Voluntárias do projeto Quebrando o silêncio estiveram no Calçadão da Rua Halfeld, na manhã desta terça-feira (22), para mostrar um pouco do que será o ato de conscientização e encorajamento de denúncias de abuso e violência doméstica, programado para o próximo sábado (26), no Parque Halfeld. De acordo com a organizadora do grupo em Juiz de Fora, Giselli Belimassi, as ações têm o intuito de evidenciar o machismo, que ainda é muito presente na sociedade da América Latina, e os males que ele pode causar.
“O objetivo da ação é colocar as meninas como se tivessem hematomas e dando as ‘desculpas’ que as mulheres usam para esses machucados. ‘Tropecei na escada’, ‘bati na maçaneta’ são justificativas usadas quando elas precisam encarar o trabalho, a escola, isso quando não faltam, o que diminui a renda da mulher”, denuncia Giselli. “Também buscamos conscientizar sobre as inúmeras doenças causadas pela violência, como a depressão. Muitas mulheres aceitam essa situação, às vezes, porque amam, porque têm filhos, então é importante dizer que elas não precisam disso, principalmente em Juiz de Fora, que tem um índice altíssimo de violência, principalmente psicológica. Então estamos aqui para conscientizar as mulheres, e crianças e adolescentes também.”
Número de casos de estupro na cidade chamam atenção
Desde o ano de 2002, o Quebrando o silêncio é promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai). Em 2017, enfatiza a violência sexual, especificamente o estupro, como objeto de discussão. Em Juiz de Fora, entre janeiro e abril de 2017, de acordo com os dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), os casos de estupros consumados e de vulneráveis aumentaram consideravelmente se comparados ao mesmo período de 2016. Houve um crescimento de 100% no número de estupros e 43,75% nos estupros de vulneráveis.
Segundo dados de um estudo sobre estupro, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 70% das vítimas de abuso sexual no Brasil são crianças e adolescentes. Destes, 50% têm histórico de abusos anteriores, e 15% foram abusadas por mais de um agressor. Desses agressores, 24% são os próprios pais ou padrastos, e outros 32% são amigos ou pessoas próximas à família da vítima.