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Miséria marca primeira semana de missionários no Haiti

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Em solo haitiano desde o início da semana, o grupo formado por seis Jovens Missionários Continentais (JMC), ligados à Arquidiocese de Juiz de Fora, pelo arcebispo diocesano, dom Gil Antônio Moreira, e pelo bispo da diocese de Leopoldina, José Eudes Campos do Nascimento, tomaram contato com uma dura realidade, marcada pela fome e pela falta de estrutura. Pelas ruas da periferia pobre da capital Porto Príncipe, os missionários Ana Maria Roberto, Marina Lopes de Assis, Wilmar José Pereira de Carvalho, Myria Isabel Carvalho de Araújo e William Câmara de Araújo, começaram a estudar formas de levar ajuda ao povo que enfrenta a extrema

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No primeiro relato encaminhado à Tribuna por dom Gil, o grupo compartilha as primeiras impressões ligadas ao modo de vida dos haitianos. No caminho do aeroporto à casa, eles puderam ver a falta de saneamento básico e de pavimentação nas ruas, muito lixo pelas calçadas e uma multidão de pessoas circulando entre centenas de camelôs. No local são comercializados todo tipo de produto e prestados vários serviços, como alfaiataria e sapataria, sem nenhum tipo de formalização.

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Tivemos um dia muito emocionante. Há muitas casas feitas de materiais como latas, pau e madeira, cobertas de lona de plástico e pedaços de telha. Tudo isso feito em cima de um lixão, formando ruelas. Lá vivem milhares de pessoas. Ninguém está presente para olhar essa situação, nem o governo, nem ninguém. Algumas missões da Igreja Católica tentam fazer alguma coisa. Alguns jovens missionários estão construindo casas para aquelas pessoas. É inacreditável o que eles fizeram em seis anos.

Dom Gil, sobre uma visita a uma favela em Porto Príncipe

O grupo foi acolhido pelos frades franciscanos da Providência de Deus e conduzido por eles à residência no Bairro Croix-Des-Bouquets. Todos vivem da mesma forma que as pessoas mais pobres.

‘Não havia nada, apenas barracas do Exército, o mangue e o lixão’

Ainda durante o vôo para o Haiti, o grupo juiz-forano encontrou com o padre Giampietro Carraro, um dos fundadores da Missão Belém, iniciada em 2010, após a passagem do furacão Matthew que deixou um cenário de devastação por todo o país. “Eles construíram um centro-escola que acolhe 1.100 crianças durante o dia todo. Além de comida, dão educação, banho e evangelização. São seis responsáveis. Eles vivem em casas tão pobres quanto as das pessoas que vivem lá, dormem no chão, têm um banheiro muito precário, uma cozinha muito simples. Um testemunho que, de fato, emocionou a todos nós”, relata o bispo arquidiocesano.

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Em conversa com dom Gil, Giampietro explicou o funcionamento do centro-escola e como a Missão Belém cresceu nesse tempo em que os missionários estão presentes na comunidade. “Chegamos aqui em maio, o terremoto tinha acontecido em janeiro. Viemos para ficar uma semana, a providência nos trouxe aqui. Não havia nada, nenhuma árvore, apenas barracas do exército, o mangue e o lixão”, descreve.

Ele relata que os missionários viveram experiências muito fortes, que os fizeram entender que aquele é o lugar deles. “Primeiro, colocaram uma criança morta no nosso colo, pedindo para que nós celebrássemos um funeral com uma missa. Depois, quiseram largar outra criança nos braços da irmã Cacilda, mas conseguimos restituir. O primeiro ano foi muito duro, comíamos o que eles comiam. Pessoas nossas tiveram malária,tuberculose, hepatite. Depois veio o trabalho do Centro.”

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Abaixo, você pode ouvir uma entrevista impactante de Dom Gil com Giampetro sobre a situação dos haitianos.

 

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Centro dá alimento e base escolar

A instituição fundada pelo grupo, há seis anos abriga crianças e adolescentes, dos três meses aos 18 anos. O local funciona como uma creche em tempo integral, na qual os atendidos permanecem por cerca de 10 horas diárias.

“Abrimos o Centro também aos finais de semana, devido as necessidades das crianças, que passam muita fome e são muito mal tratadas em casa. Nosso desejo é que elas ficassem bastante tempo conosco. Nós as alimentamos, damos banho, além de oferecermos a base escolar e de catequese. Temos um programa evangelizador forte, com missa uma vez na semana. Uma experiência concreta com a palavra de Deus”, diz a irmã Renata Lopes, outra fundadora da Missão Belém.

Ela também diz que a maior dificuldade do trabalho é a resistência de muitos pais. “Temos muito trabalho em convencê-los a trazer as crianças todos os dias, especialmente os bebês. Aqui morrem muitos bebês. Trabalhamos sempre muito focados para essa faixa etária, porque eles acabam morrendo por causa de doenças muito simples, como desnutrição, diarréia, febre. Talvez, se elas estivessem dentro do Centro, não morreriam, porque aqui nós tomamos todos os cuidados”, reforça a irmã.

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Os seis missionários juiz-foranos e os dois bispos devem continuar a experiência, com a previsão de retorno até o dia cinco de agosto.

 

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