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Saúde quer vacinar mais de cem mil em Juiz de Fora

leo rodrigo danielcapa
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Tem início nesta segunda-feira (23), a campanha de vacinação contra a gripe deste ano. Coordenada pelo Ministério da Saúde, em parceria com os estados e municípios, a campanha visa a imunizar cerca de 54,4 milhões de brasileiros pertencentes ao grupo prioritário (ver quadro), que abrange crianças e idosos, entre outros públicos. Em Juiz de Fora, conforme dados da Secretaria de Saúde, a expectativa é de imunizar, no mínimo, 90% do público-alvo, composto por 112.935 pessoas. Apesar de ser relativamente comum, a gripe pode matar. No ano passado, 50 pessoas morreram vítimas da forma grave da doença em Minas.

Segundo boletim epidemiológico da gripe, disponibilizado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG), foram confirmados 12 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) causada pelo vírus da gripe até o dia 9 de abril deste ano. O quadro é caracterizado por uma junção de uma síndrome gripal comum com problemas respiratórios, gerando uma forma mais grave da doença. Os casos são notificados e encaminhados para levantamento do Estado. Entre os 12 já confirmados em Minas, um ocorreu em Juiz de Fora.

Justamente por conta do agravamento da doença em pacientes com problemas respiratórios, a vacina contra a gripe é distribuída na rede pública a crianças menores de 5 anos, idosos, portadores de doenças crônicas não transmissíveis, profissionais da saúde e professores das redes pública e privada, entre outros. O objetivo é imunizar aqueles mais suscetíveis a complicações decorrentes da gripe, assim como grupos que têm contato direto com eles. É o que explica o infectologista e chefe do setor de Vigilância em Saúde do Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora, Rodrigo Daniel de Souza. “As pessoas incluídas no público-alvo da vacinação têm saúde mais debilitada ou lidam com pessoas com saúde debilitada. Vacinam-se os professores, por exemplo, porque não querem que as crianças sejam contaminadas”, explica o especialista.

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A gripe, ou Influenza – espécie de nome científico da doença – é contraída por meio de secreções das vias respiratórias expelidas pelas pessoas contaminadas ao tossir, falar, espirrar ou pelas mãos. Por isso, é importante evitar contato com pessoas gripadas e lavar as mãos com frequência, já que superfícies como maçanetas ou objetos de higiene pessoal também ficam contaminados. “É importante prevenir a transmissão da gripe, mesmo aqueles que não fazem parte do grupo prioritário. Quando apresentarem sintomas, as pessoas devem evitar atividades coletivas e, se possível, solicitar atestado médico, porque, em qualquer lugar, ela vai oferecer risco para outras pessoas. O ideal é evitar tocar a boca e o nariz”, enumera Rodrigo Daniel.

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Além disso, conforme o infectologista, é importante saber distinguir a gripe de um resfriado comum. Isso porque o tratamento é diferente, e o diagnóstico correto pode evitar que outras pessoas se contaminem e que a doença evolua para sua forma mais grave. “O resfriado é extremamente comum e causado por vírus mais frequentes do que a gripe. Já a Influenza não é tão frequente assim. A principal diferença é a febre de início súbito. Geralmente, o paciente está bem e, no mesmo dia, apresenta febre sem motivo aparente.”

O médico ainda dá dicas para reconhecer a gripe. “A febre pode estar associada a dois grupos de sintomas: dor de garganta e tosse ou dor de cabeça, dor no corpo, dor muscular e dor nas juntas. Se a pessoa tem pelo menos um sintoma de cada um desses conjuntos, ela apresenta uma síndrome gripal. A partir daí, é preciso avaliar se a doença tem gravidade ou não. Se não houver gravidade, mas a pessoa apresentar fator de risco, ela será medicada. Se houver gravidade, quando a síndrome está combinada com problemas respiratórios, a pessoa será internada na UTI ou na enfermaria”, pontua Rodrigo Daniel.

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Vacina é uma das formas mais eficazes de prevenção

A vacina contra a gripe é uma das formas mais eficazes de prevenção. Composta por vírus inativos da doença, ela estimula a criação de anticorpos que combaterão os vírus em casos de infecção. A dose da vacina oferecida na rede pública é chamada trivalente, pois é eficaz contra os tipos de gripe mais frequentes: os tipos Influenza A H1N1 e A H3N2, além do Influenza B. Em Juiz de Fora, as vacinas contra a gripe estarão disponíveis nas 63 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em outros três postos de vacinação (ver quadro). As unidades ficam abertas das 8h às 17h.

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No dia 12 de maio, sábado, será realizado um “Dia D”. As unidades permanecerão abertas das 8h às 17h exclusivamente para vacinar quem ainda não se imunizou contra a gripe. Na ocasião, além dos 66 postos de vacinação, será montado um posto na Igreja Sagrado Coração de Jesus, localizada na Rua Alberto Vieira Lima 50, no Bairu. A campanha de vacinação vai até o dia 1º de junho, em todo o país. A expectativa é que mais de cinco milhões de mineiros sejam imunizados.

Especialista explica mutações dos vírus

Médico Rodrigo Daniel orienta medidas de prevenção, além da vacina

A orientação é que as pessoas pertencentes ao grupo prioritário sejam vacinadas todos os anos. Isso porque os vírus sofrem constantes mutações. No entanto, conforme explica o chefe do setor de Vigilância em Saúde do HU/UFJF, Rodrigo Daniel de Souza, isso não significa necessariamente que os vírus estão mais fortes, ao contrário de informações falsas que têm circulado em redes sociais. “O vírus nunca é igual ao outro ao longo dos anos, e os tipos se modificam, apesar de levarem o mesmo nome. Por isso, a vacina não é igual às outras. As mutações são extremamente frequentes, por isso é preciso se vacinar todos os anos. Mas a mutação não vai, necessariamente, conferir aumento de virulência ou de gravidade na doença que o vírus causa. Mutação só quer dizer que a frequência genética do vírus é diferente da anterior.”

Ainda segundo o especialista, muitas pessoas acreditam que a vacina oferecida na rede pública é fraca e que aquelas aplicadas em clínicas particulares são mais fortes. No entanto, essa informação não é totalmente verifica. “A vacina da rede pública imuniza contra três tipos da doença, enquanto a vacina da rede particular imuniza contra quatro. Porém, este quarto vírus acomete pouquíssimas pessoas, apenas 4% do total de casos. Então não é uma enorme vantagem buscar uma clínica particular se a pessoa tiver a opção de se vacinar pelo SUS.”

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Apesar de ser considerada de fácil diagnóstico pela população em geral, nem sempre a doença é notificada da forma correta. Por isso, é essencial que, aos primeiros sinais de gripe, as pessoas procurem a unidade de saúde mais próxima de sua casa, principalmente nos casos em que os doentes fazem parte do grupo prioritário. A medida facilita o diagnóstico e direciona o paciente para o tratamento correto, evitando agravamentos e possíveis óbitos. É essencial evitar a automedicação.

 

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