A Secretaria de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) lançou, nesta terça-feira (22), o Plano Municipal de Contingência das Arboviroses. O objetivo é criar métodos e ações que estabeleçam o controle das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O lançamento da estratégia havia sido antecipado pela ex-secretária de Saúde, Ana Pimentel, à Tribuna, em matéria publicada no dia 1º de janeiro e que tratava sobre metas e desafios para 2022, e ocorre conjuntamente ao lançamento do Levantamento do Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa), cujo resultado foi de 2,9, que coloca Juiz de Fora em situação de alerta.
O plano, inédito em Juiz de Fora, vai alinhar políticas públicas de saúde com demais entes, Estado e União, e é considerado uma conquista importante para o município na avaliação do secretário de Saúde da PJF, Ivan Chebli. “É de extrema importância a pactuação dos entes federativos na construção de políticas públicas. É através delas que os municípios conseguem articular as ações estabelecidas nacionalmente e que irão ajudar na saúde local. O Plano de Contingência das Arboviroses é uma demanda antiga do município. Pela primeira vez, Juiz de Fora contará com ações e protocolos próprios, desenvolvidos para analisarmos a situação epidemiológica da região”, destaca o secretário.
Segundo a chefe do Departamento de Vigilância Epidemiológica da secretaria, Louise Cândido, o plano de contingência das arboviroses tem por objetivo descrever uma série de ações que vão ocorrer, principalmente no período epidêmico, entre dezembro e maio, em que tradicionalmente há um aumento no número de casos das doenças. As arboviroses são as doenças causadas por vírus que são transmitidos aos humanos através da picada de mosquitos, como a dengue, zika, febre amarela e chikungunya. O nome arbovirose vem da classificação dos insetos, que possuem patas articuladas, definidos, portanto, como artrópodes.
“Dentro deste plano, que é formado por vários eixos, temos o eixo de vigilância epidemiológica, controle vetorial, assistencial, gestão e comunicação. São descritas várias ações, desde o controle do vetor, como ações de controle do Aedes, de contenção do mosquito, até de prevenção e promoção da saúde, com incentivo a população a combater o vetor, auxiliar nos trabalhos do município”, destaca Louise.
O plano de contingência, de acordo com a Secretaria de Saúde, também vai contar com ações de notificação e acompanhamento do cenário epidemiológico ao longo dos meses. À medida em que há mudanças de cenários, o plano avança de fase, e novas ações são cumpridas. O objetivo é cumprir uma série de ações a fim de monitorar os casos no município.
Denúncias poderão ser feitas de forma on-line
Segundo Chebli, foi também desenvolvido um sistema web de denúncias anônimas sobre focos do Aedes aegypti em Juiz de Fora e região. O sistema tem como finalidade mapear as informações das doenças causadas pelo mosquito: dengue, zika, febre amarela e chikungunya. O MonitorAr pode ser acessado em qualquer navegador, por meio de diferentes plataformas: smartphones, tablets, notebooks e computadores. É um sistema em que as pessoas podem realizar denúncias de locais de criadouros do mosquito.
O principal vetor é o mosquito Aedes aegypti, então uma das ações é justamente atacar os possíveis locais de criadouro do mosquito. “Para isso, contamos com a participação da população, que pode entrar em contato com a prefeitura para denunciar locais com água parada. Aqueles dez minutinhos diários, para verificar onde pode ter água estocada, ainda são importantes, devemos praticar todos os dias”, ressaltou Ivan.
Resultado do LIRAa coloca cidade em situação de alerta
O resultado do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) realizado em Juiz de Fora no fim de janeiro também foi divulgado nesta terça-feira pela Subsecretaria de Vigilância em Saúde, e apontou índice de infestação do mosquito de 2,9% – estado de alerta para dengue. Devido à pandemia de Covid-19, a PJF não realizou o LIRAa em 2021. Já em relação ao ano de 2020, o município registrou queda, sendo que, naquele ano, o LIRAa apontou um índice de 3,6%.
Dessa forma, o plano municipal de contingência para arboviroses passa a ser uma importante estratégia no combate às doenças. O LIRAa consiste em um método simplificado para obtenção rápida de indicadores entomológicos e permite conhecer a distribuição do vetor Aedes aegypti dentro da região. De acordo com Louise, é o principal método de verificação e que norteia as ações do Plano de Contingência das Arboviroses.
“A gente conhece os dados através do LIRAa, conseguimos conhecer a distribuição do vetor dentro do território, dentro do município. Consequentemente, sabemos exatamente quais são as áreas que têm maiores riscos para ocorrência das enfermidades. Em geral, a partir destes dados, a gente faz o planejamento estratégico, do trabalho de campo, do controle vetorial, e com foco nas regiões que estão mais vulneráveis para a ocorrência das doenças”, esclarece.
Com o nível de infestação, a Prefeitura informou que consegue traçar as estratégias de combate, como ações de mobilização social, mutirão de limpeza, vistorias e ações em conjunto de fiscalização, ações educacionais e campanhas de conscientização. “O LIRAa é uma ferramenta que indica de forma rápida e objetiva o índice de infestação do município. Com este índice é possível direcionar as ações de combate e controle de vetores de arboviroses. Este levantamento é realizado pelos agentes de endemias, em todos os bairros do município durante uma semana”, explica Louise.
Minas confirma um óbito por dengue
Minas Gerais registrou a primeira morte por dengue em 2022, de acordo com o boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgado nesta terça-feira (22). O óbito ocorreu na cidade de Espinosa, no Norte de Minas. Sexo e idade da vítima não foram divulgados. Segundo o documento, outras duas mortes cujas causas podem ser pela doença estão em investigação.
Até o último dia 15, Minas Gerais registrou 4.791 casos prováveis (casos notificados exceto os descartados) de dengue. Desse total, 1.289 casos foram confirmados para a doença. Em relação à febre chikungunya, foram registrados 317 casos prováveis da doença, dos quais 30 foram confirmados. Até então, não há nenhum caso de óbito confirmado, ou mesmo investigado, por chikungunya em Minas.
Quanto ao vírus zika, foram registrados nove casos prováveis, sendo três confirmados para a doença. Também não há óbitos por zika em Minas Gerais até o momento.