O jovem de 24 anos que era um dos responsáveis legais pela guarda de Lady Dayane da Silva Otaviano, de 1 ano e 10 meses, foi indiciado pelo homicídio, estupro e maus-tratos da menina, morta na última quinta-feira (12). O inquérito que apurou os crimes chocantes que levaram ao óbito da criança foi concluído pelo delegado Rodrigo Rolli nesta segunda-feira (23) e será enviado à Justiça. A prima da mãe biológica de Lady Dayane e companheira do suspeito, 28, com quem tem um filho de 3 anos, não teve participação nos atos de violência e também não vai responder por omissão, conforme a Polícia Civil. Em depoimento, a mulher relatou que não tinha conhecimento das lesões que a menina apresentava no dia de sua morte e que os maus-tratos e o abuso sexual teriam sido praticados naquele mesmo dia, quando ela estava no trabalho.
O caso ganhou ainda mais repercussão pelo fato de a vítima ser irmã de Luana Silva da Rocha, 2, assassinada pelo padrasto em 2015. Na época, ele e a mãe foram presos em flagrante durante o velório da menina, mas a mulher acabou sendo absolvida pela Justiça. Na ocasião, Lady Dayane tinha apenas 2 meses. Um ano e oito meses depois, ela foi vítima de violência, repetindo a trágica história familiar.
Segundo o titular da Delegacia Especializada de Homicídios, o guardião de Lady Dayane vai responder pelo homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima, com pena prevista entre 20 a 30 anos, além do estupro de vulnerável (quando a vítima tem menos de 14 anos), com reclusão de oito a 15 anos, e maus-tratos, que tem pena de quatro a 12 anos quando resulta em morte. De acordo com Rolli, o suspeito alegou sofrer de distúrbio psiquiátrico e tomar remédios controlados, mas foi desmentido pela mulher. “Todas as alegações dele foram desmentidas pela guardiã e pelos laudos periciais. As lesões apresentadas pela menina não são compatíveis com queda, mas com agressões por objetos contundentes, como socos, chutes e tapas.” O delegado ressaltou que as investigações não apontaram histórico de maus-tratos anteriores, nem qualquer envolvimento da guardiã. No dia dos fatos, ela ficou fora de casa das 11h às 21h, período em que tudo teria acontecido.
O exame de necropsia apontou que a criança morreu em decorrência de hemorragia aguda grave causada por politraumatismo, possivelmente em decorrência de espancamento. Foram constatadas lesões nos órgãos da menina, principalmente no fígado, que foi dilacerado, e no pulmão esquerdo, perfurado por uma costela que foi quebrada. Ela ainda teve o intestino estourado por conta do abuso sexual.
O crime foi descoberto após a vítima dar entrada já sem sinais vitais na UPA de Santa Luzia, na Zona Sul. Ela foi levada pelo próprio suspeito, que alegou ter tentado socorrer a menina devido a complicações respiratórias. O fato de a criança apresentar a perna engessada, escoriações e hematomas na face chamou a atenção da equipe médica, mas o guardião disse que ela teria sofrido uma queda dez dias antes. No dia 13, o suspeito aguardava liberação do corpo no IML e foi conduzido pela Polícia Civil para prestar depoimento, sendo preso em flagrante. Ele permanece no Ceresp, à disposição da Justiça.