisaríamos ter oxigênio e as máquinas respiratórias. Nós [do Trade Hotel] já conseguimos oxigênio e estamos atrás das máquinas, mas isso está bem adiantado”, diz.
Ainda segundo Branco, o hotel já entrou em contato com alguns hospitais, como o Monte Sinai, para apresentar a proposta. “A partir do momento que estivermos com tudo, eu vou realmente oferecer para que possam utilizar. Eu não sei como vai ser essa situação, espero que a gente não chegue a esse ponto. Se chegar, espero estar pronto para ajudar mais um pouco e contribuir para o bem da cidade.”
A Tribuna entrou em contato com o hospital citado e aguarda retorno.
Desconto em tarifas para médicos
Além da preparação para suporte hospitalar, o hotel também tem oferecido tarifas especiais para hospedagem de médicos que estejam atuando com pacientes relacionados ao coronavírus. A proposta é para aqueles que desejam evitar manter contato com familiares para que não ocorra propagação da doença. “Estamos com andares separados especialmente para as pessoas que estão fazendo plantão e para médicos que também estão trabalhando nesse apoio, fazendo plantões extras para poder atender as pessoas com coronavírus.”
Moradores de Juiz de Fora que também desejam evitar contato com familiares do grupo de risco estão recebendo desconto em todas as tarifas do hotel. Basta apresentar um comprovante de residência em seu nome para ter acesso aos benefícios.
Acomodações à disposição da PJF
A articulação em nível nacional de apoio ao atendimento às demandas de saúde estimula a disponibilização de outros espaços em Juiz de Fora. Também com preocupação relacionada à sobrecarga do sistema de saúde devido à pandemia do coronavírus, a Igreja Metodista e a direção do Instituto Metodista Granbery colocaram as acomodações do Centro de Educação e Física e Esportes (Cefe) à disposição da Prefeitura de Juiz de Fora. Um ofício manifestando o apoio foi encaminhado ao prefeito Antônio Almas (PSDB) pelas diretoras Cleide Mara dos Santos Rocha e Andréa Castro de Assis Lopes, respectivamente, do Colégio Metodista e da Faculdade Metodista Granbery.
Segundo informações da assessoria da instituição, o auxílio ao Poder Público foi ofertado para, caso haja ausência de leitos hospitalares disponíveis em Juiz de Fora, a Administração Municipal possa utilizar o Cefe para abrigar tendas disponibilizadas para a comunidade que necessita ficar em isolamento para o tratamento contra a doença. “A Igreja e a Educação Metodista entendem que o momento desafiador exige solidariedade e esforços coletivos no combate à pandemia que afeta todo o planeta.”
Além do Granbery, o Serviço Social do Comércio (Sesc), o Expominas, quadras de escolas de samba e parte do setor imobiliário também ofereceram suas dependências para os mesmos fins.
Hospitais de campana
A Prefeitura não descarta nenhum desses espaços. Usar hospitais de campana é uma possibilidade, que é pensada de acordo com o avanço do vírus. A equipe de trabalho avalia caso a caso, conforme a demanda apontada pela Saúde. Todas as ações estão sendo construídas em conjunto, usando, por exemplo, as informações estatísticas disponibilizadas pela UFJF.
Ainda não é possível afirmar, segundo a Prefeitura, com as demandas atuais, quais desses espaços podem vir a ser utilizados. O que a administração afirma é que a mobilização existe e é avaliada. Outras frentes se destacam para suprir outras necessidades, como a compra de insumos, entre eles aventais, álcool gel e luvas.