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Pacientes psiquiátricos começam a deixar o Ana Nery

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Juiz de Fora inicia, na próxima semana, o último capítulo do processo de desospitalização de seus pacientes psiquiátricos. Com o fechamento dos antigos hospitais da cidade, – o mais recente é a Casa de Saúde Esperança -, os 70 remanescentes destas unidades foram encaminhados para o Ana Nery, onde aguardam a implantação de novos serviços residenciais terapêuticos (SRTs) para que possam, finalmente, deixar para trás o velho modelo hospitalar. Com o aluguel de três novas moradias, 30 dos 70 pacientes serão transferidos para endereços residenciais localizados nos bairros São Pedro e Aeroporto até outubro. A expectativa é que, no final de dezembro, outras cinco casas estejam prontas para receber o restante do grupo, quando a cidade somará 30 residências terapêuticas.

Desde 2013, o Departamento de Saúde Mental da Secretaria de Saúde vem trabalhando para garantir assistência digna às pessoas que foram institucionalizadas durante boa parte da vida. De acordo com a chefe do setor, Andréia Stenner, a principal dificuldade na implantação das novas residências tem sido a aceitação da comunidade. Muitos proprietários de imóveis e moradores das áreas sondadas para abrigar os serviços residenciais terapêuticos têm se recusado a receber essa população, em função do estigma da loucura. “O preconceito ainda é um grande empecilho. No entanto, a residência terapêutica não é só uma moradia, mas um direito social, um espaço onde deve caber as diferenças. O que as pessoas precisam entender é que esses pacientes têm que ter garantido o direito à convivência, porque o contato social é terapêutico. Na residência, elas readquirem habilidades que foram perdidas no confinamento dos hospitais, porque o isolamento desumaniza”, explica Andréia.

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Ela lembra que 22 residências com essa finalidade já estão em funcionamento em Juiz de Fora e sem registro de problemas. Pelo contrário: pacientes que antes não se relacionavam estão ganhando as ruas e se tornando parte da cidade. Segundo Andréia, os candidatos aos novos serviços residenciais terapêuticos participam, semanalmente, das discussões sobre o local onde vão morar e apontam as pessoas com quem desejam dividir o novo endereço. “No hospital, o sujeito era apenas um número e uma cama. Na desinstitucionalização, eles se tornam os verdadeiros protagonistas dessa história, participando de todo o processo”, acrescenta.

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