Quatro eventos carnavalescos foram cancelados em Juiz de Fora ontem (23). O cancelamentos dos blocos Garagem, Plur, Dondocas da Vila e Realce, que integram programação oficial, foram confirmados pela Comissão de Carnaval, composta por representantes da Prefeitura, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. No sábado (23), estavam previstas vistorias também em eventos que não fazem parte da programação oficial, como o bloco Meu Concreto tá Armado, na Praça de São Mateus. Para este domingo (24), além do Dondocas, não havia previsão de outras alterações na programação oficial até o fechamento desta edição.
A diretora de Cultura da Funalfa, Giovana Bellini, confirmou os cancelamentos e explicou que o interessado em integrar a programação oficial precisa formalizar pedido na Funalfa, que é analisado pela Comissão de Carnaval, e, também, formalizar pedido, em separado, no Corpo de Bombeiros, por meio de formulário específico, já que o órgão atua com legislação própria. Os interessados têm prazo de 48 horas antes do evento para efetuar o requerimento. O Bloco Realce, por exemplo, teria perdido esse prazo, por isso o desfile foi cancelado. “A regra é que o evento não pode receber o alvará da Prefeitura sem a autorização do Corpo de Bombeiros”, diz Giovana. Mas, mesmo assim, os blocos que não possuíam alvará nem autorização do Corpo de Bombeiros estavam na programação oficial e só foram foram cancelados na última hora.
Os locais fechados estariam passando por vistoria, para verificar se o alvará para funcionamento de bar e restaurante contempla também a realização de eventos. Conforme Giovana, a desistência da Plur teria sido motivada por queixas da comunidade em relação a eventos realizados na Praça do Bom Pastor. Já o Dondocas da Vila teria desistido por “motivos extraoficiais”.
O tenente Rogério Pereira, integrante da Comissão de Carnaval e subcomandante da Companhia de Prevenção e Vistoria do 4º Batalhão de Bombeiros Militares, comenta que, antes da realização do pré-carnaval na cidade, a comissão avalia cada caso, confere a documentação necessária para autorização e analisa o histórico do bloco para deferir ou não o pedido.
“A preocupação é com a segurança das pessoas. Queremos que todo mundo brinque carnaval, mas brinque com segurança. Queremos preservar vidas.”
Segundo ele, os pedidos deferidos contam com o apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros para a sua realização. “Em locais fechados, é preciso ter o AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). Em abertos, é preciso se enquadrar no perfil de evento temporário com baixo risco, sempre contando com a autorização dos Bombeiros.” Pereira fez questão de frisar o trabalho conjunto realizado pela comissão e pelos órgãos de segurança para que o pré-carnaval de Juiz de Fora seja seguro e sem contratempos. “Se o pedido foi indeferido é porque alguma adequação deixou de ser feita.” Segundo o tenente, a corporação está de portas abertas para quem quiser regularizar a situação do estabelecimento ou do evento carnavalesco.
Motivos e desculpas
Por meio de comunicado, o Bloco da Plur (Festival de Cultura) que reuniria arte, exposições, feira e poesia na Praça Bom Pastor neste sábado confirmou o cancelamento. “É com o coração apertadinho que viemos por meio desta comunicar que, devido a situações que fogem da nossa alçada de resolução, decidimos não realizar o bloco.” Em nota, a organização pede desculpas a todos os envolvidos “que vibram e fazem esse movimento ser lindo e de amor”. Também por meio das redes sociais, o Bloco Realce comunicou o cancelamento do evento/show que seria realizado, a partir das 16h, na Praça Agassis, sem citar o motivo.
A produção do Bloco de Garagem, por meio de nota, informou que “por razões legais”, foi necessário cancelar o evento, que aconteceria neste sábado. “Pedimos desculpas pela expectativa frustrada e reforçamos a nossa fé no rock autoral de Juiz de Fora.” Segundo o proprietário do Jolly Rogers, Leonardo Brandão, o estabelecimento conta com protocolo de vistoria emitido pelo Corpo de Bombeiros desde a abertura do bar, em 2017. “Nunca foi feita a vistoria.” E foi exatamente a falta da vistoria que motivou a notificação para cancelamento do evento.
Força-tarefa
No início da semana, a Comissão de Segurança Pública da Câmara Municipal se reuniu com representantes da administração municipal e de órgãos de segurança da cidade para criar uma força-tarefa destinada a coibir eventos de carnaval irregulares, ou seja, aqueles sem alvará da Funalfa para funcionar. O objetivo é evitar que encontros marcados pela internet resultem em aglomerações consideradas clandestinas, que provoquem transtornos e levem insegurança a bairros, como aconteceu recentemente no Bom Pastor e no Santa Terezinha. A intenção é trabalhar em uma ação preventiva, mas também repressiva, para garantir segurança à população.