Desde que os primeiros casos da Covid-19 começaram a ser confirmados na cidade, o juiz-forano sofreu mudanças bruscas em sua rotina. Escolas, comércios e shoppings, por exemplo, estão fechados, eventos foram cancelados e empresas autorizaram seus funcionários a trabalharem de suas casas, quando for possível. Mesmo sabendo de todo esse alerta, parte da população não conseguirá cumprir a quarentena recomendada pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Logo, a Tribuna traz um compilado de informações necessárias para que os seus leitores possam se precaver e minimizar os riscos de transmissão da doença enquanto a situação de alerta persistir.
Por que o isolamento social é a medida mais eficaz?
A transmissão do coronavírus pode acontecer independente da pessoa infectada apresentar sintomas como tosse, febre e dificuldade para respirar. Conforme a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), segundo dados apresentados até momento, o período de incubação do vírus pode variar de dois a 14 dias e, durante esse tempo, o vírus tem capacidade de transmissão.
A fundação se baseia na transmissibilidade dos pacientes infectados por SARSCoV, o tipo de coronavírus relacionado à síndrome respiratória aguda grave, que é, em média, de sete dias após o início dos sintomas. Mas, dados preliminares sobre o novo coronavírus (SARS-CoV-2) sugerem que a transmissão possa ocorrer mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas.
Para o médico infectologista chefe do setor de Gestão da Qualidade e Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU/UFJF), Rodrigo Daniel de Souza, a população precisa lembrar que o contágio do novo coronavírus em Juiz de Fora já se encontra em transmissão local, e, em Minas Gerais, em transmissão comunitária. “Neste cenário não basta apenas evitar o contato com pessoas que vieram de zonas de risco. Por isso, o isolamento social é o passo mais importante, pois o distanciamento físico entre as pessoas irá reduzir o número de casos e evitar, assim, um pico de registros, que é o maior problema do coronavírus. Quando há muitos casos acontecendo ao mesmo tempo, isto sobrecarrega o sistema de saúde, que, por sua vez, não consegue absorver todas as demandas, inclusive, as mais graves”, explica.
Como me protejo se precisar sair de casa?
A recomendação dos órgãos de saúde é evitar, ao máximo, sair de casa, a não ser que a necessidade seja ir ao supermercado ou às farmácias, locais cujo funcionamento não foi alterado. Logo, é importante organização para comprar tudo o que precisa em saídas mínimas, mas sempre evitando exageros e mantendo o bom-senso. Outra dica é designar um único membro da família à realização desta tarefa, de preferência, aquele que esteja fora do grupo de risco, formado por idosos e doentes crônicos. Rodrigo ressalta que, ao chegar aos estabelecimentos, deve-se evitar aglomerações e, na fila, manter uma distância segura entre as pessoas. “Caso o responsável por esta função estiver com sintomas, ele deve se deslocar utilizando máscara para evitar a transmissão.”
Tenho que trabalhar e me deslocar utilizando o transporte público, como me resguardar?
Ao se deslocar para o trabalho utilizando o transporte público, a orientação do infectologista é utilizar lenços de papel descartáveis para tocar nas barras dos coletivos, caso seja impossível higienizar as mãos naquele momento.
No ambiente de trabalho, ele recomenda manter o distanciamento entre 1,5m e 2m dos colegas, lavar bem as mãos ou utilizar o álcool em gel. Além disso, deve-se evitar tocar em superfícies.
Segundo a Fiocruz, não se sabe ao certo quanto tempo o novo coronavírus sobrevive em superfícies, mas parece se comportar como os outros coronavírus. Uma série de estudos aponta que a família de coronavírus, incluindo informações preliminares sobre o causador da Covid-19, podem persistir nas superfícies por algumas horas ou até vários dias e isso pode variar de acordo com as condições, como tipo de superfície, temperatura ou umidade do ambiente. Logo, o órgão recomenda limpá-las com desinfetante simples para matar o vírus e proteger a si e aos outros. Depois, limpe as mãos com um higienizador à base de álcool ou lave-as com água e sabão.
Dicas de higienização e assepsia pessoal e da casa
O uso do álcool em gel deve ser designado à higienização das mãos, enquanto que o álcool líquido deve ser aplicado para a higienização de superfícies, segundo Rodrigo. Para a limpeza da casa, ele explica que os produtos desinfetantes comumente usados são recomendados, sobretudo aqueles feitos à base de cloro, substância que tem ação sobre os vírus, assim com soluções com água sanitária. Outra recomendação é manter o ambiente sempre arejado, evitando usar ar-condicionado.
Como se proteger quando há alguém gripado dentro de casa?
Quando um familiar apresenta sintomas suspeitos, segundo o infectologista, ele deve ser mantido separado de outras pessoas e receber todos os cuidados necessários, além de ser estimulado a usar máscara e, também, higienizar as mãos com mais frequência.
Uma vez infectada, a pessoa pode pegar o coronavírus causador da Covid-19 outra vez?
Segundo Rodrigo, quando a pessoa é infectada pelo novo coronavírus e desenvolve a doença (Covid-19), uma vez curada, ela não apresenta mais chances de contrair a doença novamente.
Relações sexuais podem transmitir o coronavírus?
Ainda não há evidências científicas que confirmem o contágio da Covid-19 pelas relações sexuais, contudo, o infectologista lembra que muitas outras doenças são transmitidas por este meio. “Deve-se, então, fazer uso do preservativo”, recomenda.
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