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Ceresp inaugura galpão para receber lixo eletrônico

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Galpão inaugurado no Ceresp vai abrigar, inicialmente, quatro toneladas de lixo eletrônico, que serão reciclados pelos presos (Foto: Leonardo Costa)
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Dentre as atividades voltadas para a ressocialização de presos na unidade local do Ceresp, a novidade é a capacitação para a reciclagem de lixo eletrônico, resultado da parceria público-privada firmada entre o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), e a E-Ambiental, empresa especializada na captação, desmontagem e separação de componentes do lixo eletrônico. O início das atividades foi marcado nesta sexta-feira (23) com a inauguração de um galpão onde o material será armazenado e destinado à reciclagem. A princípio, três detentos vão trabalhar dentro da iniciativa, mas a expectativa é ampliar para 15 o número de participantes.

“Com essa parceria transcendemos o imediatismo das vagas de trabalho e ainda atendemos a um problema latente no mundo todo, que é o reaproveitamento do material eletrônico. Conseguimos vislumbrar outros projetos correlatos a essa atividade, como a implantação de pontos de coleta desse material no entorno da unidade e a conscientização dos funcionários, detentos e seus familiares. Nossa expectativa é implantar, futuramente, um laboratório de informática com equipamentos reciclados”, destaca o diretor-geral do Ceresp de Juiz de Fora, Alexandre Cunha.

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O Superintendente de Trabalho e Ensino da Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap), Guilherme Augusto Alves Lima, avaliou o convênio como mais um exemplo de humanização dentro do sistema carcerário. “O início das operações de uma empresa de reciclagem de lixo eletrônico no Ceresp é um grande exemplo da diversidade das atividades que podem ser executadas dentro de uma unidade prisional. Além disso, consolida o trabalho sério que vem sendo realizado por todos os servidores da unidade”.

As atividades no galpão começaram nesta semana com o treinamento dos detentos. Nesta segunda, os presos começam a trabalhar com a desmontagem dos materiais. Para isso, quatro toneladas de material já foram enviadas ao Ceresp, entre computadores, televisores, celulares, estabilizadores e outros tipos de eletroeletrônicos. “Para que possamos empregar mais detentos no projeto temos que aumentar o volume de captação do material. À medida que a população for enviando, teremos mais material e, consequentemente, mais mão de obra. É algo gradativo. Almejamos expandir essas ideias para outros presídios com intuito de tentar promover a reabilitação dos detentos e a inserção deles no mercado de trabalho, que é uma questão muito importante e defasada no nosso país”, destaca um dos sócios da E-Ambiental, Leandro Silva Medeiros.

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Para Leandro, a utilização de mão de obra carcerária é uma forma de proporcionar aos detentos a oportunidade de ter acesso ao conhecimento para que, quando ganharem liberdade, saírem capacitados. É o caso do Leonardo Bruke Silva, 24 anos, que está entre os três presos do Ceresp direcionados para o trabalho.

“É uma oportunidade para aprender uma coisa nova e ter uma profissão para quando eu sair daqui. É uma área que já trabalhei, pois fiz um curso técnico em automação, mas a desmontagem eu nunca tinha feito. É enxergar um outro lado. Vou poder reduzir minha pena, ocupar meu tempo e ainda ajudar a minha família lá fora.”

Leonardo Silva, 24 anos

O juiz de direito da Vara de Execuções Criminais, Evaldo Elias Penna Gavazza, explica que, dentro do sistema carcerário, as parcerias privadas oferecem aos presos vagas de trabalho com direito ao pecúlio, que é a remuneração paga a eles pelo trabalho quando conseguem a liberdade. O valor é três quartos do salário mínimo. Entretanto, a remição da pena – a cada três dias trabalhados (com jornada mínima de seis horas diárias) um dia a menos no tempo de reclusão – só vale para presos já condenados. Ou seja, presos provisoriamente não têm direito à redução da pena.

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Além da parceria com a E-ambiental, o Ceresp possui outros dois convênios com entidades privadas: um com a fábrica de meias Rikam, que produz oito mil dúzias de meias que são destinadas às Forças Armadas; e com a Bressan, na produção de cuecas voltadas para o comércio local e da região. O Ceresp ainda oferece vagas de trabalho na manutenção da unidade. No total, são promovidas, em média, de 140 a 150 ofertas de trabalho.

Quem quiser descartar algum material eletro/eletrônico (de pilha a geladeira) para o projeto deve entrar em contato com disque coleta da E-Ambiental através do 3235-5769. Uma equipe vai até o endereço para recolher a doação.

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