A primavera, que começa no sábado (23), chega a Juiz de Fora em meio a uma onda de calor intenso que deve elevar os termômetros até 35 graus. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) publicou alerta vermelho de grande perigo, apontando temperaturas 5 graus acima da média, com início nesta quinta-feira (21) e terminando no domingo (24). Nos períodos mais quentes do dia, a umidade relativa do ar fica baixa, podendo trazer riscos à saúde.
A expectativa é que a onda de calor se estenda, pelo menos, até o fim da próxima semana. A projeção do Inmet mostra temperaturas ainda mais elevadas a partir de segunda-feira (25), com máximas que podem ficar próximas aos 40 graus. Para esta sexta (22), os termômetros devem variar de 30 a 25 graus. No Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), onde ficam os equipamentos do 5º Distrito de Meteorologia, a máxima aferida foi de 26,9 graus nesta quinta, com mínima de 16,2.
Primavera mais quente
A estação das flores promete ser mais quente do que o esperado, de acordo com as estimativas climatológicas. O período marca a transição entre a estação seca e chuvosa no Sudeste do Brasil. Segundo explica a climatologista da UFJF, Cássia Ferreira, em função da atuação do El Niño a expectativa é de uma primavera mais quente, com chuvas um pouco acima da normalidade.
Conforme Cássia, a onda de calor que atinge nove estados do país é resultado da atuação de sistemas de alta pressão atmosférica que ficam estacionários em uma mesma região por vários dias. Ela explica que, com o sistema em atuação, as condições de tempo que prevalecem são céu com poucas nuvens, ventos próximos a calmaria e umidade baixa, favorecendo a radiação solar mais intensa, o que eleva a temperatura da superfície. “Agora, no fim do inverno, esta radiação incide de forma mais direta do que no final do outono, por exemplo.”
Este sistema de alta pressão impede a entrada de massas de ar frias no Sudeste. De acordo com Cássia, fenômenos como esse acontecem com frequência no inverno. “A outra onda de calor forte que ocorreu foi no final de setembro de 2020. Segundo as previsões de tempo divulgadas pelo Inmet, esta onda de calor será ainda mais intensa do que a que ocorreu em 2020, na qual as temperaturas máximas do ar em várias localidades do Brasil atingiram valores acima de 45 graus. Elas não são comuns, mas nos últimos 20 anos tivemos um crescimento expressivo de dias com registro de temperaturas acima de 30 graus.”
Cuidados com a saúde
O aumento súbito da temperatura e a baixa na umidade relativa do ar podem afetar a saúde, principalmente de pessoas mais vulneráveis, como crianças e idosos. O médico pneumologista Henrique Binato afirma que essa parcela da população é mais propensa a apresentar sintomas de desidratação, visto que a pele tem menor capacidade de manter a retenção de água.
“A perda de água, com o suor, é a principal maneira que temos de regular a temperatura interna. Quando o tempo está muito quente e seco, a gente perde muita água e temos uma tendência maior a ficar desidratado.” A recomendação é oferecer a todo momento água para crianças e idosos. “Lembrar sempre dos idosos acamados, ou que têm dificuldade de comunicação, e oferecer água a todo momento.”
Uma alerta para o público geral é evitar a prática de exercícios físicos intensos, tanto em locais fechados sem ventilação, quanto no ambiente externo. “A exposição excessiva ao sol, ou a permanência em locais muito abafados, pode levar a uma desregulação no hipotálamo, glândula no nosso cérebro responsável por regular a temperatura.”
Se for preciso ficar ao ar livre, procure sempre uma sombra, de preferência sob a copa de uma árvore. No ambiente interno, mantenha o ventilador ou ar condicionado ligado, caso possível. “É importante lembrar do uso do protetor solar, chapéu e roupas mais claras e leves.”
No caso de sintomas de insolação, como tontura, confusão mental e sensação de desmaio, procurar imediatamente um local mais fresco e arejado. “Lembrar também que os antitérmicos não resolvem sintomas de insolação, pois o aumento da temperatura corporal nesses casos é causado por uma influência externa e não interna.”