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Servidores denunciam intimidação e ameaças

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Três servidores do Hospital de Pronto Socorro (HPS), de 23, 32 e 56 anos, foram ameaçados por uma paciente que estava com uma faca. Acompanhada de um grupo, a mulher ainda teria aguardado os funcionários, sendo duas mulheres e um homem, do lado de fora da unidade para intimidá-los na saída. Os profissionais só conseguiram deixar a unidade em uma viatura da Polícia Militar. O caso foi denunciado ao Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juiz de Fora (Sinserpu). De acordo com a diretora de Saúde do órgão, Deise da Silva Medeiros, os trabalhadores ameaçados ficaram abalados psicologicamente e temem por sua integridade física. O caso aconteceu no Setor Psiquiátrico do HPS, no último dia 14.

Conforme o relato dos servidores ao Sinserpu, a paciente estava internada, sendo encontrados com ela uma faca e um cachimbo para uso de crack. A mulher teria levado advertência em razão do flagrante e começou um tumulto no hospital. De acordo com a denúncia ao sindicato, os guardas municipais foram acionados para proteger o patrimônio. No boletim de ocorrência, as vítimas relataram que foram ameaçadas de morte pela paciente psiquiátrica. Segundo os profissionais, ela afirmou que estava sendo ameaçada por um traficante de sua região, e por isso não queria deixar a unidade, temendo sua morte. Como apontou o documento policial, a paciente teria tumultuado e ameaçado o plantão da ala de psiquiatria, fugindo em seguida e não sendo localizada pela Polícia Militar.

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“A paciente deixou o hospital, mas saiu ameaçando os servidores, dizendo que os mataria. No final do plantão, a mulher voltou acompanhada de uma gangue. O grupo ficou na porta do HPS para intimidar os funcionários”, relatou Deise.

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Ainda segundo a sindicalista, as vítimas acionaram a direção da unidade, mas teriam sido orientadas a ir embora. “Porém, elas não conseguiram sair do hospital por medo e tiveram que chamar a Polícia Militar. Elas saíram por volta das 21h no carro da PM, que as levou até um ponto no Alto dos Passos, de onde cada uma seguiu para casa”, afirmou Deise.

Guarda faz plantão 24 horas

“Esse tipo de ocorrência com ameaças a servidores tem acontecido com frequência no HPS. O Setor de Psiquiatria atende usuários de crack, e a mulher ainda teria feito uso de drogas no local”, afirmou a sindicalista Deise Medeiros, acrescentando que o Sinserpu prestou apoio às funcionárias e irá cobrar da direção do HPS mais segurança para os servidores.

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Em e-mail encaminhado à Tribuna, o Sinserpu divulga o relato das vítimas. No texto, uma das servidoras ameaçadas afirma: “Fiquei com medo, com vergonha de descer de uma patrulhinha e revoltada com o nosso desamparo”. Outra comenta que, quando fez concurso, tinha plena consciência de que sua integridade física poderia ser violada. “Imaginava, porém, que a instituição nos daria a mínima segurança, e isso nos foi negado.”

As vítimas ainda descreveram ao sindicato: “Ficamos à mercê da agressora, que ganhou o reforço de um grupo. Ela chutava as lixeiras e gritava”, contou uma delas. Segundo os trabalhadores, nem mesmo a direção do HPS tomou providências.

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A reportagem entrou em contato com uma das servidoras, 56, que denunciou o caso ao órgão sindical, mas ela alegou que já tinha comunicado os fatos ao sindicato e que, como estava trabalhando, não podia atender a Tribuna. Outros dois boletins de ocorrências foram registrados pela funcionária de 32 anos em 2015 e 2014. Neles, a servidora também relata ter recebido ameaças de morte por parte de pacientes do Setor de Psiquiatria no HPS.

A subsecretária de Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde, Adriana Fagundes, afirmou que, dentro do HPS, a Prefeitura tem a Guarda Municipal que faz plantão 24 horas. A respeito do que foi adotado pela direção da unidade para auxiliar os servidores depois das ameaças, a subsecretária garantiu que a coordenação de enfermagem acompanhou a equipe todo o tempo. “Isso começou por volta das 17h30, e o plantão terminou por volta das 19h. O responsável técnico ficou com eles até as 19h e passou a situação para a coordenação de enfermagem do período noturno, que permaneceu com a equipe. A Guarda Municipal se prontificou a levar os funcionários, já que estavam inseguros, até onde achassem que fosse um lugar tranquilo, e assim foi feito.”

Ela negou que tenha sido a Polícia Militar a responsável por levar os servidores do HPS, mas sim a Guarda Municipal. Adriana ainda ressaltou que o coordenador de enfermagem noturno pegou o carro de uma das funcionárias e levou até onde ela estava para dar suporte à equipe.

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Outros casos em unidades de saúde

A violência contra profissionais da saúde da Prefeitura foi tema de matérias recentes da Tribuna. Em julho, uma Unidade de Atenção Primária à Saúde (Uaps), na Zona Norte, permaneceu fechada por três dias devido à insegurança. Na mesma época, uma técnica de enfermagem do Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente foi agredida por uma mulher que esperava para vacinar o filho. Em agosto, o Sinserpu denunciou a falta de segurança nos setores de saúde da Prefeitura em audiência pública na Câmara.

Na ocasião, a maior preocupação apontada foi a questão da subnotificação de casos de ameaça, agressão e crimes contra o patrimônio nos equipamentos públicos. Também foi cobrada a presença da Guarda Municipal e de policiais militares nas unidades. O encontro contou com as presenças da Polícia Militar, do presidente do Sindicato dos Médicos, Gilson Salomão, do presidente do Sinserpu, Amarildo Romanazzi, do subsecretário de Atenção Primária, Thiago Horta, e do titular da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania, José Armando da Silveira. Todavia, apesar das discussões, nenhuma providência foi tomada até agora, conforme apontou o sindicato. “Nada foi feito, e ainda querem acabar com o horário de permanência da Guarda Municipal no HPS entre meia-noite e 6h, conforme a denúncia que chegou ao sindicato na segunda-feira. O que percebemos é que há um desrespeito com o trabalhador”, afirmou Amarildo Romanazzi.

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